Amazônia 2020-2021, e o legado do ‘ex-ministro’ do Meio Ambiente
‘Um desastre para o Brasil, a imagem das balsas no rio Madeira; é um desastre para o País“, palavras de Marcello Brito, uma das lideranças mais lúcidas do agronegócio, presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) em webinar organizado pela Fundação FHC em 25 de novembro. E mais adiante, disse Brito: “Precisamos reconhecer que a imagem do Brasil lá fora é muito ruim, porque foi um desastre a política ambiental nestes últimos três anos.” Post de opinião, Amazônia 2020-2021, e o legado de um irresponsável.
Amazônia 2020-2021, e o legado de um irresponsável
O mentor da política ambiental, todos sabem, é o presidente da República. Mas o executor foi o irresponsável e neófito desministro Ricardo Salles, que sempre foi ligado à ala conservadora e minoritária do agronegócio, mas dizia agir em nome de todo o importante segmento da economia.
Aí está o resultado. Nas palavras de um dos líderes do setor, e nas fotos inimagináveis dos garimpeiros à solta pelo Amazonas, destruindo rios, poluindo, aliando-se ao narcotráfico, e sentindo-se empoderados graças à leniência da gestão ambiental.
Marcello não é o único, ao contrário, Pedro de Camargo Neto, outra liderança do agronegócio, criticou severamente Ricardo Salles desde a famosa reunião da ‘passada da boiada’.
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Não foram os únicos a criticar a política ambiental de Jair Bolsonaro
Outro ilustre brasileiro a criticar o desatino ambiental, foi o ex-embaixador (nos Estados Unidos) Rubens Barbosa, presidente do IRICE, no artigo Amazônia, o El Dorado da ilegalidade, publicado em 10/5/2022, no O Estado de S. Paulo.
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Primeiro parágrafo : ‘A ausência de uma efetiva política governamental de combate aos ilícitos na Amazônia nas áreas de desmatamento, queimadas e garimpo, inclusive nas terras indígenas, é o principal fator para a percepção negativa do Brasil no exterior e para a baixa credibilidade do País’.
Possível boicote internacional
Até hoje o acordo UE-Mercosul não foi assinado e, provavelmente, o impasse deve perdurar. Uma de nossas maiores aliadas, a conciliadora Angela Merkel, deixou o governo. Em seu lugar entrou Olaf Scholz, numa coalização que envolve o Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde (3º mais votado na disputa de setembro passado) e o Partido Liberal Democrático (FDP).
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Para piorar, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou em 4/12/2021 que, ‘Ambientalistas do Canadá partiram para o ataque contra a compra de carne brasileira produzida em terras da Amazônia. O argumento principal das críticas é o aumento do desmatamento para a criação de gado na região’.
‘No alvo, um acordo de livre comércio Canadá-Mercosul, negociado com o Brasil, que permitiria um aumento de US$ 1,8 bilhão por ano no negócio’.
Na mesma matéria, ‘De olho no tema ambiental brasileiro, o jornal The New York Times publicou dias atrás reportagem com foco na compra de couro do gado criado em terras devastadas da Amazônia para uso na indústria de carros dos EUA, material que ganhou destaque no Pulitzer Center.’
Devemos agradecer ao inepto Ricardo Salles por mais este ‘feito’.
Desmatamento recorde na Amazônia
Depois de três anos de gestão amadora, não poderia ser diferente. Salles é ignorante no assunto, só foi conhecer a Amazônia depois de alçado ao cargo. Desinteressado, nunca teve curiosidade em conhecer a maior floresta tropical do planeta.
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Agora o Inpe mostra que o desmatamento na Amazônia cresceu 30% em 2020, batendo o recorde dos últimos dez anos! Os dados eram conhecidos do governo que mais uma vez omitiu os fatos na COP 26, como já é mais que sabido.
O desmatamento somou 13.235 km2 no período 2020-2021, o maior valor desde 2005-2006 (14.286 km2), de acordo com o sistema de monitoramento Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
É o terceiro aumento consecutivo desde que Bolsonaro assumiu. Para Marcello Brito, ‘o agro tem mais a oferecer que estes 13 mil km2 de desmatamento que o mundo vê’. E concluiu: ‘Culpa nossa. O agro faz a sua parte, mas o Estado, não’.
A repercussão internacional da irresponsabilidade de Ricardo Salles
Ela não fez por esperar. Em 19 de novembro a BBC publicou, Brazil: Amazon sees worst deforestation levels in 15 years (Brasil: Amazônia vê piores níveis de desmatamento em 15 anos); no mesmo dia o Washington Post saiu com a manchete: Brazil’s Amazon hit by worst deforestation since 2006 (Amazônia brasileira atingida pelo pior desmatamento desde 2006).
O mais influente jornal do mundo, o New York Times também abriu manchete no mesmo dia: Amazon Deforestation Soars to 15-Year High (Desmatamento na Amazônia subiu mais que nos últimos 15 anos); O Le Monde, o mais influente da França estampou, Au Brésil, la déforestation s’accélère encore plus (No Brasil desmatamento acelera ainda mais).
Eis aí, parte da obra do caçador de comunistas. O Brasil, o comércio exterior, e o agronegócio que paguem a conta.
Enquanto isso, a esta altura Salles faz comentários (só podem ser cômicos) em uma emissora de rádio, enquanto espera o momento para concorrer ao Senado nas eleições de 2022. Que perca mais uma vez, já que todas as vezes que tentou se eleger não conseguiu.
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13.235 km2 a menos de floresta Amazônica
Ao todo foram 13.235 km2 a menos na Amazônia Legal, de agosto de 2020 até julho de 2021, um crescimento de cerca de 22% em relação aos doze meses anteriores.
Amazônia 2020-2021 e a falta de fiscalização, obra de Ricardo Salles
A explicação para a explosão é a falta de fiscalização das ilegalidades na Amazônia, seja na grilagem de terras públicas, seja na invasão e destruição das TIs, seja pelo garimpo ilegal.
As multas do Ibama, que Bolsonaro prometeu acabar desde que foi pego em flagrante pescando onde não poderia, chegaram ao menor patamar nos últimos 17 anos.
Levantamento do MapBiomas, e do Observatório do Clima, mostra que o Ibama fez 2.472 autuações de agosto do ano passado até julho deste 2021.
A Associação dos Servidores de Carreira do Meio Ambiente diz que ‘isto se deve ao enfraquecimento dos órgãos de fiscalização, Ibama e ICMBio’, e, mais adiante, lembrou que uma ‘Instrução Normativa publicada em abril de 2021’, mais uma obra do irresponsável Salles, ‘tirou a autonomia dos fiscais em campo’.
Surpreendente é ainda ter apoio…
Nada do que publicamos acima é surpreendente. Estava escrito que aconteceria desde a eleição passada. Surpreendente mesmo é que ainda haja, cada vez menos, é verdade, quem defenda este desgoverno, e o intolerável novo cômico de emissora de rádio.
Assista ao vídeo publicado pela cnbc.com em novembro de 2021
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Imagem de abertura: Silas Laurentino
Fontes: http://www.ascemanacional.org.br/ascema-nacional-reforca-importancia-de-combater-o-garimpo-ilegal-e-alerta-para-desinformacao-sobre-situacao-no-rio-madeira/; https://www.poder360.com.br/meio-ambiente/garimpo-ilegal-de-ouro-atrai-familias-e-cria-cidade-flutuante-no-rio-madeira-dw/; https://www.istoedinheiro.com.br/brasil-registra-desmatamento-recorde-na-amazonia-nos-ultimos-15-anos/; https://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/blog-da-garoa/devastacao-da-amazonia-poe-carne-na-mira-no-norte/; https://www.nytimes.com/2019/12/05/world/americas/amazon-fires-bolsonaro-photos.html; https://www.cnbc.com/2021/11/19/deforestation-in-brazils-amazon-rainforest-hits-15-year-high.html; https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,apoio-do-agronegocio-a-bolsonaro-em-2018-foi-questao-de-momento-diz-presidente-da-cna,70003920760.