Filhotes de pinguins-imperadores morrem aos milhares
Em 2021 repercutimos um estudo publicado na revista Global Change Biology que estimava que pelo menos dois terços das colônias de pinguins-imperadores estariam extintas em 2050, e 98% não existiriam mais em 2100. Os pinguins-imperadores são as maiores espécies de pinguins do mundo. Um estudo publicado em 2020 estimou que existiam cerca de 280.000 casais reprodutores em todo o mundo, quase todos na Antártica. Contudo, eles dependem do gelo marinho que a cada ano fica menor em espaço devido ao aquecimento da Terra. No final de 2022 houve nova mortandade pelo mesmo motivo. Segundo o jornal Guardian, ‘os níveis recordes de gelo marinho causaram uma falha catastrófica na reprodução, de acordo com nova pesquisa. Filhotes de Pinguins-Imperadores morrem aos milhares.’
O gelo marinho na Antártica
Infelizmente, em 2023 o cenário se repetiu. Recentemente publicamos Perda de gelo marinho da Antártica preocupa. Neste post mostramos que o gelo marinho caiu para 1,8 milhão de km2 em 19 de fevereiro – a menor extensão desde que os dados baseados em satélite se tornaram disponíveis em 1978.
Isso significa que, provavelmente no ano que vem, teremos nova mortandade nos grupos de pinguins-imperadores. Portanto, a previsão de que 98% do total da espécie estaria morta em 2100 segue mostrando-se realista.
O site www.coolantarctica.com explica o motivo das mortes: ‘Os pinguins-imperadores reproduzem-se quase exclusivamente no gelo marinho próximo à costa da Antártica, raramente em terra, as colônias de reprodução podem estar a até 200 km do mar aberto.’
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Conheça o pinguim-imperador
Eles se reproduzem durante o auge do inverno e em alguns dos lugares mais desolados, frios, ventosos e absolutamente sombrios do planeta durante a estação de escuridão de 24 horas. Alguns pinguins-imperadores são as únicas aves que nunca pisam em terra firme. Além disso, as fêmeas põem apenas um ovo. Juntando as duas coisas chegamos ao diagnóstico que ameaça a espécie.
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Segundo o www.coolantarctica.com,‘Os pinguins-imperadores se alimentam de peixes, krill e lulas que capturam em mergulhos mais longos e profundos do que qualquer outra espécie de pinguim ou ave. Eles podem chegar a uma profundidade de 550 metros e prender a respiração por até 22 minutos. Isto lhes permite alcançar e explorar recursos alimentares que outras aves não conseguem.’
Os ovos são postos em maio e junho, são os menores em relação ao tamanho do corpo de qualquer ave, pesando cerca de 0,4 kg. A partir deste ponto, são os machos que tomam conta. O ovo é incubado no meio de seus pés, uma dobra especial de pele abdominal cobre o ovo para mantê-lo aquecido. As mães, então, voltam para o mar onde ficam por quase quatro meses.
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Mas apesar de todas estas estratégias especiais de suportar condições críticas, os pinguins-imperadores não foram feitos para tolerar as consequências de nosso modo de vida insustentável.
Um futuro incerto sob o aquecimento global
Segundo o Guardian, ‘Os cientistas disseram que os pinguins-imperadores enfrentam um futuro incerto sob o aquecimento global, porque dependem muito do gelo marinho, que deverá diminuir à medida que os oceanos do mundo aquecem.’
‘As falhas reprodutivas no Mar de Bellingshausen foram “sem precedentes”, afirmou a investigação, já que foi a primeira vez que múltiplas colônias numa grande região falharam numa única estação.’
O jornal ouviu o Dr. Peter Fretwell, pesquisador do British Antarctic Survey e principal autor da pesquisa: “É uma história sombria. Fiquei chocado. É muito difícil pensar nessas lindas aves morrendo em grande número.’
Entretanto, o pesquisador alertou que tal fato não é novidade: “Já previmos isso há muito tempo. A perda de gelo marinho foi sem precedentes e muito mais rápida do que imaginávamos.”
Entre 7 e 9 mil pinguins morreram
Muitas partes da região tiveram perda quase total de gelo marinho. Fretwell estimou que cerca de 7.000 podem ter morrido. “Em alguns casos é possível que o mar tenha se dividido em blocos menores ou sob os pés dos pinguins”, disse ele.
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“Se ficarem imersos, os filhotes vão se afogar. Se voltarem aos blocos de gelo, congelarão porque não têm penas impermeáveis nesse estágio.” Cerca de 30% das 62 colônias conhecidas de pinguins-imperadores na Antártica foram afetadas pela perda parcial ou total do gelo marinho desde 2018.
O Washington Post, que também cobriu o assunto, estimou a morte de 9 mil pinguins. O Post diz que ‘Um estudo, publicado na revista Nature’s Communications Earth & Environment, usou imagens de satélite para examinar cinco locais de reprodução de pinguins na região do Mar de Bellingshausen. Esta foi a área mais afetada pelos baixos níveis recordes do ano passado de gelo marinho. Os investigadores descobriram que quatro das cinco colônias de pinguins-imperadores que estudaram foram abandonadas antes de as crias terem idade suficiente para emplumarem.’
Perda de gelo nos polos
Segundo o Washington Post, ‘A Antártida e a Groenlândia perderam mais de 6,4 bilhões de toneladas de gelo desde a década de 1990, de acordo com os cientistas – o que representa mais de um terço do aumento do nível global do mar.
E o jornal mais uma vez confirma os maiores inimigos dos pinguins-imperadores: nós.
‘As alterações climáticas são o único fator importante que influencia a mudança populacional a longo prazo do pinguim-imperador, afirmou o British Antarctic Survey, o que significa que tais estudos oferecem uma indicação particularmente clara do impacto da crise climática.’