APA de Cairuçu, litoral do Rio de Janeiro – Parte 2
APA de Cairuçu, litoral do Rio de Janeiro – Parte 2: a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu abrange uma grande área, começando na fronteira com São Paulo, em Trindade, e englobando toda a península de Paraty, totalizando 32 mil hectares.
A unidade de conservação marinha, que tem plano de manejo, foi criada em 1983 e engloba 63 ilhas. Um terço delas, infelizmente, é ocupado.
A APA de Cairuçu, que fica na região de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, ainda enfrenta forte especulação imobiliária. O superadensamento, a falta de serviços públicos como saneamento básico, e ainda o turismo de massa.
A pressão imobiliária na APA de Cairuçu
Não demorou para surgir um nome citado por todas as fontes que entrevistei: Gibrail Nobiliarcos, morador de Paraty que, de uma hora para outra, passou a dizer-se “dono” de quase todas as praias da região. De Martim de Sá, na parte de fora da Ponta da Juatinga, até Pouso da Cajaíba, passando pelas praias do Saco do Mamanguá, da Cotia, e outras.
Aos poucos, mas sempre perseverante, Gibrail e seus descendentes expulsaram os caiçaras. Um bom exemplo é a Praia Grande de Cajaíba. No passado recente abrigava 45 famílias hoje reduzidas a duas. Apenas dona Dica, e a família de Adelino Gil, ambos donos de bares na praia, resistiram.
Depoimento mais chocante foi de dona Dica
Conversei com ambos. O depoimento mais chocante foi de dona Dica que, septuagenária, chegou às vias de fato com o neto do especulador, Marcelo Nobiliarcos. Ele, entre outras agressões, ” tirou o pinto pra fora e mijou nas minhas pernas”, contou dona Dica.
O golpe baixo não se resumiu à grotesca pantomima. Marcelo invadiu o casebre de nossa amiga e colocou o cimento, com que ela cobriria sua casa, ao relento. Com a chuva dona Dica perdeu cem por cento do material que tantos pastéis lhe custou fritar (acepipe vendido aos turistas em seu bar).
Assista à primeira parte de nossa visita à APA de Cairuçu.