Migração de sardinhas é a maior em biomassa do planeta
Em primeiro lugar, os pesquisadores estimam que a migração de sardinhas pode rivalizar com a grande migração de gnus da África Oriental. Além disso, em termos de biomassa é a maior do planeta. No entanto, pouco se sabe sobre o fenômeno, apesar de ser registrado desde 1853. Acredita-se que a temperatura da água tenha que estar abaixo de 21°C para que ocorra. Os cardumes costumam ter mais de 7 km de comprimento, 1,5 km de largura e 30 metros de profundidade. Assim, são claramente visíveis da superfície.
Os motivos da migração ainda não totalmente compreendidos
Geralmente, ocorre de maio até julho ao longo da costa de KwaZulu-Natal. Então, bilhões de sardinhas – Sardinops sagax – desovam nas águas do Banco das Agulhas. Em seguida, movem-se para o norte ao longo da costa leste da África do Sul.
Contudo, ainda faltam informações do ponto de vista ecológico para explicar a migração. A princípio, existem várias hipóteses, às vezes contraditórias, que tentam explicar por que e como ocorre. Mas sua passagem tem muito a ver com as correntes frias que se estendem ao longo do Cabo Ocidental e Oriental, uma vez que produzem muito plâncton, principal fonte alimentar da sardinha.
Estudo fala em ‘armadilha ecológica’
Entretanto, um estudo publicado na Science Advances em 2021 diz que ‘a migração anual da sardinha, ‘o maior cardume da Terra’, pode não beneficiar o próprio peixe. “As sardinhas se separam do estoque de temperatura quente e se movem para um habitat temporariamente favorável do Oceano Índico durante breves períodos de ressurgência de água fria.”
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Peixes de água fria
As sardinhas são peixes de água fria. Geralmente estão associadas a áreas de ressurgência, onde correntes de água mais profundas e mais frias, ricas em nutrientes, afloram à superfície quando atingem áreas costeiras.
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As sardinhas são mais comuns em enormes cardumes nas costas oeste da Califórnia, América do Sul, Japão, Austrália e, sobretudo, África do Sul.
Turismo e economia
Ainda que pouco estudada ou compreendida, a migração anual de sardinhas tornou-se um grande atrativo para o turismo e a pesca comercial na África do Sul. Moradores e turistas lotam as praias da costa sul assim que a notícia de sua chegada se espalha.
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Segredo da longevidade do tubarão da Groenlândia é descobertoRaro Projeto de Lei preserva tubarões e arraias no PaísAquicultura supera a pesca pela primeira vez, diz a ONUSegundo o site www.shark.co.za, ‘anualmente durante a migração somente ao longo da costa do Cabo Ocidental captura-se algo em torno de 200.000 toneladas. Todas as noites, dependendo do clima, frotas partem de portos ao longo da costa. Uma vez localizado um cardume, redes enormes são usadas para cercar e puxar os peixes a bordo’.
‘Esta pescaria emprega milhares de pessoas no Cabo Ocidental. Tornou-se a espinha dorsal econômica de muitas comunidades costeiras. Já, na costa leste, a captura anual no Cabo Oriental cai progressivamente para cerca de 10.000 toneladas e várias centenas de toneladas nas águas de KwaZulu-Natal’.
‘Um espetáculo extraordinário’
‘Antes de mais nada, a visão de esquadrões de atobás-boreal dobrando as asas para mergulhar em torno de um cardume de centenas de golfinhos surgindo atrás de uma massa fervente de peixes em pânico. Definitivamente, um espetáculo extraordinário’.
‘Como os peixes se concentram perto da superfície em uma estreita faixa de água costeira, os cardumes são rapidamente localizados por predadores que são levados ao frenesi por esse breve período de abundância’.
‘Os tubarões juntam-se a peixes, como savel, garrick e o salmão do cabo, além de mamíferos marinhos, como focas e golfinhos, em perseguição da massa cintilante de sardinhas, ou uns aos outros’.
‘À medida que os cardumes são empurrados para a superfície, pássaros como biguás, andorinhas-do-mar e gaivotas despencam do céu para pilhar de cima’.
O turismo e a migração
Ela é tão famosa que ganhou até mesmo página no Facebook. Além disso, muitos sites de turismo já estão vendendo pacotes para a migração de 2023 (que, entretanto, parece diminuir com o aquecimento global).