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Vinte petroleiras mais poluidoras do mundo, saiba quais

Vinte petroleiras mais poluidoras do mundo, responsáveis por 35% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa

As vinte petroleiras mais poluidoras, juntas, são responsáveis por 35% de todas as emissões de combustíveis fósseis mundiais entre 1965 e 2017. Ao todo, elas lançaram mais de 480 bilhões de toneladas dióxido de carbono (CO2) e metano na atmosfera no período. Enquanto as emissões globais de CO2 e metano atingiram 1,35 trilhão de toneladas. Os dados são de um estudo realizado pelo Climate Accountability Institute (CAI), recentemente divulgado. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos baseada no Colorado, Estados Unidos. Ela é considerada uma das principais pesquisadoras do mundo sobre os impactos da indústria de petróleo e gás nas mudanças climáticas.

No ranking das vinte petroleiras mais poluidoras, Petrobras está na vigésima posição

O estudo gerou um ranking das vinte petroleiras mais poluidoras, emissoras de gases de efeito estufa, os principais responsáveis pelo aquecimento global e elevação dos níveis dos oceanos (Saiba o que diz relatório do IPCC). Em primeiro lugar está a estatal petrolífera da Arábia Saudita. A Saudi Aramco, com 59,26 bilhões de toneladas ou 4,38% das emissões globais. Ela é seguida pela norte-americana Chevron, com 43,34 bilhões de toneladas; 3,20% do total. Em terceiro, está a russa Gazprom, com 43,23 bilhões de toneladas (3,19%). A brasileira Petrobras aparece na 20ª colocação. Ela emitiu 8,67 bilhões de toneladas, 0,64% do total mundial de emissões. Entre as 10 maiores poluidoras, estão mais duas empresas latino-americanas. A mexicana Pemex, 9º lugar; e a Petroleos de Venezuela (PDVSA), 10º.

90% das emissões são provenientes do uso

“A lista global das vinte petroleiras mais poluidoras usa a produção anual relatada pela empresa de petróleo, gás natural e carvão e depois calcula quanto do carbono e metano nos combustíveis produzidos é emitido para a atmosfera em toda a cadeia de suprimentos. Da extração ao uso final. Ele (o estudo) constatou que 90% das emissões atribuídas aos 20 principais culpados pelo clima (aquecimento global) são provenientes do uso de seus produtos. Entre eles gasolina, combustível de aviação, gás natural e carvão térmico.” Os outros 10% são relativos à extração, refino e entrega dos combustíveis acabados, explica o The Guardian. O jornal  publicou os resultados da pesquisa com exclusividade. E publicou também no mesmo dia um artigo de Richard Heede, autor da pesquisa.

Ameaça à saúde e bem-estar da população mundial

Segundo Heede, as empresas de combustíveis fósseis são “moral e legalmente obrigadas a advertir que o uso continuado de combustíveis de carbono ameaça a saúde e bem-estar” da população mundial. Ele diz, no artigo, que as companhias deveriam acelerar a conversa sobre como reduzir essa ameaça. “Em vez disso, o setor investe, há décadas, milhões em negação e ofuscação do (prejuízo ao) clima. Fazem isso a fim de adiar ações legais. E evitar a perda de participação de mercado. Ao mesmo tempo, empresas de petróleo, gás natural e carvão se beneficiam, há décadas, de centenas de bilhões em subsídios governamentais. Essa ajuda incentiva o desenvolvimento de combustíveis fósseis, bem como preferências regulatórias e outros custos financiados pelos contribuintes. Entre eles proteção militar para rotas de navegação”, ressalta o pesquisador. Doze das vinte petroleiras são estatais.

Líderes políticos sabiam dos impactos desde 1965…

Heede explica porque 1965 foi o ano escolhido como o ponto de partida do estudo, em entrevista ao The Guardian. Pesquisas recentes revelaram que, nessa fase, o impacto ambiental dos combustíveis fósseis já era conhecido por líderes políticos e da indústria, principalmente nos Estados Unidos. “Em novembro de 1965, o presidente Lyndon Johnson divulgou um relatório de autoria do Environmental Pollution Panel of the President’s Science Advisory Committee, que definia o provável impacto da produção continuada de combustíveis fósseis no aquecimento global.”

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… e as indústrias também previam mudanças climáticas

“No mesmo ano, o presidente do Instituto Americano de Petróleo disse em sua reunião anual: ‘Uma das previsões mais importantes (do Environmental Pollution Panel of the President’s Science Advisory Committee) é que o dióxido de carbono está sendo adicionado à atmosfera da terra pela queima de carvão, petróleo e gás natural. A essa taxa, até o ano 2000, o balanço térmico será tão modificado que possivelmente causará mudanças acentuadas no clima além dos esforços locais ou nacionais.’”

As vinte petroleiras mais poluidoras: “maior falha de mercado que o mundo já viu”

Para Heede, “as principais empresas, entre elas as vinte petroleiras mais poluidoras, e associações da indústria estavam cientes ou deliberadamente ignoraram a ameaça das mudanças climáticas. Isso aconteceu devido ao uso contínuo de seus produtos desde o final dos anos 50. No geral, as empresas são beneficiárias do que o economista climático Nicholas Stern chamou de ‘maior falha de mercado que o mundo já viu’. Precisamos eliminar subsídios e preferências regulatórias. E precificar o carbono para ‘internalizar’ os vastos custos de danos climáticos. Hoje eles são pagos principalmente por pessoas que não causaram o problema, como os agricultores de hoje e os filhos de amanhã.”

Mundo tem menos 12 anos para evitar consequências do aquecimento global

Dessa maneira, Heede pretende concentrar a responsabilidade das emissões nas empresas. E não somente no consumidor de combustíveis fósseis. “Apesar de consumidores globais, de indivíduos a empresas, serem os emissores finais de dióxido de carbono, nós nos concentramos nas empresas de combustíveis fósseis que, em nossa opinião, produziram e venderam esses combustíveis a bilhões de consumidores. Pior, com o conhecimento de que seu uso conforme previsto pioraria a crise climática”, afirmou Heede, à BBC (nada supera o aquecimento global nos últimos 2 mil anos). “Segue um aviso da ONU, de 2018, de que o mundo tem apenas 12 anos para evitar as piores consequências do aquecimento global descontrolado. E restringir o aumento da temperatura a 1,5° C acima dos níveis pré-industriais.”

As vinte petroleiras mais poluidoras precisam se alinhar ao Acordo de Paris

Para o pesquisador, “as empresas que ‘valorizam sua licença social para operar’ devem respeitar a ciência climática. Gerenciar os riscos corporativos de acordo com isso. E ‘se comprometer em reduzir a produção futura de combustíveis fósseis e suas emissões’ em alinhamento com o Acordo de Paris. Heede também diz que as empresas deveriam direcionar seus investimentos para combustíveis renováveis e de baixo carbono. ‘As empresas liderando essa transição irão prosperar. E as que ficarem para trás irão perecer’, afirma”.

Banco de dados tem 100 empresas de combustíveis fósseis

Heede diz que informações geradas pela instituição são usadas “por cientistas e modeladores de clima para atribuir impactos climáticos (como aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos) a cada uma das 100 empresas de combustíveis fósseis” que constam no banco de dados do CAI. “É usado por advogados que buscam indenizações de empresas específicas por custos para proteger ou reconstruir residências e infraestruturas vulneráveis da elevação do nível do mar, inundações ou outros efeitos atribuíveis das mudanças climáticas.”

O que dizem as vinte petroleiras mais poluidoras

O The Guardian tentou ouvir o posicionamento das vinte petroleiras mais poluidoras. Mas nem metade respondeu. “Alguns argumentaram que não eram diretamente responsáveis ​​pela forma como o petróleo, gás ou carvão extraídos eram usados ​​pelos consumidores. Várias alegações contestadas de que o impacto ambiental dos combustíveis fósseis era conhecido no final da década de 1950. Ou que a indústria trabalhava coletivamente para adiar a ação. A maioria disse explicitamente que aceitou a ciência climática. E alguns afirmaram apoiar as metas estabelecidas no Acordo de Paris para reduzir as emissões e manter o aumento da temperatura global em 1,5° C acima dos níveis pré-industriais. Todos apontaram os esforços que estavam fazendo para investir em fontes de energia renováveis ​​ou de baixo carbono. E disseram que as empresas de combustíveis fósseis tinham um papel importante a desempenhar na abordagem da crise climática”, afirma a publicação.  Veja abaixo o que as empresas disseram.

Petrobras, compromisso de crescimento zero das emissões até 2025

“A Petrobras acompanha a evolução da ciência do clima e seus desdobramentos sobre os sistemas energéticos, sociais e econômicos há mais de 15 anos. A companhia monitora as oportunidades que as novas regulações e as inovações tecnológicas ensejam em termos de novos produtos e modelos de negócios.

Em suas operações, a Petrobras tem buscado aplicar tecnologias que têm como consequência direta a redução da intensidade de carbono, com resultados significativos já alcançados: desde 2008, já foram reinjetadas 9,8 milhões de toneladas de CO2 dos campos de pré-sal na Bacia de Santos. Até 2025, a companhia projeta reinjetar cerca de 40 milhões de toneladas de CO2. Entre 2009 e 2018, foi evitada a emissão de mais de 120 milhões de toneladas de CO2, o que equivale a dois anos de emissões totais da Petrobras.

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Segundo melhor desempenho em emissões relativas

Atualmente, a Petrobras apresenta, dentre as grandes produtoras de óleo e gás natural, o segundo melhor desempenho em emissões relativas (CO2/barril) nas atividades de exploração e produção.

Crescimento zero das emissões operacionais

A Petrobras assumiu o compromisso de crescimento zero das emissões operacionais no horizonte até 2025 (ano base 2015), mesmo com o aumento da produção, firmando metas de redução de intensidade de emissões de 32% na exploração e produção de petróleo e 16% no refino.

Adicionalmente, a Petrobras investirá, até 2023, US$ 350 milhões em linhas de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de CCUS (Carbon Capture Utilization and Storage), biocombustíveis avançados, eólica offshore e energia solar.”

Shell, bilhões de dólares investidos em novas tecnologias

“Concordamos que são necessárias ações agora sobre as mudanças climáticas, por isso apoiamos totalmente o Acordo de Paris. E a necessidade de a sociedade fazer a transição para um futuro de baixo carbono. Já investimos bilhões de dólares em uma variedade de tecnologias de baixo carbono, desde biocombustíveis, hidrogênio e energia eólica, até carregamento de veículos elétricos e soluções inteligentes de armazenamento de energia. Enfrentar um desafio tão grande quanto a mudança climática exige uma abordagem verdadeiramente colaborativa em toda a sociedade. Estamos comprometidos em fazer nossa parte, abordando nossas próprias emissões e ajudando os clientes a reduzirem as suas.”

ExxonMobil, reduzir as emissões de gases é questão global

“As notícias afirmam que chegamos a conclusões definitivas sobre as mudanças climáticas décadas antes de os especialistas do mundo simplesmente não serem precisos. Acreditamos que a mudança climática é uma questão séria. E que serão necessários esforços de empresas, governos e consumidores para realizar ações significativas. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa é uma questão global e requer participação e ações globais.”

Chevron, apoio à conversa “honesta”

“A Chevron está tomando medidas para lidar com as mudanças climáticas. A empresa investe em tecnologia e oportunidades de negócios de baixo carbono que poderiam reduzir as emissões de gases de efeito estufa, continuando a produzir energia acessível, confiável e sempre mais limpa para apoiar o progresso social e econômico. Apoiamos uma conversa honesta sobre como equilibramos o fornecimento de energia para um mundo em crescimento, o desenvolvimento econômico e o meio ambiente.”

PetroChina, redução de 25% das emissões até 2020

“Implementamos a estratégia de desenvolvimento de baixo carbono proposta pelo governo chinês. Assim, nos esforçamos para ser o fornecedor de energia limpa. E o promotor da transição de baixo carbono da sociedade. Por fim compartilhamos as práticas de controle de gases de efeito estufa com os pares da indústria e todos os outros segmentos da sociedade.

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Propusemos a meta de 2030 para o desenvolvimento de novas energias, especificando que a receita do setor representará aproximadamente 10% de nosso total até 2030. A empresa também apresentou o objetivo de desenvolvimento de baixo carbono. Com isso visa reduzir as emissões de CO2 por unidade de valor agregado industrial em 25%, em comparação com 2015, até 2020. Até 2030, continuaremos a aumentar o fornecimento de gás natural. E outras energias limpas, assegurando que a produção doméstica de gás natural represente 55% da empresa energia primária doméstica, a fim de controlar efetivamente a emissão de gases de efeito estufa.”

Total, fornecimento de energia com menos carbono

“A Total está plenamente consciente dos desafios representados pelas mudanças climáticas, reconhece publicamente o vínculo entre gases de efeito estufa e mudanças climáticas há várias décadas. E nunca se envolveu em ‘campanhas de desinformação’. Ficaríamos gratos se você, portanto, se abstivesse de alegar que a Total se envolveu em campanhas de desinformação. Essa é uma alegação totalmente infundada. Pelo contrário, e há muitos anos, a Total integra preocupações com as mudanças climáticas no desenvolvimento de sua estratégia.

De fato, nosso desafio é aumentar o acesso à energia. Fazemos isso para satisfazer as necessidades de uma população em crescimento. E fornecemos soluções concretas que ajudarão a limitar os efeitos das mudanças climáticas. E, ainda, oferecendo um mix de energia que diminui progressivamente a intensidade do carbono.

No que diz respeito ao estudo do Climate Accountability Institute, é preciso fazer uma distinção entre as emissões resultantes diretamente de nossas atividades. E as que resultam do uso dos produtos que disponibilizamos aos nossos clientes, que não controlamos. As emissões resultantes de nossas atividades representam aproximadamente 10% do total. O restante é relacionado ao uso de nossos produtos por nossos clientes.”

ConocoPhillips, redução voluntária de quase 7 milhões de toneladas

“Enquanto trabalhamos para encontrar e fornecer energia com segurança ao mundo, abordar questões relacionadas ao clima é uma alta prioridade. Reconhecemos que a atividade humana, incluindo a queima de combustíveis fósseis, está contribuindo para o aumento das concentrações de gases de efeito estufa (GEE). E estes gases podem levar a mudanças adversas no clima global. Embora as incertezas permaneçam, continuamos a gerenciar as emissões de GEE em nossas operações. E a integrar atividades e metas relacionadas às mudanças climáticas em nosso planejamento de negócios.

Nossa empresa reduziu voluntariamente as emissões em quase 7 milhões de toneladas por ano desde 2009. Isso é significativo quando colocado em contexto. Esse número de redução não inclui reduções obrigatórias. Nossas emissões totais operadas são de cerca de 20 milhões de toneladas por ano. Temos uma meta de longo prazo para reduzir nossa intensidade de emissões de GEE de 5 a 15% até 2030. A meta está sujeita a revisões. E ajustes periódicos à medida que progredimos. Temos uma posição de longa data sobre mudanças climáticas. E continuamos a integrar atividades e metas relacionadas às mudanças climáticas em nosso planejamento de negócios.”

BHP, defensora do Acordo de Paris

“A BHP é uma defensora muito forte e consistente do Acordo de Paris. E, mais recentemente, da posição do IPCC 1.5° C. A BHP nunca se esquivou de suas responsabilidades em relação ao CO2 e às mudanças climáticas. De fato, temos sido um dos mais fortes. Se não o mais forte defensor e ator proativo do setor em abordar nossas próprias operações. Bem como pesquisar, financiar e promover tecnologias, práticas e políticas para mitigar os impactos ambientais de nossas atividades.

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A empresa destacou um anúncio este ano em que seu executivo-chefe, Andrew Mackenzie, disse que a BHP estava estabelecendo um programa de investimentos climáticos de US$ 400 milhões. Isso, para desenvolver tecnologias para reduzir as emissões de suas operações e as geradas pelo uso de seus recursos.

Nos próximos cinco anos, esse programa ampliará as tecnologias de baixo carbono. Elas são essenciais para a descarbonização de nossas operações. Isso impulsionará o investimento em soluções baseadas na natureza. E incentivará ações coletivas adicionais sobre as emissões do escopo três… Precisamos assumir uma função de administração de produtos para emissões em toda a nossa cadeia de valor. E nos comprometer a trabalhar com remetentes, processadores e usuários de nossos produtos para reduzir o escopo três de emissões.”

Peabody Energy, tecnologia é vital para o avanço das soluções

Peabody reconhece que as mudanças climáticas estão ocorrendo. E que a atividade humana, incluindo o uso de combustíveis fósseis, contribui para as emissões de gases de efeito estufa. Também reconhecemos que o carvão é essencial para uma energia acessível e confiável. E continuará a desempenhar um papel significativo no mix global de energia no futuro próximo. Peabody vê a tecnologia como vital para o avanço das soluções globais de mudança climática. E a empresa apoia tecnologias avançadas de carvão para impulsionar a melhoria contínua em direção ao objetivo final de emissões quase nulas do carvão.”

Fontes: http://climateaccountability.org/publications.html; http://climateaccountability.org/pdf/CAI%20PressRelease%20Top20%20Oct19.pdf; https://www.bbc.com/portuguese/geral-49992174; https://www.theguardian.com/commentisfree/2019/oct/09/fossil-fuel-giants-greed-carbon-emissions; https://www.theguardian.com/environment/2019/oct/09/revealed-20-firms-third-carbon-emissions?CMP=share_btn_link.

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