Projeto meros do Brasil, uma bela iniciativa de conservação
Projeto meros do Brasil, uma bela iniciativa de conservação
Este site já destacou várias iniciativas bem-sucedidas em favor dos oceanos. Uma delas, e talvez a mais conhecida, é o Projeto Tamar que em 2020 celebrou 40 anos de sucesso. Graças ao Tamar, ainda temos tartarugas marinhas em nosso litoral. Outro que merece destaque é o Projeto Albatroz, voltado à conservação do albatroz e do petrel, duas das aves mais ameaçadas do planeta. Essas aves migratórias passam a maior parte da vida em alto mar e frequentemente são capturadas acidentalmente pela pesca de espinhel. Há mais de 30 anos, o Projeto Albatroz trabalha para reduzir essa captura incidental, educando pescadores sobre métodos de pesca mais seguros. Cada ano, a pesca incidental mata entre 50 e 80 mil aves marinhas, incluindo albatrozes e petréis. Hoje, o tema é o Projeto Meros do Brasil.
Conheça o mero
De acordo com o site do projeto, os meros são a maior espécie de garoupa do Oceano Atlântico, e, devido à destruição de seus habitats, sobrepesca e poluição, sofreram um declínio muito significativo nos últimos 65 anos.
Considerando toda a área de distribuição da espécie no Brasil, do Amapá a Santa Catarina, diz o site, a redução das suas populações foi superior a 80%. O que significa que há décadas morrem muito mais meros do que nascem, e por isso esses peixes estão ‘Criticamente Ameaçados’ e correm risco de desaparecer. No mundo, os meros estão na categoria ‘vulnerável’ da lista vermelha da IUCN – International Union for Conservation of Nature.
Moratória em 2022
Desde 2002, o governo federal decretou uma moratória da pesca deste animal. No entanto, a pesca ilegal ainda mata esses peixes, especialmente no Pará e Maranhão e também no Sul e Sudeste. Vendem a carne do peixe limpa como se fosse garoupa, badejo ou cherne.
O peixe pertence à família dos serranídeos (Serranidae) e é uma das maiores espécies de peixes ósseos. Pode atingir cerca de 400 kg e 2,5 m de comprimento. Seu nome científico é Epinephelus itajara. Eles vivem aproximadamente 37 a 40 anos e atingem maturidade aos seis anos. Os juvenis vivem principalmente em manguezais. Já os adultos frequentam recifes de coral, naufrágios, recifes artificiais e plataformas de petróleo. O site do projeto enfatiza que ‘para salvar apenas uma geração de meros são necessários 21 anos’.
Conheça o Projeto Meros do Brasil
O Instituto Meros do Brasil realiza o Projeto em parceria com nove instituições de ensino e pesquisa comprometidas com a conservação ao longo da costa. Eles atuam há 20 anos principalmente nos estados do Pará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
PUBLICIDADE
O Projeto cobre cerca de 1.500 quilômetros da costa. Suas ações, adaptadas às particularidades de cada região, são executadas de forma colaborativa. As equipes de todos os estados envolvidos trabalham em rede para alcançar os objetivos comuns.
Em São Paulo, a pesquisa sobre a reprodução dos meros em cativeiro é pioneira mundialmente. No Rio de Janeiro, tem um espaço no Aquário Marinho do Rio (AquaRio) visitado por mais de um milhão de pessoas anualmente. Assim, oferece ao público a chance de explorar o universo marinho e dos meros.
O Projeto realiza pesquisas que fornecem informações essenciais para a recuperação das populações. Desenvolve estudos em áreas como biologia da conservação e populacional, poluição marinha, genética, valoração ambiental e aquacultura. Esses estudos ajudam a criar políticas públicas voltadas para a espécie e os ambientes marinhos-costeiros. Um exemplo é a implantação da moratória nacional de pesca, na qual os pesquisadores do Projeto tiveram um papel fundamental.
O Projeto Meros do Brasil também se dedica a atividades de arte-educação e educação ambiental. Ele promove a inclusão social e a geração de renda por meio de vivências e experiências na natureza. Realiza oficinas de música, crochê e grafite, além de ações de limpeza de praias em todo o litoral brasileiro. O projeto também organiza exposições fotográficas e expressões de diversas manifestações culturais. Produz e difunde materiais educativos para professores, estudantes, crianças e a sociedade em geral.
Alguns números para comemorar
Para se ter uma ideia do alcance do Projeto o site da organização mostra que, entre 2021 e 2022, 929 mil pessoas participaram das atividades de educação ambiental, no mesmo período eles foram responsáveis por recolher 5,2 toneladas de lixo das praias onde atuam. Além disso, foram feitos 818 registros da espécie no programa de ciência cidadã também desenvolvido pelo Projeto Meros do Brasil.
Finalmente, os três projetos hoje citados contam com patrocínio da Petrobras. A empresa sabe que suas atividades no mar provocam efeitos às vezes negativos para a biodiversidade marinha. Em contrapartida, soube escolher muito bem a quem patrocinar.
Assista ao vídeo da National Geographic e saiba mais sobre a espécie