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Áreas marinhas protegidas na Antártica são barradas

Áreas marinhas protegidas na Antártica são barradas por Rússia e China

A pesca industrial é uma das atividades mais insustentáveis do planeta. Com indecentes subsídios da ordem de US$ 35 bilhões de dólares por ano, ela não respeita sequer o continente dedicado à pesquisa e à ciência. Faz nove anos que novas áreas marinhas protegidas na Antártica são sistematicamente barradas por Rússia e China. Em outubro terminou  mais uma reunião, desta vez virtual, da Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártica – CCAMLR entidade criada em 1982 como parte do Tratado da Antártica, que se reúne anualmente no modelo das Nações Unidas.

imagem de orcas na Antártica
Orcas na Antártica.

Reunião internacional propunha três novas áreas protegidas

A CCAMLR é formada por 26 países e, em suas regras, uma nova área protegida teria que ser aprovada por todos. Mais uma vez, Rússia e China fizeram oposição para as três propostas que estavam na mesa.

Uma das funções da CCAMLR é a de conservar a vida marinha em todo o continente antártico e administrar de forma sustentável os estoques de peixes. Até hoje existem apenas duas áreas marinhas protegidas na região. Uma no Mar de Ross, e outra ao redor das Ilhas Orkney do Sul, ao norte da Península Antártica.

As três propostas na mesa

A reunião deste ano incluiu propostas para três AMPs adicionais: uma ao largo da costa da Antártica Oriental, uma no Mar de Weddell e uma ao redor da Península Antártica.

O krill, um pequeno camarão é a base da cadeia alimentar. Imagem, Krill666 – Uwe Kils.

Os pesquisadores estão preocupados com o aquecimento global, a pesca, e outras atividades humanas na Antártica, especialmente com o decréscimo das populações de krill.

Populações de krill, um dos tesouros da Antártica

O krill é peça fundamental do equilíbrio das espécies marinhas do oceano austral. Trata-se de um crustáceo, uma pequena espécie de   camarão, que constitui um elo essencial na cadeia alimentar marinha servindo de alimento para 25% das espécies na diversificada rede alimentar antártica: caranguejos, baleias, focas e pinguins, aves marinhas, e alguns tipos de peixes.

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Até passado recente alguns cardumes de krill podiam ter centenas de quilômetros quadrados de tamanho e serem visíveis do espaço. Mas o aquecimento, a pesca, e a poluição são algumas das ameaças que sofrem.

De acordo com a NOAA, ‘a Península Antártica é um dos lugares com aquecimento mais rápido do planetaA região também é o centro da pesca industrial do krill antártico, um crustáceo  usado em suplementos de óleo ômega-3, ração para aquicultura e isca para pesca’.

Chile e Argentina apresentam proposta para proteger a Península Antártica

A sugestão para a criação da área marinha protegida na península antártica foi apresentada por Chile e Argentina, e tem base científica. Segundo o pewtrusts.org ‘um estudo, publicado na revista  Scientific Reports, analisou os efeitos da concentração da pesca em partes do Oceano Antártico e as condições ambientais, relacionadas às mudanças climáticas, em três espécies de pinguins – Adélies, barbicha e gentoos – que servem como sentinelas da saúde do ecossistema mais amplo na região da Península Antártica’. 

‘Liderada por George Watters, PhD, diretor da Divisão de Pesquisa do Ecossistema Antártico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do Southwest Fisheries Science Center, a pesquisa destaca a necessidade de proteger melhor este ecossistema remoto, mas crítico’.

A Scientific American concorda: ‘Ao mesmo tempo, a pesca do krill em torno da península está aumentando. Alguns cientistas expressaram preocupação com o fato de que a combinação do aumento da pesca e das mudanças climáticas pode ser uma grande ameaça à vida marinha da Antártica’.

A pesca em escala industrial na Antártica

Depois que o ser humano quase exterminou as focas, leões marinhos, e baleias atrás do óleo no século 19, a pesca industrial passou a visar a Antártica nos anos 70 do século passado, começando com frotas de arrasto, a pior modalidade da pesca. Foi neste período que começou a pesca do krill.

A pesca com espinhel é de meados da década de 1980.  Os espinheis vão atrás do Toothfish Patagonian (também conhecido como robalo chileno), que resultou na captura acidental de espécies de pássaros como albatrozes e petréis que se afogam quando capturados nas linhas.

Foi em razão deste descontrole que foi criada a CCAMLR. De acordo com o site discoveringantarctica.org,   ‘as capturas de krill atingiram um pico de mais de 500.000 toneladas em 1981/2. Depois que a frota soviética parou de operar no início dos anos 1990 (com a queda da União Soviética), a captura de krill caiu drasticamente. A captura atual de krill é de pouco mais de 100.000 toneladas por ano.

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Pela posição adotada na última convenção, fica evidente o objetivo da Rússia em voltar ao krill.

Imagem de abertura: MSF orcas, Antártica

Fontes: https://www.pewtrusts.org/en/research-and-analysis/articles/2020/02/20/off-antarctic-peninsula-concentrated-industrial-fishing-for-krill-is-affecting-penguins; https://www.scientificamerican.com/article/antarctic-commission-rejects-proposed-marine-sanctuaries/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=earth&utm_content=link&utm_term=2020-11-11_top-stories&spMailingID=69166009&spUserID=MzgxNTI2NDc0MDExS0&spJobID=2001216953&spReportId=MjAwMTIxNjk1MwS2; https://discoveringantarctica.org.uk/challenges/sustainability/overfishing/.

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