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O branqueamento de corais começou no Nordeste

O branqueamento de corais começou no Nordeste

Era apenas uma questão de tempo para o processo começar. Desta vez nenhum pesquisador pode alegar surpresa. Depois de um ano com sucessivos recordes de calor como foi 2023, o ano de 2024 já começou com o janeiro mais quente da história. Ainda há pouco mostramos que os corais da Grande Barreira estão sob pressão sem precedentes e, em alguns pontos, fatal, à medida que o implacável calor do verão na Austrália se estende até o início do outono. Pois agora o mesmo acontece com os corais do Nordeste. Estressados, eles começam a expulsar as microalgas de sua estrutura. Oxalá, seja um branqueamento rápido. Mas isso só o tempo dirá.

branqueamento de corais do Nordeste.
Imagem, Beatrice Padovani, Reef Check e Peld-TMAS.

ICMBio monitora branqueamento no Brasil

O Cepene – Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste – vinculado ao ICMBio, alertou em nota: o  branqueamento de corais devido a temperaturas elevadas já está em curso no Nordeste. Na região de Tamandaré, APA Costa dos Corais, nosso monitoramento continuado, realizado em parceria com @peldtams e @icmbiocepene, tem detectado que várias espécies já estão sendo afetadas, enfrentando o que possivelmente vai ser um evento de grandes proporções.

Paulo Horta, biólogo, professor e pesquisador da UFSC, e monitor de corais, informou que o fenômeno já atingiu as praias de Rio do Fogo (RN), João Pessoa (PB), Serrambi (PE), Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais: Coroa Grande (PE), Maragogi (AL), Baía de Todos os Santos (BA) Abrolhos (BA) e Arraial do Cabo (RJ).

O Sul do País ainda não foi afetado. Contudo, no Nordeste, onde há mais corais, o processo está em pleno andamento.

Com os corais doentes, toda a fauna marinha fica doente. Isso acontece porque um em cada quatro animais marinhos depende dos corais em alguma fase da vida para viver. Como o branqueamento é maciço e mundial, o mesmo problema tomará conta da fauna marinha mais cedo ou mais tarde.

SOS empresários brasileiros: vida marinha pede ajuda

Agora é o momento de todos se juntarem e trabalharem em prol destes animais fundamentais. Mecanismos já existem. Poucos dias atrás mostramos o projeto BNDES Corais, uma chamada permanente do Fundo Socioambiental do Banco para projetos destinados a contribuir com a recuperação e a conservação de recifes de corais.

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A iniciativa atenderá o litoral do Nordeste e parte do Espírito Santo, cobrindo cerca de 3 mil dos 8,5 mil quilômetros da costa brasileira. A chamada pública aceitará propostas para atuação nas áreas de maior concentração e densidade de recifes no litoral brasileiro

São R$ 30 milhões para a iniciativa. O investimento pode chegar a R$ 60 milhões, com a contrapartida dos parceiros que aderirem aos projetos. O valor mínimo é de R$ 5 milhões, sendo também 50% do valor aportado pelo Fundo e os outros 50% pelo proponente. Poderão participar apresentando propostas, entidades privadas sem fins lucrativos, atuando em rede ou não, que tenham experiência na implantação e operação de projetos similares.

Resta agora esperar para ver se as empresas brasileiras estão realmente inseridas na ‘nova economia’ como dizem, a do o ESG, que privilegia investimentos no meio ambiente.

Temperatura do mar mais quente é igual à expulsão das algas zooxantelas

Como é sabido, os corais são animais que vivem em simbiose com as microalgas chamadas  zooxantelas. Quando estas algas passam pela fotossíntese elas geram nutrientes para os corais.

Essas algas vivem nos tecidos de calcário dos corais, onde realizam fotossíntese, produzindo oxigênio e ajudando a remover resíduos. Em troca, elas ganham um lugar seguro para viver e recebem nutrientes dos resíduos metabólicos dos corais.

O aumento da temperatura pode causar estresse nos corais e influenciar negativamente as zooxantelas de várias maneiras. Por exemplo, pode levar ao excesso de produção de radicais livres durante a fotossíntese, o que é tóxico tanto para as algas quanto para os corais.

Assim, sob essas condições de estresse, os corais então expulsam as zooxantelas, um fenômeno conhecido como branqueamento de corais, porque essas algas dão cor aos corais. Sem as zooxantelas, os corais perdem sua principal fonte de alimento. Pior,  se a temperatura elevada persistir por muito tempo, os corais podem morrer de fome, resultando em danos a todo o ecossistema do recife de coral.

Para encerrar, o problema é mais grave no Atlântico Sul, uma vez que os únicos corais deste oceanos são os da costa brasileira.

O branqueamento de corais começou no Nordeste

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