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Poluição na fossa das Marianas, plástico e radioatividade

Poluição na fossa das Marianas, plástico e radioatividade

Um ano atrás fizemos matéria para comemorar um fato novo. A descoberta de vida marinha exuberante mesmo no ponto mais profundo do planeta, os 11 mil metros da fossa. Nem bem um ano se passou, e descobriram que o local, só alcançado por três seres humanos até então, estava poluído por plástico, e radioatividade! O assunto hoje é sobre nossa pegada. Poluição na fossa das Marianas. Matéria da ScienceDaily.

ilustração de explosão nuclear
Poluição na fossa das Marianas. Ilustração, © niyazz / Adobe Stock

Poluição na fossa das Marianas: A radiação dos testes nucleares

Um novo estudo na revista Geophysical Research Letters da AGU encontrou a primeira evidência de carbono radioativo de testes de bombas nucleares em tecidos musculares de crustáceos das Fossa das Marianas. Organismos na superfície do oceano incorporaram esse “carbono-bomba” nas moléculas que compõem seus corpos desde o final dos anos 50. O estudo descobriu que crustáceos  estão se alimentando de matéria orgânica desses organismos quando eles caem no fundo do oceano. A poluição humana pode entrar rapidamente na cadeia alimentar e chegar ao oceano profundo.

Interação indesejada

“Há uma interação muito forte entre a superfície e o fundo, em termos de sistemas biológicos. E as atividades humanas podem afetar os biossistemas até 11 mil metros. Por isso precisamos ter cuidado com nossos futuros comportamentos”. Foi o que disse Weidong Sun, geoquímico. na Academia Chinesa de Ciências em Qingdao, China, e co-autor do novo estudo.

Carbono 14

Testes de armas termonucleares realizados durante as décadas de 1950 e 1960 dobraram a quantidade de carbono-14 na atmosfera quando os nêutrons liberados pelas bombas reagiram com nitrogênio no ar. O carbono-14 é um carbono radioativo. Ele é criado naturalmente quando os raios cósmicos interagem com o nitrogênio na atmosfera. O carbono-14 é muito menos abundante que o carbono não-radioativo. Mas os cientistas podem detectá-lo em quase todos os organismos vivos e usá-lo para determinar as idades das amostras arqueológicas e geológicas. Este carbono-bomba caiu rapidamente da atmosfera e misturou-se na superfície do oceano. Os organismos marinhos que viveram nestas décadas, desde então usaram-no para construir moléculas dentro de suas células. Os cientistas observaram níveis elevados de carbono-14 em organismos marinhos desde pouco depois do início dos testes.

Poluição na fossa das Marianas: populações das fossas abissais contaminadas

Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que os níveis de carbono-14 nos tecidos musculares dos anfípodes eram muito maiores do que os níveis de carbono-14 na matéria orgânica encontrada nas águas profundas dos oceanos. Eles analisaram o conteúdo do intestino dos anfípodos. Descobriram que esses níveis correspondiam aos níveis estimados de carbono-14 de amostras de material orgânico retiradas da superfície do Pacífico. Isso sugere que os anfípodos estão se alimentando seletivamente de detritos da superfície do oceano que caem no fundo do oceano.

Antropoceno

Repercussão da Scientific American. ‘Outros estudos  também identificaram  o resíduo dos testes de armas nucleares – assim como os desastres  de Chernobyl e Fukushima – em geleiras de montanhas, paisagem  considerada intocável e remota. Essas descobertas “provam que a circulação atmosférica e oceânica distribui a radioatividade derivada de bombas globalmente. Até mesmo para os locais mais remotos. Pior ainda, a precipitação bloqueada nas geleiras inclui elementos radioativos mais preocupantes  – e poderia ser liberada à medida que o mundo se aquece e o gelo derrete. O legado da contaminação radioativa será sentido por muitas gerações à frente.
Essas impressões claras e duradouras de testes nucleares estão entre os marcadores propostos por cientistas. Eles sugerem que os seres humanos mudaram tanto o planeta que agora estamos vivendo em uma época geológica distinta, muitas vezes chamada de “Antropoceno”.

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Radiação no litoral do Brasil

Se você pensou que a radiação se limita ao distante Pacífico, errou. Ela foi encontrada até mesmo por aqui. Recentemente foi encontrado um naufrágio da era dos testes nucleares, o porta-aviões USS Independence. Ainda hoje ele mostra sinais de contaminação.

Assista ao vídeo do quarto explorador a descer até a Fossa das Marianas, onde encontrou plástico

Imagem de abertura – © niyazz / Adobe Stock

Fontes – https://www.sciencedaily.com/releases/2019/05/190508113351.htm?utm_medium=cpc&utm_campaign=ScienceDaily_TMD_1&utm_source=TMD; https://www.scientificamerican.com/article/bomb-carbon-has-been-found-in-deep-ocean-creatures/?redirect=1; https://www.newsweek.com/radioactive-carbon-found-mariana-trench-1420732.

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