Celacanto: redescoberto em 1938, ainda vive nos oceanos
A aparência do celacanto pouco mudou desde o período Devoniano. Ele é considerado um fóssil vivo — um sobrevivente capaz de se adaptar ao longo de milhões de anos. Com cerca de 400 milhões de anos de história, essa espécie ainda nada nos oceanos de hoje.
Conheça a espécie de 400 milhões de anos
A National Geographic conta que, por décadas, acreditava-se que o celacanto havia desaparecido junto com os dinossauros, há 65 milhões de anos. Mas, em 1938, um curador de Museu na África do Sul encontrou um exemplar vivo em uma traineira de pesca. A descoberta surpreendeu o mundo e reacendeu debates sobre o papel desse peixe enigmático na evolução dos vertebrados terrestres.
Outra matéria da mesma National Geographic informa que o peixe pode viver até 100 anos, cinco vezes mais do que se pensava até então. E, segundo Kelig Mahe do IFREMER, instituto francês de pesquisa oceânica e autor do novo estudo, ‘a duração da gestação das fêmeas dura cinco anos, e elas não atingem a idade adulta antes dos 55 anos’.
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaPor conta desse ciclo de vida extremamente lento e da baixa taxa de reprodução, os celacantos estão criticamente ameaçados. Se um indivíduo morre antes de se reproduzir, ele deixa de contribuir para uma população já em declínio, alerta Mahe.
Os celacantos africanos provavelmente geram entre três e 30 filhotes a cada cinco anos. Isso os torna “particularmente sensíveis a qualquer perturbação”, afirma o pesquisador. Mahe agora quer investigar como o aquecimento dos oceanos pode impactar a sobrevivência da espécie.
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Celacantos escaparam de muitas extinções — mas correm risco hoje
Segundo Kathrin Lampert, do Departamento de Biodiversidade, Evolução e Ecologia Animal da Universidade Ruhr, na Alemanha, os celacantos sobreviveram a inúmeras extinções ao longo dos últimos 400 milhões de anos. Mas, agora, podem desaparecer se não houver ações para protegê-los.
Para entender melhor essa espécie, uma equipe de geneticistas analisou 71 indivíduos da costa leste da África. Eles pertencem à classe dos sarcopterígios — peixes de nadadeiras lobadas — que hoje conta com apenas duas espécies vivas: Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis, ambas no Índico.
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O estudo revelou baixa diversidade genética, mas também identificou padrões genéticos exclusivos de certas regiões geográficas.
Populações da espécie: raras e profundas
Só existem duas espécies conhecidas de celacanto. Uma vive perto das Ilhas Comores, na costa leste da África. A outra foi encontrada nas águas de Sulawesi, na Indonésia.
Para muitos cientistas, o celacanto representa um elo importante na evolução — um estágio inicial na transição dos peixes para animais terrestres de quatro patas, como os anfíbios.
Esses peixes vivem em águas profundas, geralmente a até 700 metros abaixo da superfície. São grandes e imponentes: podem chegar a 2 metros de comprimento e pesar até 80 quilos.
O celacanto vai continuar a se adaptar
Pesquisadores identificaram duas populações distintas de celacantos nas águas da África do Sul e da Tanzânia. Já os exemplares das Ilhas Comores pertencem a dois grupos geneticamente diferentes.
Essas descobertas mostram que, embora a evolução dos celacantos seja lenta, ela continua em curso. A espécie ainda se adapta, pouco a pouco, às mudanças do ambiente marinho.
Tubarões também desafiaram a extinção
Assim como o celacanto, os tubarões existem há centenas de milhões de anos — e também enfrentam risco de extinção. Esses predadores do topo da cadeia alimentar já sobreviveram a pelo menos duas grandes extinções naturais.
Assista ao vídeo
Fonte: https://www.nationalgeographic.com/animals/article/primitive-coelacanth-fish-lives-to-a-hundred; https://www.nationalgeographic.com/animals/fish/facts/coelacanths.