Aquecimento global com Jefferson Cardia Simões
Este ano, mais uma vez, o clima prega sustos na comunidade mundial. Após uma semana sob as temperaturas mais quentes já registradas na história, entre 6 e 13 de fevereiro, parte da Antártica derreteu, literalmente. Na base argentina Marambaio, na Península Antártica, pesquisadores brasileiros mediram a maior temperatura já registrada na história da Antártica em 9 de fevereiro de 2020. Nesta data que não será esquecida, os termômetros bateram 20,7°C! Enquanto isso, em janeiro de 2019, o New York Times repercutiu um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences cujo título era Greenland’s Melting Ice Nears a ‘Tipping Point,’ Scientists Say, em tradução livre, O derretimento do gelo na Groenlândia se aproxima de um ‘ponto crítico’, dizem os cientistas. Nosso tema de hoje é Aquecimento global com Jefferson Cardia Simões.
Aquecimento global com Jefferson Cardia Simões
Ele é o mais renomado glaciologista brasileiro. Conhecido e respeitado no Brasil e exterior. Mas o que levou alguém que nasceu num País tropical estudar glaciologia?
Jefferson está preocupado e mostra que o aquecimento global está saindo do controle. “Temos que fazer o máximo para mitigar”.
E sobre o descaso do cidadão comum, que reclama do aquecimento nas redes sociais, mas não muda seus hábitos? Jefferson fala sobre isso, e dá sua opinião a respeito do controle de natalidade, um assunto tabu na mídia mundial. “Se não fizermos nada a situação vai piorar ainda mais.”
O seu automóvel, por exemplo, você sabe quanto ele gasta de combustível? Pensa sobre isso quando vai trocar de carro? E quanto ao consumo, você consome de forma responsável, ou é um dos muitos compulsivos?
Estes, e outros assuntos, como o ‘ponto de inflexão’ na Groenlândia, e os recordes de calor na Antártica; a nova base brasileira na Antártica, e a ajuda da Marinha do Brasil nas pesquisas na região.
Jefferson também alertou para ‘as mudanças geopolíticas no hemisfério Norte em razão do aquecimento’. E, para ele, o Acordo de Paris já foi para o saco. Temos que pensar em outro.
Para saber como os cientistas encaram a questão, convidamos Jefferson Cardia Simões.
Conheça Jefferson Cardia Simões
Professor titular de Glaciologia e Geografia Polar da UFRGS, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, é o pioneiro da ciência glaciológica no Brasil e atualmente é Vice-Presidente do Scientific Committee on Antarctic Research/Conselho Internacional de Ciências (SCAR/ISC). Ele obteve seu PhD pelo Scott Polar Research Institute, University of Cambridge, Inglaterra, em 1990. É pós-doutor pelo Laboratoire de Glaciologie et Géophysique de l’Environnement (LGGE) du CNRS/França e pelo Climate Change Institute (CCI), University of Maine, EUA.
Graduação e pós-graduação
Leciona e orienta alunos de graduação e pós-graduação em Geociências e Geografia (38 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado aprovadas). Toda sua carreira foi dedicada às Regiões Polares, tendo publicado 180 artigos, principalmente sobre processos criosféricos.
PROANTAR
Pesquisador do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). É consultor ad-hoc da National Science Foundation – NSF (Office of Polar Programs). Simões já participou de 23 expedições científicas às duas regiões polares, criou o Centro Polar e Climático da UFRGS, a instituição que lidera no Brasil a pesquisa sobre a neve e o gelo.
Testemunhos de gelo
Ele coordena a participação brasileira nas investigações de testemunhos de gelo antárticos e andinos e faz parte do comitê gestor da iniciativa International Partnerships in Ice Core Sciences (IPICS). Em 2007 recebeu o Prêmio Pesquisador Destaque da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) por sua contribuição à pesquisa antártica.
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera
Atualmente é o coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (INCT da Criosfera) e professor colaborador do CCI/University of Maine, Orono, EUA. No verão de 2011/2012 liderou a expedição que instalou o laboratório científico latino-americano mais ao sul do Planeta, o módulo Criosfera 1.
Imagem de abertura: pt.wikipedia.or.
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