Costa Rica falha ao não proteger áreas marinhas, só um por cento de sua ZEE – Zona Econômica Exclusiva está protegida
Pois é, a fama da Costa Rica de ‘líder ambiental e de conservação’ é tão grande que esquecemos que nem tudo são rosas no país da América Central. A Costa Rica falha ao não proteger áreas marinhas de sua ZEE – Zona Econômica Exclusiva, especialmente ao redor das águas extraordinariamente biodiversas do Parque Nacional da Ilha Cocos, Patrimônio Mundial da UNESCO, a 330 milhas (532 quilômetros) do litoral da Costa Rica; e ainda um dos melhores points do mundo para o mergulho.
Costa Rica falha ao não proteger áreas marinhas especialmente sua joia maior, a Ilha de Cocos
Localizada no leste do Pacífico, a 300 milhas ao sudoeste de Cabo Blanco, ela é uma ilha íngreme, mas incrivelmente verde, um Patrimônio Mundial, segundo a UNESCO. E é também a joia espetacular na coroa de muitos parques nacionais na Costa Rica, é ali que fica o Parque Marinho ilha de Cocos. Em 1994, depois de várias visitas, Jacques Cousteau teria dito que “Cocos, é a mais bela ilha do mundo”.
O Parque Nacional está localizado na ponta de uma antiga montanha vulcânica isolada pelo Pacífico. Ele foi colonizado ao longo de vários séculos e é fechado por um manto de densa floresta tropical. Várias espécies lá encontradas evoluíram depois que chegaram, transformando-se em formas nativas únicas que não podem ser vistas em nenhum lugar da Terra. Essas espécies são conhecidas como endêmicas. A Ilha dos Cocos é a única parte visível de uma cordilheira submarina que se eleva a 1.500 metros do fundo do mar. A ilha é feita de rocha vulcânica preta com penhascos íngremes e coberta por cachoeiras e vegetação exuberante.
Ilha de Cocos e a ressurgência
A ilha é cercada por águas oceânicas profundas pontuadas por pináculos altos e paredes íngremes de recife. Esta mudança repentina na topografia causa ressurgências ricas em nutrientes, que por sua vez atraem inúmeras espécies pelágicas. Existem cerca de 20 locais de mergulho diferentes em Cocos, e os avistamentos potenciais variam de grandes cardumes de peixe esportivo como o atum; para golfinhos, tartarugas e raias manta, além de tubarão-baleia, e moreias gigante. Os tubarões são a principal atração. Os visitantes regulares incluem tubarões-galápagos, tubarões-touro, tubarões-tigre, tubarões-de-seda e tubarões-de-recife. Um dos locais de mergulho mais famosos, Bajo Alcyone, é conhecido mundialmente por seus vastos cardumes de tubarões-martelo. Visibilidade de 10 a 30 metros.
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Cocos Island é o lar de pelo menos 27 espécies de peixes endêmicas. A vida terrestre em Cocos também exibe elevado número de espécies endêmicas. Há cerca de 70 das 235 espécies de plantas vasculares identificadas no mundo, cerca de 25 espécies de musgo. Há cerca de 350 espécies de insetos, e cerca de 90 espécies de aves. A ilha também tem dois répteis nativos.
Com tanta riqueza não protegeu por quê? A força dos pescadores, saiba por quê
Há dois anos, o ex-presidente da Costa Rica, Luis Guillermo Solis, fez notícia internacional ao se comprometer com uma expansão de 4.000 milhas quadradas da área marinha protegida em torno das águas extraordinariamente biodiversas do Parque Nacional da Ilha Cocos. A região rica em tubarões é atormentada por operações ilegais de pesca e matança de tubarões. Mas ao deixar o cargo em maio passado, Solis não conseguiu aprovar a proteção que os conservacionistas dizem ser necessária.
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Enric Sala critica presidente que fala mas não faz
“Os líderes políticos devem ser responsáveis por seus compromissos, disse Enric Sala, Explorador Residente da National Geographic que trabalhou com funcionários da Costa Rica por vários anos na conservação dos oceanos. A proposta de área marinha protegida (MPA) teria beneficiado os pescadores da Costa Rica a longo prazo, mas os interesses de pesca locais ameaçaram fechar os portos e Solís recuou, disse Sala.” É sempre assim, como dizemos com freqüência, parece não haver força no mundo capaz de domar a pesca industrial, um dos maiores lobbies internacionais de quem se tem notícia. E onde, Enric Sala sempre denuncia, a corrupção anda desembestada.
No entanto, há esperança de que o novo governo do país traçará curso diferente. Em recente reunião nos escritórios da National Geographic Society, o recém-eleito presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, indicou que quer acrescentar cinco novas áreas marinhas protegidas (MPAs).
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Assim a definiu o pesquisador Enric Sala para quem “a ilha dos Cocos é um dos lugares mais incríveis do mundo. Deslizar sob a água em torno de Cocos é como viajar de volta no tempo de 400 ou 500 anos. Época em que os oceanos estavam cheios de uma incrível variedade e abundância de criaturas, incluindo monstros marinhos, como tubarões-baleia de 60 pés e raias gigantes de 20 pés de diâmetro”.
Acessível apenas por uma viagem de barco de 35 horas, esta localização remota – combinada com as correntes ricas em nutrientes que colidem com as montanhas submarinas – tem grandes populações de predadores oceânicos, especialmente tubarões como os tubarões-martelo.
Cocos, como destino de pesca ilegal
“Esta localização erma, faz de Cocos um destino importante para o mergulho, mas também para as frotas de pesca. O afastamento da região dificulta a prevenção da pesca ilegal. E mesmo a pesca legal pode invadir a zona restrita ou prejudicar a vida selvagem (espécies não visadas) na área. A pesca com espinhel usa uma linha principal que pode se estender por 30 milhas ou mais, com até 12.000 anzóis pendurados em ramais de vários comprimentos. A zona interditada de pesca ao redor de Cocos é pequena, com 12 milhas náuticas de diâmetro, e os long lines (espinhais gigantes) costumam flutuar bem dentro de suas fronteiras – capturando não apenas tubarões e atuns, mas também tartarugas, aves marinhas e dezenas de outras espécies.”