Zelândia, continente quase todo oculto pelo mar
‘A Zelândia, com extensão de cinco milhões de quilômetros quadrados, estende-se do extremo sul da Nova Zelândia até a Nova Caledônia e a oeste até uma área na costa nordeste da Austrália. Fez parte da Austrália até cerca de 75 milhões de anos atrás, quando começou a se separar e mover-se para nordeste. Esse movimento parou há 53 milhões de anos. Assim, os cientistas descobriram lentamente a massa de terra, quase totalmente submersa, ao longo das últimas duas décadas’. Assim o New York Times descreveu a novidade.
“É muito emocionante esta exploração. Temos um continente inteiro ainda inexplorado”
Estas foram as palavras de Rupert Sutherland, professor da Universidade Victoria de Wellington, ao NYT, antes de iniciar uma viagem exploratória em julho de 2017.
De lá para cá, muitas foram as descobertas. Para a BBC, em matéria de setembro de 2023, a ideia de que ‘o mundo é formado por sete continentes sempre foi um erro’.
Os cientistas sabiam dessa terra extra ao sul faz tempo, mas ela ficou escondida por 375 anos, principalmente porque está quase toda coberta por 1-2 km de água. Agora, eles estão começando a descobrir o que tem por lá.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemCOP29, no Azerbaijão, ‘cheira à gasolina’Município de Ubatuba acusado pelo MP-SP por omissãoVerticalização em Ilha Comprida sofre revés do MP-SPO supercontinente Gondwana
Segundo a BBC, acredita-se que a Zelândia se formou há uns 83 milhões de anos, no Cretáceo Superior. Mas a jornada dela começou uns 100 milhões de anos antes, quando o supercontinente Gondwana, que era um gigante, começou a se desfazer, dividindo a maior parte das terras que temos hoje.
Neste mês, a BBC informou que uma equipe internacional de pesquisadores lançou os mapas mais detalhados da Zelândia até agora, abrangendo todos os cinco milhões de quilômetros quadrados desta área subaquática e sua geologia. Nesse processo, eles encontraram pistas sobre como esse continente misterioso se formou.
PUBLICIDADE
Conforme Gondwana se desintegrou, esse continente menor e mais novo do mundo se formou por conta própria. Enquanto as áreas do antigo Gondwana que ficavam ao noroeste e sudoeste se transformaram na Austrália e na Antártica, respectivamente.
A rede inglesa diz que o oceano sobre o que chamamos de Zelândia é bem menos profundo do que a região ao redor, o que sugere que não era suportado por uma placa tectônica, como a maioria dos oceanos do mundo, mas sim por uma placa continental.
Leia também
Laboratório subaquático em 3D para estudar os oceanosData Centers Submersos: A Revolução Tecnológica que Abraça os OceanosA Inteligência Artificial e a exploração submarinaA evidência que realmente convenceu apareceu em 2017, quando os cientistas reuniram várias informações, como o tipo de rochas que tinha e a sua espessura em relação às placas oceânicas que geralmente são mais finas. Isso tudo levou à proposta de que realmente se trata de um novo continente.
O quanto ainda temos que aprender sobre a Terra
Fica evidente o quanto ainda temos a descobrir sobre o nosso planeta. Pra ter uma ideia, só em 2021 é que a National Geographic reconheceu o quinto oceano da Terra, o oceano Austral. É o único oceano que circunda um continente inteiro, ao contrário dos outros.
A excepcional revista Fapesp também abriu espaço para comentar. E explica de forma simples as partes visíveis do oitavo continente: Não é Atlântida, ilha lendária que teria afundado. Mas Zelândia, um continente real, situado no sudoeste do oceano Pacífico, cujo território encontra-se 94% submerso. Entre os 6% que estão acima do nível do mar, destacam-se as duas ilhas que formam a Nova Zelândia (inspiração para o nome do continente) e o arquipélago da Nova Caledônia.
Segundo a Fapesp, a sugestão de tratar essa extensa porção da crosta terrestre como um continente, à semelhança da África, América do Norte, América do Sul, Antártica, Austrália e Eurásia, partiu de uma equipe liderada por Nick Mortimer, do GNS Science, que é o nome atual do antigo Instituto de Ciências Geológicas e Nucleares da Nova Zelândia.
De acordo com a revista, a Zelândia, apesar de estar principalmente sob o Oceano Pacífico, tem as principais características geológicas e geofísicas que a tornam semelhante às áreas da crosta continental, em contraste com a crosta oceânica. Sua composição é basicamente granítica, que é mais “leve” do que a da crosta oceânica, que é formada por basalto.
Definição dos continentes
Mais uma vez, quem explica é a revista Fapesp: A Terra é o único planeta do Sistema Solar cuja crosta é dividida em dois tipos, a continental e a oceânica. Ao movimento das placas tectônicas, os geólogos atribuem o surgimento da crosta granítica, ou seja, dos continentes. Além dessa definição geológica de continente, há também outras, como as geográficas e as geopolíticas.
Vivendo e aprendendo. Sempre!
Assista à animação e saiba mais
O que Singapura pode ensinar ao Brasil de Lula e Marina Silva?