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Ilhas Cook na vanguarda da mineração submarina

Ilhas Cook, na vanguarda da mineração submarina

As Ilhas Cook são um arquipélago no Pacífico Sul formado por 15 ilhas. Se comparadas ao tamanho do globo terrestre, tornam-se um minúsculo grão de areia perdido a cerca de 2.700 km a nordeste da Nova Zelândia. Com uma população de 14.987 habitantes, sua área total é de apenas 240 km2 o que torna o arquipélago um dos menores países do mundo e quase sem recursos naturais. Mas, a nação tem uma grande Zona Econômica Exclusiva, com 1.960.027 km2 de oceano. O nome desta nação marítima é uma homenagem ao capitão James Cook, um dos primeiros ocidentais a chegar, e que mapeou a região entre entre 1773 e 1777 no mitológico navio Endeavour. Como a maioria dos outros países insulares do Pacífico, só passamos a ouvir mais o seu nome a partir das evidências do aquecimento global, e possibilidade de naufrágio de muitos deles como Kiribati, Ilhas Fiji, etc.

Um pequeno país na vanguarda da mineração submarina

Se o aquecimento global nos fez mais próximos de destinos distantes, como as ilhas do Pacífico, seus excessos também fizeram com que, de repente, parte destes países pudessem sonhar com um crescimento que, sem a catástrofe ambiental, seria impossível. Falamos dos minerais raros, de extrema importância para a descarbonização das economias por seu uso em carros elétricos e outras tecnologias verdes. Foi o que levou as Ilhas Cook às manchetes mundiais.

É curioso como as coisas acontecem. Pelos excessos do aquecimento do planeta, uma das polêmicas do momento é exatamente esta: minerar, ou não, os oceanos. De um lado estão mais de 800 cientistas que pediram uma moratória sobre a prática, assim como França, Reino Unido e grandes empresas como Google e BMW.

De outro, as empresas com alta tecnologia capazes de operar a tarefa, e diversos dos pequenos países insulares, mas não apenas eles. Em 9 de janeiro de 2024, o parlamento da Noruega votou a favor da mineração submarina no Ártico. O governo afirma que pode minerar de forma sustentável, mas críticos alertam sobre riscos aos ecossistemas marinhos e à biodiversidade do Mar da Noruega.

No meio da discussão, espremida por ambos os lados, está a  ISA – Autoridade Internacional dos Fundos Marinhosreguladora da ONU que supervisiona a mineração em alto mar. Em sua mais recente declaração, o secretário-geral da ISA, Michael Lodge, disse à CNBC que o interesse global na mineração em águas profundas subiu para níveis não vistos desde a década de 1970, com defensores claramente entusiasmados com o papel potencial da indústria na transição energética.

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O governo das Ilhas Cook deve decidir até 2027

Segundo matéria do New York Times, de maio de 2024, as Ilhas Cook estão na vanguarda de uma missão para minerar o fundo do oceano por minerais usados em baterias de carros elétricos. A mineração desses depósitos nunca foi tentada em larga escala, mas suas reservas são tão vastas, argumentam os proponentes, que extraí-los poderia impulsionar a mudança do mundo dos combustíveis fósseis.

O Times citou o estudo Oceano e Gestão Costeira –  A experiência das Ilhas Cook (Pacífico Sul) na governação dos fundos marinhos e mineração de nódulos de manganês, informando que na ZEE das Ilhas Cook existem abundantes recursos de nódulos de manganês, que se pensa serem o quarto recurso mais rico do seu tipo no mundo, com um valor monetário teórico potencial de cerca de 10 bilhões de dólares americanos.

Como se vê, são recursos que podem mudar completamente o padrão dos habitantes das Cook, e motivo pelo qual, segundo o New York Times, por dois anos as empresas de mineração têm pesquisado a viabilidade da mineração no fundo do mar nas águas das Ilhas Cook.

O que dizem os ambientalistas e o governo de Cook

O New York Times destacou a declaração de Duncan Currie, assessor da High Seas Alliance e de outras organizações internacionais de conservação. “O governo está promovendo agressivamente a mineração em alto mar. Eles parecem estar buscando a mineração do fundo do mar, independentemente de efeitos adversos.”

Ilustração, www.pewtrusts.org.

Contudo, para o o primeiro-ministro Mark Brown, as críticas “podem ser irritantes, às vezes”, disse ele em uma entrevista. “Explorar as possibilidades da mineração do fundo do mar é parte de nossa jornada de independência soberana”.

“Os mesmos países que destroem nosso planeta através de décadas de desenvolvimento orientado para o lucro, e que até hoje continuam suas ações enquanto negligenciam suas responsabilidades de mudança climática, estão fazendo exigências”, disse ele em uma conferência de 2022. “É paternalista e implica que somos muito burros ou muito gananciosos para saber o que estamos fazendo.”

Como o governo de Cook se preparou

O New York Times informou que ao longo da última década, as Ilhas Cook perseguiram esses nódulos polimetálicos. Em 2012, criaram uma agência para solicitar propostas de mineração para suas próprias águas. Em 2022, emitiram licenças para três empresas pesquisarem as águas e testarem a tecnologia de mineração.

Enquanto isso, outros países que tomaram medidas para pesquisar seus leitos marinhos incluem o Japão e a Noruega. A maioria das empresas privadas está focada na mineração em águas internacionais, mas os regulamentos para permitir isso ainda estão sendo discutidos.

O governo diz que colocou observadores independentes em navios de pesquisa para garantir a confiabilidade dos dados das empresas, que as autoridades dizem que informarão a decisão sobre a busca pela mineração do fundo do mar.

Entretanto, a população parece estar dividida. O Times conversou com Rashneel Kumar, editor do Cook Islands News, o maior jornal do país, para quem a população está dividida. Apesar disso, há quem acredite que a decisão já está tomada. Para estes, “O governo decidiu que isso vai acontecer, independentemente do que alguém possa dizer.”

Em breve saberemos. E você, qual a sua opinião? Devemos apressar a descarbonização, correndo ainda maiores riscos ambientais, ou devemos esperar até que a ciência nos dê uma posição definitiva?

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