Algas calcárias: duas questões antes do início
Não há dúvida que o novo século assistirá a ampliação da exploração de recursos marinhos não vivos como já acontece com o petróleo. As algas calcárias são mais um deles.
Os recursos pesqueiros estão minguando. Cientistas publicaram artigo na Science prevendo que a pesca industrial tem data para acabar (em razão da sobrexplotação, poluição, desaparecimento de habitats, etc): 2048.
Algas calcárias
Estes dias o Mar Sem Fim conversou com dois especialistas: Alex Schmitz Du Mont, oceanógrafo, e João Manoel Lima Monteiro, biólogo, um dos primeiros mergulhadores a conhecer toda a plataforma continental brasileira.
Pesquisando na net descobrimos o artigo de Eduardo Araia, “As riquezas do fundo do mar: a nova fronteira da mineração”, que coloca em perspectiva a questão da exploração de recursos minerais.
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a resposta à exploração mineral submarina só avançou com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982, que estabeleceu os princípios gerais da sua exploração
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No passado havia obstáculos tecnológicos hoje, em parte, superados. Atualmente o Brasil tem programas dedicados ao tema. Um deles é o Leplac comandado pela Marinha do Brasil. Objetivo: “ pleitear junto à ONU a soberania brasileira sobre a área da plataforma oceânica situada fora da zona econômica exclusiva (a reivindicação foi atendida em 81%)”.
REMPLAC
Outro programa é o Remplac, criado para mapear os recursos minerais marinhos – com exceção do petróleo- nos 4,5 milhões de quilômetros quadrados da plataforma continental brasileira.
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De acordo com o artigo de Eduardo Araia,
o Remplac responde pelos grandes projetos de pesquisa de mineração marinha desenvolvidos no Brasil. Dois deles dedicam-se à busca de pedras preciosas: ouro na região da foz do Rio Gurupi, entre o Pará e o Maranhão, e diamantes na costa baiana, na foz do Rio Jequitinhonha (em cuja bacia, em Minas Gerais, foi extraída quase toda a produção diamantífera do país até os anos 1980).
Algas calcárias
O assunto de hoje são as algas calcárias no Banco Davis. Alex e João Manoel são especialistas. Mapearam a região descobrindo jazidas espantosas. Eles encaminharam ao site parte de seus estudos, filmes, e explicações sobre os variados usos deste mineral. São muitos, e surpreendentes.
O Banco Davis fica em águas internacionais, entre a cidade de Vitória (a 340 KM do porto de Vitória) e a ilha de Trindade. E tem uma extensão aproximada de 30 por 50 KM (equivale ao tamanho da cidade de São Paulo).
Suas jazidas já eram conhecidas. De acordo com Alex e Manoel no livro “O desafio do Mar”, do Almirante Paulo Moreira da Silva, publicado em 1970, está escrito que
existe em nosso país um produto orgânico abundante sobre a plataforma continental quase toda, de Cabo Frio para cima: Uma alga calcária, o Lithothamniun, que absorve tão vorazmente o carbonato de cálcio, e magnésio que, sufocado por ele, morre. O calcário acaba depositado em forma granulada recamando a plataforma.
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Alex e João Manoel descobriram que
em nível global a plataforma continental brasileira representa a maior extensão coberta por sedimentos carbonáticos viáveis para exploração econômica
Para fazer uso destes recursos o Brasil deu os primeiros passos: exploração e estudos demostrando a viabilidade econômica. Mas, apontam, “a operação sendo desenvolvida fora da ZEE, em águas internacionais, depende de aprovação em órgãos internacionais que chancelam o direito de uso e exploração da área marítima. Um destes é o “International Seabed Authority”.
Principais usos
Dependendo de sua manipulação e métodos de secagem poderá ser usado para:
– Melhorar a qualidade da água de consumo
– Descontaminação de elementos tóxicos (chumbo, cadmio,cobre, zinco e níquel) dos efluentes industriais
– Despoluir corpos d’águas naturais
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– Indústria de cosméticos (fabricação de dentifrícios e sais de banho)
– Dietética (complemento alimentar. O consumo de 3g/dia cobre totalmente as necessidades de um adulto)
– Implantes em cirurgias ósseas
– Tratamento e prevenção da osteoporose
– Nutrição animal
Algas calcárias, maior produtor mundial
O maior produtor mundial é a França, com reservas estimadas em 600 milhões de metros cúbicos. Ainda de acordo com o estudo de Alex e João Manuel, a “Union Nationale des Producteurs de Granulats” congrega mais de mil empresas ( quinze mil empregos) e movimentou 14 bilhões de Francos em 1998 (346 milhões de toneladas).
Impactos ambientais
O estudo destaca que “a explotação do fundo marinho quaisquer que sejam os objetivos e precauções tomadas, produz modificações temporárias ou permanentes”. Entre outras podem causar “modificações da morfologia do fundo que podem agravar a erosão costeira se forem feitas em águas rasas, próximas à costa.”
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O alerta também está no artigo Recursos Minerais do Fundo do Mar, da CPRM (Serviço Geológico do Brasil), que diz:
a ONU reconhece que a atividade extrativa provocará danos ambientais inevitáveis. No caso da lavra submarina, a principal preocupação é o rompimento do equilíbrio de ecossistemas.
A corrida já começou
Os USA extraem ouro do mar no Alasca. Na África do Sul e Namíbia, os diamantes vêm em grande parte do mar. O Reino Unido extrai cascalho e areia. E o Japão, carvão.
Saiba onde estão os recursos minerais marinhos na plataforma continental brasileira:
No Brasil várias empresas também extraem minerais do fundo do mar, enquanto outras aguardam autorização. Veja a lista publicada pelo artigo da CPRM:
2009: a Vale obtém autorização para pesquisar fosfato no litoral do Rio Grande do Norte.
A TWB, empresa de construção e transporte naval de Guarujá (SP), requereu alvará de pesquisa para fosfato, mas acabou encontrando carbonato de cálcio.
Rio de Janeiro e Ceará: a Odebrecht e a Votorantim Cimentos requereram áreas para pesquisa de areia. A Odebrecht pretende usar o material para reposição na Praia de Sepetiba, no Rio de Janeiro.
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Rio de Janeiro: a empresa LLX (Grupo Eike Batista) requereu área para pesquisa de ilmenita, mineral usado para produção de pigmento branco.
Todas essas iniciativas estão em fase de pesquisa, mas a Fertimar Mineração já está produzindo no sul da ilha de Itaparica, Bahia.
No litoral do Espírito Santo, a empresa Algarea Mineração está extraindo calcário do fundo do mar.
Outras substâncias que vêm sendo objeto de pesquisa mineral no fundo do nosso oceano são potássio (ES, BA e SP), diamante (BA), minério de ferro (BA) e sal-gema (ES).
Curiosidade: descoberto banco de lagostas ainda não explorado
Durante a pesquisa na plataforma continental, Alex e João Manoel fizeram outras descobertas. Entre elas uma área muito rica, ainda não descoberta por pescadores, de lagostas.
Por motivos óbvios o Mar Sem Fim não divulgará qual o local exato. Se o fizermos acabam com elas em dias, como aconteceu no litoral do Ceará.
Assista ao vídeo deste novo banco de lagostas
E agora o vídeo do banco de algas calcárias:
Fontes: mar.mil.br/secirm/leplac; brasil247.com; mar.mil.br/secirm/remplac; isa.org.jm/en/home; corm.gov.br.