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Orcas envenenadas por PCBs em risco de morticínio

Orcas envenenadas por PCBs em risco de morticínio

Mais de 40 anos após as primeiras iniciativas para proibir o uso das PCBs (Bifenilas Policloradas), esses poluentes ainda ameaçam de morte os animais do topo da cadeia. Em 2018 uma investigação no Reino Unido demonstrou que quase metade das baleias e golfinhos encontrados nas águas ao largo nos últimos cinco anos continham concentrações nocivas de produtos químicos tóxicos proibidos décadas atrás, revelou o Guardian.

imagem de Orcas, envenenadas com PCBs
Orcas, envenenadas com PCBs. Foto: phys.org/news/.

Orcas são expostas a produtos como PCBs mesmo antes do nascimento

De acordo com o Wild orca, estes animais estão  expostos a produtos químicos como os PCBs mesmo antes do nascimento, e cada refeição subsequente ao longo da sua vida os expõe ainda mais a estas substâncias tóxicas. Um estudo de 2018 previu “o colapso global da população de orcas devido à poluição por PCBs”, observando que os impactos na reprodução e na função imunológica “ameaçam a viabilidade a longo prazo das populações mundiais de orcas”.

As mães passam PCBs para seus filhotes através do leite rico em gordura. Essas substâncias perigosas permanecem nos corpos dos animais em vez de se dispersarem no meio ambiente, onde poderiam se depositar ou se degradar.

Mas, afinal, o que são os PCBs? Eles pertencem ao grupo dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) e a indústria os utilizou em materiais de construção, tintas e selantes até a proibição há quase 30 anos.

Segundo o site Wildlife and Countruyside, os PCBs ainda estão silenciosamente envenenando nossos rios e mares, já que os governos não conseguem lidar com os 14 milhões de toneladas de material contaminado em todo o mundo. De edifícios, aterros e sedimentos, os PCBs infiltram-se nos nossos rios e acabam nos nossos mares. Devido à natureza persistente dos PCBs, eles se acumulam através da cadeia alimentar, com os maiores volumes e os piores efeitos vistos em predadores de topo, como golfinhos, tubarões e orcas.

PCB deforma órgão reprodutivo dos animais

Rune Dietz, do Departamento de Biociências e do Ártico do Centro de Pesquisa, Universidade de Aarhus, que iniciou os estudos de baleias assassinas e co-autor do artigo, declarou:

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Sabemos que as PCBs deformam os órgãos reprodutivos de animais como os ursos polares. Por isso, é natural examinar o impacto das PCBs sobre as escassas populações de orcas em todo o mundo

Legislação no Brasil

No Brasil, a situação dos PCBs (“ascarel”) está em fase de eliminação e descarte ambientalmente adequado, com o objetivo de cumprir os prazos da Convenção de Estocolmo e da legislação brasileira. As empresas precisaram declarar estoques até novembro de 2024, e os equipamentos devem ser retirados de uso até 2025, com a destinação final ocorrendo até 2028. O Projeto PCB Responsável, uma iniciativa do Governo Federal com apoio do PNUD e financiamento do GEF, oferece suporte técnico e financeiro para este processo. 

PCB do ponto de vista da biologia

Do ponto de vista biológico, as PCBs não se degradam no ambiente. Elas são bacteriostáticas e se acumulam em tecidos de animais e plantas. Diversos estudos avaliaram seu potencial cancerígeno e mutagênico. A OMS, no entanto, não confirmou esses efeitos dentro de seus padrões.
O grande problema para as orcas é a bioacumulação. O que já se acumulou permanece para sempre. Só resta tentar impedir que o processo avance — tarefa difícil.

Ilustração: http://skleinconsultoria.com.br

Orcas, envenenadas por PCBs, em risco de morticínio

Agora que já entendemos as PCBs, é hora de ver como as orcas caíram nessa armadilha. Orcas (Orcinus orca) ocupam o último elo de uma longa cadeia alimentar.
Elas estão entre os mamíferos com maiores níveis de PCBs nos tecidos. Pesquisadores encontraram até 1.300 miligramas por quilo de gordura em orcas.
Para comparar: estudos mostram que animais com apenas 50 miligramas por quilo já sofrem infertilidade e graves danos ao sistema imunológico. Agora imagine 1.300 miligramas por quilo. Essa é a realidade das orcas. A situação é desesperadora.

Foto: National Geographic

Universidades atuam

Juntamente com colegas de várias universidades internacionais e instituições de pesquisa, professores da Universidade de Aarhus documentaram que o número de orcas está diminuindo rapidamente em 10 das 19 populações investigadas. E que as espécies podem desaparecer completamente de várias áreas dentro de algumas décadas.

Entre os piores lugares para as orcas, “águas perto do Brasil”

Orcas enfrentam maior ameaça em áreas contaminadas, como as águas do Brasil, o Estreito de Gibraltar e a região ao redor do Reino Unido. Nas Ilhas Britânicas, pesquisadores estimam que restam menos de 10 indivíduos. Na costa leste da Groenlândia, os animais sofrem ainda mais porque consomem grandes quantidades de mamíferos marinhos, como focas.

Os erros do cara-pálida

Mas como minimizar a bioacumulação se ela se dá pelo consumo de comida? Impossível parar. Sem o saber, os animais seguem seu rito macabro até apodrecerem…

Nós fomos açodados no passado. Assim como o plástico, usamos o produto em demasia encantados por seus resultados. Até percebermos os problemas para a saúde e o meio ambiente. Então começou-se a rediscutir o uso do plástico. E descobre-se o tamanho do poder maligno dos muitos novos materiais que inventamos sem saber questões fundamentais. O PCB já foi detetado até mesmo…

Poluição por PCBs na Fossa das Marianas!

Recentemente, pesquisadores encontraram PCBs em pequenos anfípodas, crustáceos que vivem na Fossa das Marianas, — um dos lugares mais remotos do planeta, com cerca de 11 km de profundidade e visitado por apenas quatro pessoas.

Fossa das Marianas em números. Ilustração:www.fatosdesconhecidos.com.br

O cientista, autor da descoberta, Dr Alan Jamieson, da Newcastle University,  declarou:

O fato de termos encontrado níveis tão extraordinários desses poluentes … realmente traz para casa o impacto devastador, a longo prazo, que a humanidade está produzindo no planeta

Foto:National Geographic

O banimento internacional do PCB

Durante os anos 1970 e 1980, PCBs foram proibidos em vários países. Em 2004, por meio da Convenção de Estocolmo, mais de 90 países se comprometeram a eliminar progressivamente os estoques.

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Ilustração:worcester.ma

Orcas, envenenadas por PCBs: Grupo de estudo e metodologia

O grupo de pesquisa, que inclui participantes dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Groenlândia, Islândia e Dinamarca, revisou toda a literatura existente e comparou todos os dados com seus resultados mais recentes.

sso forneceu informações sobre os níveis de PCB em mais de 350 orcas em todo o mundo – o maior número já estudado. Aplicando modelos, os pesquisadores previram os efeitos das PCBs no número de descendentes, bem como no sistema imunológico e na mortalidade da baleia assassina durante um período de 100 anos.

Fontes:  https://phys.org/news/2018-09-pcb-pollution-threatens-killer-whales.html; http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_prorisc_upml/_arquivos/estudo_sobre_as_bifenilas_policloradas_82.pdf.

Foto de abertura: https://phys.org/news.

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