APA/ESEC de Guapimirim: o último pedaço de mangue ‘protegido’ da baía de Guanabara
Uma das Unidades de Conservação federais marinhas mais importantes do Rio de Janeiro é a APA/ESEC de Guapimirim que ‘protege’ o último remanescente de manguezal que cerca a fétida baía de Guanabara, o cartão postal brasileiro que conseguimos destruir.
Quando visitei a UC, na última série para a televisão, fiquei bem impressionado com o trabalho, apesar das fortes pressões do entorno. Não são poucas. Favelas, municípios paupérrimos, e até o complexo petroquímico do Rio, Comperj, ficam no entorno da Unidade de Conservação.
O Mar Sem Fim recebe denúncia de abandono na APA/ESEC de Guapimirim
Semana passada o Mar Sem Fim recebeu denúncia de moradores de São Gonçalo, município pobre da região metropolitana do Rio, com mais de 1.000.00 de habitantes e situado na divisa da Unidade de Conservação. São Gonçalo, como diz nossa fonte,
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A Comperj, gigantesco complexo petroquímico do Rio de Janeiro, é outra pressão, e também fica próximo a Unidade de Conservação.
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A denúncia diz que a Petrobras, depois de abrir a estrada para a chegada ao complexo, abandonou a pista que virou lixão. Por dia são despejados 20 caminhões de lixo. Nestes locais forma-se uma sopa mortal conhecida como chorume. Quando chove, para onde vai parar este caldo macabro? Na baía de Guanabara, e na área que deveria ser protegida, lógico.
Nosso denunciante flagrou caminhões de lixo, que não seriam de São Gonçalo, despejando resíduos sólidos no local.
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Não há vida capaz de suportar tamanha poluição.
A fonte do Mar Sem Fim diz que
O lixão de Itaoca acabou quando teve esse teatro político de despoluição da baía de Guanabara, acabou o do Gramacho também, há 4 anos. Prometerem muito na época. Mas depois de acabarem o lixão de Itaoca começaram a proliferar os clandestinos…
E nosso amigo mostrou mais uma prova…
O entrono da Unidade de Conservação, e mesmo dentro dela, virou depósito de lixo e chorume até em áreas de mangue.
A palavra do chefe da UC APA/ESEC Guapimirim
Imediatamente após receber a denúncia, entrevistei o chefe da UC, Maurício Barbosa Muniz. Corajoso, ele não titubeou:
Quanto a situação descrita, a denúncia procede.Com a desativação do Lixão de Itaoca, que foi uma conquista da gestão das UC´s, uma séria de vazadouros ilegais de lixo surgiram no entorno, já que o processo de desativação pecou por não encontrar formas de inserir os catadores em outras atividades econômicas. Soma-se a isto o fato da região ser uma das mais carentes da área metropolitana do RJ e totalmente dominada pelo poder paralelo, pois ali está instalado o Complexo do Salgueiro.
Vistorias feitas por equipes da Unidade de Conservação são recebidas por bandidos armados de fuzis
Nenhuma instituição pública consegue ter uma ação sistemática no local, pela insegurança geral, mas não deixamos de monitorar e realizar vistorias no local (mesmo colocando nossas equipes em risco, que já foram abordadas por indivíduos de fuzil).
Equipe da UC denunciou os problemas para a prefeitura, o Ministério Público e INEA, mas nada foi feito
Essas mesmas denúncias foram encaminhadas por nós, após realização de visitas técnicas ao local, aos órgãos competentes: Prefeitura de SG, MPRJ, MPF e INEA.
a questão é muito mais complexa, e acho injusto direcionar a gestão das Unidades de Conservação, um problema que muito antes de ser ambiental, é social, de saúde pública, de segurança pública etc…
O Mar Sem Fim concorda com o chefe da APA/ESEC de Guapimirim
Infelizmente não é só no Rio de Janeiro que as autoridades tapam seus olhos para os problemas reais. A maioria prefere cuidar de interesses pessoais. O caso do Rio é emblemático. O devasso ex- governador Sérgio Cabral, cara-de- pau, comprava jóias nas lojas mais famosas da cidade com dinheiro vivo…Hoje está na cadeia, como se sabe. Outro ex- governador também frequenta as cadeias do estado, acusado de compra de votos. Antony Garotinho, cuja mulher também (des)governou o estado, é mais um que ignorou os problemas da população carente. O resultado é este: o Rio de Janeiro quebrado, sem conseguir pagar os funcionários públicos, e áreas mais pobres se afundando na pobreza. Quanto ao meio ambiente, ora, o meio ambiente que se vire!
O último pedaço de mangue que merece este nome está em perigo
O último mangue não totalmente destruído que cerca da Baía de Guanabara é tão importante que mereceu duas Unidades de Conservação superpostas. Em 1984 foi criada a APA, Área de Proteção Ambiental. Como este tipo de UC é muito permissivo e não garantia a proteção efetiva, em 2006 foi criada no mesmo local a Estação Ecológica, ou ESEC, que é mais restritiva. Mesmo assim, ao que parece, não adiantou. Esta última parcela de mangue está com seus dias contados.
Mais uma vez, quando chove, o chorume transborda, e mata tudo que estiver sobre seu alcance. Uma judiação descobrir o estado calamitoso do “último pedaço de mangue preservado”da Baía de Guanabara.
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APA/ESEC de Guapimirim: ajude a pressionar as autoridades do Rio de Janeiro
O Mar Sem Fim vai encaminhar esta matéria para o INEA, a prefeitura de São Gonçalo, o Ministério Público do Rio, e o de São Gonçalo, e à presidência da OAB, RJ. Faça o mesmo você também. Seguem abaixo os links para os quais a matéria deve ser encaminhada:
INEA: ouvidoria@inea.rj.gov.br
MinisMinistério Público de São Gonçalo: http://www.mpf.mp.br/rj/municipios/sao-goncalo
Ministério Público do Rio de Janeiro: http://www.mprj.mp.br
Prefeitura de São Gonçalo: ouvidoria@pmsg.rj.gov.br
Governo do Estado do Rio de Janeiro: falecomagente@rj.gov.br
Saiba por que são importantes as Unidades de Conservação marinhas.