Houthis ameaçam Mar Vermelho com vazamento de 1 milhão de barris de petróleo
Segundo comunicado do Departamento de Estado dos EUA de 25 de agosto, ‘os Estados Unidos estão seriamente preocupados com os ataques dos houthis contra o petroleiro MT DELTA SOUNION. Os ataques contínuos ameaçam derramar um milhão de barris de petróleo no Mar Vermelho (150.000 toneladas métricas de petróleo bruto, segundo o New York Times). Isso significa uma quantidade quatro vezes maior do que o desastre da Exxon Valdez. A tripulação foi evacuada, mas os houthis parecem determinados a afundar o navio e sua carga no mar’. O desastre do Exxon Valdez, há mais de 30 anos, até hoje produz consequências nefastas ao prístino ecossistema marinho do Alasca.
O Departamento de Estado disse ainda que ‘os houthis deixaram claro que estão dispostos a destruir a indústria pesqueira e os ecossistemas regionais dos quais os iemenitas e outras comunidades da região dependem para seus meios de subsistência, assim como minaram a entrega de ajuda humanitária vital à região por meio de seus ataques imprudentes. Apelamos aos houthis para que cessem essas ações imediatamente. E exortamos outras nações a dar um passo à frente para ajudar a evitar esse desastre ambiental’.
A biodiversidade do Mar Vermelho
O ecossistema do sul do Mar Vermelho contempla recifes de coral imaculados, manguezais costeiros e vida marinha diversificada. Ele abriga trezentas espécies de corais e mais de mil espécies de peixes, sendo 100 endêmicas. Para o UN Atlas of the Ocean, o Mar Vermelho e o Golfo de Aden são ricos em vários habitats marinhos únicos. Entre eles recifes de coral, manguezais, pântanos, salinas e campos de gramas marinhas.
Neste ambiente, quase todo cercado por países africanos pobres como Egito, Sudão, Eritreia, Djibuti, e Somália; e do lado asiático, além da Arábia Saudita, o Iêmen, se desenvolve parte da guerra empreendida por aliados do Hamas, os houthis, do Iêmen, que veem os navios aliados à Israel como alvos.
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Os trogloditas houthis se vangloriam e louvam a estupidez, como se vitória fosse, publicando vídeos do ataque em suas redes sociais em tom de júbilo. Não fazem ideia que, se aquilo que querem acontecer, ou seja, o navio afundar, quem pagará a conta são os mais pobres da região. Em outras palavras, eles mesmos e suas famílias além de milhares de inocentes que nada têm a ver com a guerra.
Segundo o Maritme Executive, ‘dois dias depois que as forças houthis explodiram os tanques de carga do Suezmax Sounion, as chamas que emergem do convés ainda eram visíveis do espaço, com base em imagens do sistema de satélite Sentinel da UE. Os governos ocidentais alertaram que a ação do grupo terrorista poderia causar um derramamento devastador de petróleo no Mar Vermelho, até quatro vezes maior do que o desastre da Exxon Valdez.
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O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, publicou comunicado sábado. “Os houthis deixaram claro que estão dispostos a destruir a indústria pesqueira e os ecossistemas regionais dos quais os iemenitas e outras comunidades da região dependem para sua subsistência”.
A milícia houthi, apoiada pelo Irã, começou a disparar no final de 2023 em navios que entram no Mar Vermelho a caminho do Canal de Suez.
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No início do ano o graneleiro Rubymar afundou entre as costas do Iêmen e da Eritreia depois de ataques, deixando uma mancha de óleo com 29 km no Mar Vermelho. Além de combustível, a embarcação transportava 21.000 toneladas métricas de fertilizante de sulfato de fosfato de amônio.
Houve grande comoção. Ahmed Awad bin Mubarak, ministro das Relações Exteriores do governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, disse à Agência Reuters que o naufrágio do Rubymar é uma catástrofe ambiental que o Iêmen e a região nunca experimentaram antes. É uma nova tragédia para o nosso país e para o nosso povo. Todos os dias pagamos o preço pelas aventuras da milícia Houthi”.
Indiferentes, em junho de 2024, os houthis afundaram um segundo navio, o graneleiro Tutor que estava a aproximadamente 67 milhas do porto de Hodeidah. A agressão produziu rachaduras no casco, inundações na sala de máquinas, e mais derrame de combustível no mar.
“Os houthis declararam guerra ao meio ambiente”
Depois deste primeiro afundamento o Foreign Policy publicou a matéria Os houthis declararam guerra ao meio ambiente. Ela recorda que durante nove anos os houthis impediram a remoção do superpetroleiro Safer, ancorado na costa do Iêmen com mais de 1 milhão de barris de petróleo bruto. O navio, abandonado em 2015 no início da guerra, estava se desintegrando e prestes a afundar. A ONU teve que se desdobrar para conseguir que os houthis permitissem a retirada do combustível em 2023.
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