Navio mercante holandês do século 17 é descoberto em bom estado de conservação
À primeira vista, a descoberta pareceu uma surpresa e tanto. Uma equipe de mergulhadores finlandeses buscava naufrágios da Primeira e da Segunda Guerra Mundial no Mar Báltico, mas encontrou algo inesperado: um raro navio mercante holandês do século 17, conhecido como fluit, quase totalmente preservado.

A descoberta do fluit do século 17
O navio estava a 85 metros de profundidade, na foz do Golfo da Finlândia, no Báltico. Segundo o Deutsches Historisches Museum, no final do século XVI, um novo tipo de navio, o fluyt, foi desenvolvido na cidade holandesa de Hoorn. Tinha um calado raso com um casco bulboso de fundo plano e estreitando-se para cima até o convés. Isso lhe deu uma capacidade de carga muito maior do que outros navios da época.
Este foi também o período em que a Holanda despontou como potência marítima de seu tempo. No entanto, poucos desses navios, outrora comuns, sobreviveram, mesmo como naufrágios.
Os mergulhadores da equipe Badewanne,, organização sem fins lucrativos dedicada a documentar naufrágios do Báltico, fizeram a descoberta. Os pesquisadores dataram o navio em 1636 e provavelmente lhe deram o nome de Swan — ou Cisne
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O processo lembra o que já relatamos aqui sobre o naufrágio mais antigo do mundo, com 2.400 anos, encontrado em ótimo estado no Mar Negro.
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As novidades do fluit
Além de um amplo casco, e três velas, os fluits traziam novidades tecnológicas para a época. Eram fáceis de manobrar. Os navios tinham um inovador sistema de roldanas e talhas para içar e controlar as velas. Desse modo, precisavam poucos marinheiros para manobrá-lo, sobrando mais espaço para carga.
Segundo o site da Badewanne, a embarcação repousa sobre a quilha no fundo do mar, com grande parte do cordame espalhado ao redor. O naufrágio permanece intacto: os porões continuam cheios e todas as tábuas laterais seguem firmes no lugar. Até mesmo as peças danificadas das decorações em madeira entalhada ainda estão lá, acumuladas na parte inferior, atrás da popa.
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Naufrágio é oportunidade para mais estudos
Muitas questões sobre os grandes povos navegadores do passado ainda permanecem sem resposta. Por isso, essa descoberta ganha tanta importância.
O arqueólogo marítimo Dr. Niklas Eriksson, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, foi chamado para integrar a pesquisa e declarou:
O naufrágio revela muitas das características do fluyt, mas também algumas características únicas, como a construção da popa. Pode ser que este seja um dos primeiros exemplos do design. O naufrágio, portanto, oferece uma oportunidade única de investigar o desenvolvimento de um tipo de navio que navegou por todo o mundo e se tornou a ferramenta que lançou as bases para a globalização moderna inicial.
A equipe do Badewanne pretende agora fazer um filme para a TV sueca.
Assista ao vídeo do navio mercante naufragado
Imagem de abertura: Badewanne
Fontes: https://yle.fi/uutiset/osasto/news/watch_finnish_divers_discover_well-preserved_17th_century_shipwreck/11505324; https://www.independent.co.uk/news/world/europe/ship-wreck-baltic-sea-finland-divers-dutch-badewanne-b454195.html.