Cidades flutuantes sustentáveis serão o nosso futuro?
“No mês de abril de 2019, Nova Iorque sediou a primeira conferência sobre cidades flutuantes sustentáveis, sob patrocínio da ONU, e coordenada por Marc Collins Chen, CEO da OCEANIX; o professor Nicholas Makris, do MIT Center for Ocean Engineering; e Richard Wiese, presidente do Explorers Club. Para os organizadores, “as cidades flutuantes podem fazer parte do nosso novo arsenal de ferramentas. Por exemplo, por causa da mudança climática, as cidades estão cada vez mais em risco de inundações. Em Bangcoc, o terreno de algumas partes da cidade afundam cerca de dois centímetros por ano, segundo estimativas, enquanto o nível do mar no Golfo da Tailândia está subindo.“
Populações urbanas hoje
De acordo com os organizadores do evento, “as populações urbanas em crescimento estão empurrando cada vez mais as pessoas para perto da água.”
Mais de 50% da população mundial, estimada em 7.4 bilhões de pessoas, vive no litoral. “Em Lagos, Nigéria (pop. estimada em 7.9 milhões de pessoas) as classes pobres responderam à falta de terra, transferindo a crescente população para aldeias flutuantes nos arredores da cidade.”
Obs: No Brasil ocorre o mesmíssimo problema, como todos sabemos. Seja em Santos, Rio ou Recife, assim moram milhares de pessoas.
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De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), cerca de 64 milhões de pessoas no mundo foram obrigadas a se deslocar por conta das mudanças climáticas.
E mais de 216 milhões de pessoas poderiam se mudar dentro de seus países até 2050 em seis regiões, de acordo com o último relatório Groundswell do Banco Mundial. Estes dados demonstram o quão grave é o problema que, no Brasil, não é levado a sério.
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Discurso na COP 26 dentro do mar
Em um gesto de grande eloquência, e que já entrou para a história, o ministro das Relações Exteriores de Tuvalu, Simon Kofe, fez seu discurso para a conferência das Nações Unidas em Glasgow mergulhado na água do mar até os joelhos para mostrar como sua nação insular do Pacífico (assim como muitas outras) está na linha de frente da mudança climática.
Não é para menos. O nível de CO2 da atmosfera bateu novo recorde em 2020, mesmo com a diminuição da atividade econômica devido à Covid-19. O Relatório do IPCC de 2019 não deixa dúvidas sobre a catarse que será o aumento do nível do mar nos próximos anos.
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Segundo o seminário sobre as cidades flutuantes, “os desafios enfrentados por essas e outras cidades são assustadores, mas não intransponíveis. No entanto, precisaremos de novas ferramentas e abordagens para enfrentar os desafios que teremos nas próximas décadas. As cidades Flutuantes Sustentáveis nos dão a oportunidade de planejar como construímos, vivemos, trabalhamos etc.”
Alguns exemplos
“Cidades como Seattle, Jacarta e Cidade do México abriram caminho para os mercados de casas flutuantes por algum tempo.” O Mar Sem Fim lembra que há dezenas de resorts cinco estrelas, ou seja, para poucos, que utilizam a tecnologia das casas flutuantes incrementadas com muito luxo.
O mar, aos poucos, começa a ser ‘colonizado. ‘Hoje, ilhas artificiais são construídas por vários países, seja para fins turísticos, ou geopolíticos. A questão seria conseguir um preço extremamente baixo para um determinado modelo de moradia, que pudesse ser aplicado aos casos das populações excluídas.
O modelo da Oceanix
No evento de Nova Iorque a empresa Oceanix apresentou alguns modelos. A cidade seria constituída por inúmeras plataformas hexagonais que podem conter cerca de 300 moradores.
Os hexágonos são considerados uma das formas arquitetônicas mais eficientes. Ao projetar cada plataforma como um hexágono, os construtores esperam minimizar o uso de materiais. Cada grupo de seis plataformas é considerado pelos designers como uma espécie de “aldeia”, que abarcaria 10 mil habitantes.
Esta ideia de cidades flutuantes, ou até mesmo aldeias submarinas já foram defendidas até mesmo pelo grande Jacques Cousteau. Projetos futurísticos, e caríssimos, portanto inviáveis até o momento, também já foram expostos mostrando como seriam. E agora existem até mesmo experiências com fazendas subaquáticas que estão em produção.
Busan, Coréia do Sul, e as cidades flutuantes
A cidade de Busan, na Coréia do Sul, em parceria com a ONU-Habitat, e a empresa de tecnologia Oceanix assinaram contrato para construir um protótipo desta cidade do futuro.
Com uma população de 3,4 milhões, Busan pode não se qualificar como uma megacidade, mas é a maior cidade portuária da Coréia do Sul. A cidade não é apenas vulnerável ao aumento do nível do mar; também foi atingida por tufões e inundações nos últimos anos, tornando-se um local ideal para o experimento vital.
A cidade foi projetada pelo Bjarke Ingels Group e consiste em uma série de plataformas hexagonais modulares que flutuam na água. Ela será capaz de acomodar inicialmente 10.000 pessoas e produzirá sua própria comida (como vieiras e algas), energia e água potável graças a um sistema de circuito fechado totalmente integrado que não gera resíduos.
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Enquanto isso, a UN-Habitat irá coletar e analisar dados da cidade flutuante e usar os resultados para desenvolvimentos futuros. Um comunicado assinado pelos envolvidos no projeto alerta que as enchentes estão destruindo bilhões de dólares em infraestrutura e forçando milhões de refugiados do clima a deixar suas casas.
Cidades flutuantes sustentáveis são parte do arsenal de estratégias de adaptação climática disponíveis para nós”, afirmou Maimunah Mohd Sharif, diretor executivo da ONU-Habitat, que trabalha com governos, agências intergovernamentais, agências da Organização das Nações Unidas (ONU).
Busan não é a única cidade a flertar com o futuro em razão do aquecimento global. Recentemente mostramos uma ideia da Sony que prevê o futuro e a forma como os seres humanos viverão em Tóquio: em cápsulas flutuantes.
Imagem de abertura: Oceanix
Fontes: https://www.un.org/press/en/2019/dsgsm1269.doc.htm; https://www.noticiasvip.com.br/meio-ambiente/conheca-oceanix-a-primeira-cidade-flutuante-e-a-prova-de-desastres/14915/.