Matança do boto cor-de-rosa: animal está em situação crítica
Apesar de esforços de pesquisadores e ambientalistas, as duas espécies de golfinho de água doce da Amazônia, o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis) podem estar em risco de extinção. Antes, a pesca incidental era o maior problema, agora a matança do boto cor-de-rosa é consequência da pesca de outro peixe. ‘A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) ainda não classifica o boto-cor-de-rosa como ameaçado de extinção por ser uma espécie da qual se tem “dados insuficientes”, mas as autoridades brasileiras o classificam como “vulnerável.’
Matança do boto cor-de-rosa: perda na população de botos já chega a 50%
Em algumas regiões a perda na população de botos já chega a 50%. De alguns anos para cá, o mamífero tem sido usado como isca na pesca de pequenos peixes. Especialmente a pesca de piracatinga, um peixe carnívoro, tipo de bagre, também conhecido como urubu d´água.
Matéria do jornal O Globo, de maio de 2018 informa que “um relatório publicado hoje na revista “PLoS ONE”, assinado por especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e da Universidade Federal do Amazonas.”
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A pesca da piracatinga
A pesca da piracatinga é realizada na época do defeso, quando a captura de outras espécies é proibida. Mesmo com o salário-defeso, valor de um salário mínimo que o pescador recebe durante o período, eles mantêm a pesca da piracatinga.
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A carne de um boto pode render a captura de uma tonelada de piracatinga, vendida por R$ 1,00 o quilo para os frigoríficos, sendo a maioria do pescado contrabandeado para a Colômbia.
Depois de muitas tentativas, pesquisadores conseguiram provar que restos de carne de boto foram encontrados no estômago das piracatingas vendidas. A situação dos botos de água doce é crítica no mundo inteiro. O golfinho indo-pacífico é um deles.
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Com as provas reunidas, em 2019 os ministros do meio ambiente e da pesca assinaram uma moratória para proibir a pesca da piracatinga nos próximos cinco anos, até que se ache uma alternativa à isca.
Finalmente, no dia 18 de julho de 2014 a proibição foi publicada. A partir de 01 de janeiro de 2015, a pesca e a comercialização de piracatinga ficam proibidas no território brasileiro até 2020. A moratória ganhou apenas mais um ano no governo Bolsonaro.
Diante disso, a Ampa- Associação de Amparo ao Peixe-Boi, lançou uma campanha para intensificar a fiscalização.
Mesmo com moratória decretada, situação é crítica
O site da FAPESP publicou matéria em junho de 2018 alertando ‘que os animais podem estar em situação crítica’. Você pode dizer que ‘podem estar em situação crítica’ é algo vago. Ou eles estão, ou não estão.
Acontece que a FAPESP ressalta em sua matéria que o estudo em referência, feito na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a 500 quilômetros de Manaus, entre 1994 e 2017, “indica que a população dessas duas espécies se reduz à metade a cada 10 anos, apesar de a captura ser proibida.”
A despeito da longa pesquisa, não há levantamentos semelhantes em outras áreas da Amazônia, razão pela qual os pesquisadores escolheram a forma verbal “podem estar em situação crítica” se os resultados da pesquisa em Mamirauá forem aplicados para toda a Amazônia.
Matéria de O Globo, confirma. “A pesquisa contou com a experiência de 22 anos de estudos na Reserva Mamirauá, onde foi feito um monitoramento mensal com barcos, de 1994 a 2017. Segundo a análise, os índices remetem aos primeiros anos da caça de baleias. Os botos da bacia amazônica já são legalmente protegidos, mas as leis exigem maior aplicação, disseram os pesquisadores.”
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Onde é praticada a matança do boto cor-de-rosa
Os autores do estudo, coordenado pela bióloga Vera Maria Ferreira da Silva, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), atribuem a redução dos botos à captura ilegal fora da reserva, uma vez que em Mamirauá a ação humana é controlada e outras espécies de predadores aquáticos continuam abundantes.
Colômbia proíbe venda da piracatinga, mas situação de botos é crítica
Sensibilizado pelo problema, a Colômbia proibiu a venda de piracatinga em 2017 por dois motivos. Um é a situação crítica do mamífero, e outro pelos altos índices de mercúrio encontrados na carne do peixe. Mesmo assim, por vias tortas, a pesca continua no Brasil, e a venda na Colômbia, ainda que em ambos a intensidade tenha diminuído. Resta saber até quando os estoques conseguirão se manter.
Assista ao vídeo da matança do boto cor-de-rosa pelos ribeirinhos da Amazônia
Fontes: http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/06/18/a-critica-situacao-dos-golfinhos-na-amazonia/?utm_source=facebookposts&utm_medium=social&utm_campaign=Ed268; https://www.worldanimalprotection.org.br/not%C3%ADcia/vitoria-colombia-finalmente-proibe-venda-de-piracatinga; https://oglobo.globo.com/sociedade/populacao-de-botos-cor-de-rosa-da-amazonia-cai-pela-metade-cada-decada-22646315.