❯❯ Acessar versão original

Indonésia propõe mudar capital que ameaça naufragar

Indonésia propõe mudar capital que ameaça naufragar com aquecimento global

Oficialmente o nome é República da Indonésia. O país tem 270 milhões de habitantes e localiza-se entre dois continentes, Ásia e Oceania. E, ao mesmo tempo, é o maior arquipélago do mundo com nada menos que 17.508 ilhas. Como todos os outros países do mundo, a Indonésia sofre as consequências do aquecimento global. E, neste caso, até mais que muitos outros por dois motivos: um deles é ser um imenso aglomerado de ilhas, o outro, por ser mais um país atrasado que não prestou atenção aos avisos e consequências do maior flagelo que ameaça a vida humana, o aquecimento global. Indonésia propõe mudar capital que ameaça naufragar.

Jacarta
Jacarta. Imagem, www.ndtv.com/world-news.

Mudança da capital

Quem sabe o drama da Indonésia alerte os gestores políticos de Pindorama, que não dão quase pelota ao aquecimento do planeta. Como temos denunciado faz tempo, quase nenhum dos 463 municípios costeiros brasileiros adotou qualquer medida para preparar as cidades para o que já começou: a subida do nível do mar, e os eventos extremos fora de controle.

Ilustração, Earth.org.

Não apenas os municípios costeiros dormem no ponto. Estados importantes e ricos, como Minas Gerais, ou Bahia, também mostram letargia. O resultado foi visto recentemente com a destruição da infraestrutura do sul da Bahia, a morte de cerca de 20 pessoas, e prejuízos bilionários aos cofres públicos.

Depois deste imprescindível parêntesis, voltamos ao drama indonésio. Segundo matéria da Deutsche Welle, ‘O parlamento do país criou uma estrutura legal para transferir a capital da congestionada Jacarta para a selva de Bornéu. O presidente prometeu um paraíso de emissões zero. Os críticos chamam isso de ameaça ambiental’.

Por quê a mudança? Segundo a DW, ‘Jacarta – uma megacidade afundada, congestionada, poluída e propensa a inundações com mais de 10 milhões de habitantes.’

Qualquer semelhança com São Paulo, que também naufraga com chuvas, não é mera coincidência.

PUBLICIDADE

Mudança de Jacarta custará US$ 32 bilhões

Pois é, a imprevidência, e o despreparo,  pioraram a situação dos países ‘em desenvolvimento’, e custam caríssimo. A mudança de Jacarta foi orçada em US$ 32 bilhões de dólares.

Segundo a DW, ‘A construção inicial do projeto, originalmente apresentado pelo presidente  Joko Widodo  em abril de 2019 e programado para começar em 2020, foi prejudicado pela pandemia de coronavírus’.

 

Jacarta afundando.Imagem, https://concretereport.com.

Agora, estradas e portos estarão entre os projetos prioritários de infraestrutura a serem abordados de 2022 a 2024.

Antes da votação que aprovou a transferência, o presidente disse que a nova capital seria um lugar “onde as pessoas estão perto de qualquer destino, onde podem andar de bicicleta e a pé por toda parte porque há emissões zero”.

A partir da mudança tudo será tudo maravilhoso…Como são cínicos os políticos. Sejam parte dos de Brasília, sejam milhares de outros espalhados mundo afora.

Segundo a DW,  ‘Nenhum prazo foi definido para a finalização do projeto, e Jacarta continuará sendo a capital da Indonésia até que um decreto presidencial seja emitido para formalizar a mudança’.

Indonésia muda capital

De Jacarta para Nusantara. Segundo a CNN,Indonésia nomeou sua nova capital Nusantara, enquanto os legisladores aprovam a mudança  para Kalimantan – uma área coberta de selva no leste da ilha de Bornéu’.

PUBLICIDADE

Ilustração: Google.

Segundo a CNN, ‘o novo nome se traduz em “arquipélago” na língua indonésia. E explicou: ‘Preocupações com a sustentabilidade do centro político congestionado e em rápido afundamento de Jacarta levaram à necessidade de uma nova capital, e a Câmara dos Deputados do país aprovou oficialmente um projeto de lei sobre a realocação’.

A CNN contextualiza a localização de Jacarta: ‘Jacarta fica em terreno pantanoso perto do mar – tornando-o especialmente propenso a inundações – e é uma das cidades que mais afundam na Terra, de acordo com o Fórum Econômico Mundial. A antiga capital está caindo no mar de Java a um ritmo alarmante devido à extração excessiva de águas subterrâneas’.

E no Brasil?

Não será diferente. É apenas questão de tempo para os problemas se agravarem ainda mais. Não basta a seca no Sul e Centro Oeste do País que pode nos custar  R$ 45,3 bilhões de reais na próxima safra.

Brasil ou Jacarta? Jacarta, mas que as palafitas lembram Santos, Recife, ou cidades da região Norte, isto lembram. Imagem, You Tube.

Segundo o canalrural.com.br, ‘Até 19 de janeiro, ao menos 200 municípios gaúchos e as 79 cidades sul-mato-grossenses tinham decretado situação de emergência devido à seca, segundo a Defesa Civil. Os produtores rurais pedem rolagem de dívida e linhas de crédito sem juros’.

Palafitas do Recife. Acervo MSF.

Eventos extremos e seus custos ainda mais ‘extremos’

A academia alerta, mas os entorpecidos  gestores políticos  fazem pouco deles, quando não os demitem por advertirem para episódios que de fato aconteceram.

Dique da Vila Gilda, a maior favela de palafitas do País fica em Santos, SP. Nestas condições moram 26 mil pessoas. Imagem, Diário de Pernambuco.

Especialistas em Saúde recomendam a  vacinação contra a peste que nos assola, apoiados maciçamente pela ciência, mas o principal mandatário faz troça, e diz que ‘há tarados por vacinas’ dentro de seu próprio governo!

Por que motivo, com exemplos como estes, os prefeitos deveriam se ocupar em preparar suas cidades para enfrentarem o aquecimento global?

PUBLICIDADE

Não por outro motivo, a orla do Recife, importante capital do Nordeste, aos poucos se dissolve; dos 26 Estados brasileiros, mais o Distrito Federal, apenas cinco têm metas de redução de emissões; enquanto isso, o litoral brasileiro passa por grande decadência, com parte dos prefeitos se lixando para aquecimento, e comandando a especulação imobiliária.

O Brasil e os eventos extremos

Curiosamente no mesmo dia em que publicamos este post o jornal O Estado de S.Paulo traz na capa a matéria ‘Brasil tem o maior número de emergências em cinco anos’. Na abertura do texto a informação:

“A um mês e meio do fim da estação chuvosa, o Brasil já tem o maior número desabrigados – 61.786 pessoas – e de decretos de emergência por causa dos temporais (1.302) dos últimos cinco anos. Até agora, Minas e Bahia são os Estados mais afetados, com 51 mortes, deslizamentos, bairros submersos e ameaças de rompimentos de barragens. Para especialistas, os números expõem a intensidade e a frequência crescentes de eventos extremos, causados pelas mudanças climáticas, além da vulnerabilidade socioeconômica das vítimas.”

Poderia ser diferente? Infelizmente, sim, poderia se tivéssemos  gestores melhor preparados.

Pense nisto neste ano de eleições.

Imagem e abertura: www.ndtv.com/world-news.

Fontes: https://www.canalrural.com.br/noticias/agricultura/seca-causa-prejuizo-de-r-45-bi-para-o-agro-em-quatro-estados/; https://www.dw.com/en/indonesia-a-step-closer-to-moving-capital-city-as-jakarta-sinks/a-60466692; https://edition.cnn.com/travel/article/indonesia-nusantara-new-capital-intl-scli/index.html.

Adrien de Gerlache, primeiro a invernar na Antártica

Sair da versão mobile