Exploração minerária do fundo do mar alarma cientistas
Fundo do mar: demanda por produtos alimentícios, de energia e de matérias-primas procedentes do oceano aumentou consideravelmente. Exploração minerária é a nova ameaça.
Cientistas americanos pediram cooperação internacional para preservar os ecossistemas do fundo do mar, cujas riquezas são cobiçadas pela indústria.
Lisa Levin, diretora do Centro de Biodiversidade Marinha e Conservação, do Instituto Scripps de Oceanografia em San Diego, declarou:
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemA mídia e o pernicioso vício dos ‘paraísos do litoral’Vicente de Carvalho, primeiro a dizer não à privatização de praiasVírus da gripe aviária mata milhões de aves mundo aforaEstes ecossistemas cobrem mais da metade da Terra e, levando-se em conta sua importância para a saúde do nosso planeta, é imprescindível preservar sua integridade
E acrescentou:
PUBLICIDADE
A industrialização que dominou o século XX em terra se tornou uma realidade nas grandes profundezas marinhas
Aumento da população mundial acirra problemas
Com a duplicação da população mundial nos últimos 50 anos, a demanda por produtos alimentícios, de energia e de matérias-primas procedentes do oceano aumentou. Sobre isso disse a bióloga:
Leia também
Ilhas Cook na vanguarda da mineração submarinaParlamento norueguês vota pela mineração submarinaComo está a Guiana depois do boom do petróleo?Na medida em que esgotamos as reservas de peixes ao longo da costa, a indústria pesqueira está se voltando para as águas profundas
Além do esgotamento dos recursos pesqueiros, os ecossistemas dos fundos marinhos estão ameaçados pela exploração de minerais. Entre eles o níquel, o cobalto, o manganês e o cobre, afirmou, destacando que a exploração de combustíveis costuma ser realizada a mais de mil metros de profundidade.
Quadruplicar em 50 anos a demanda de energia se traduziu na instalação de duas mil plataformas de petróleo em alto-mar.
Enormes avanços na robótica
O setor minerador explora as profundezas marinhas em busca de minerais essenciais para a eletrônica – de telefones celulares a baterias para carros híbridos.
Segundo a pesquisadora, “já são vendidas concessões em vastas áreas de grandes profundidades oceânicas”.
Diante desta situação ela pediu “cooperação internacional e a criação de uma entidade capaz de estabelecer governança para a gestão destes recursos”.
Para a diretora do Laboratório Marinho da Universidade de Duke, Cindy Lee Van Dover,
PUBLICIDADE
é imprescindível trabalhar com a indústria e os organismos de governança para implementar regulações ambientais progressivas e apoiadas na ciência antes de empreender estas atividades. Em 100 anos, queremos que se diga que fizemos o que era certo
exploração minerária marinha deixou de ser ficção
“A exploração minerária dos grandes fundos marinhos não pertence mais à ficção científica. Os recursos existem… E temos feito avanços significativos na robótica que proporcionam um acesso sem precedentes”.
“Caberia perguntar se o valor do que se extrai é maior do que o dano ao ecossistema”. Este foi o argumento o diretor do programa sobre Políticas Oceânicas e Costeiras da Universidade de Duke.
Outras questões pendentes, segundo o pesquisador, passam por “como reparar os danos já causados pela pesca de arrasto, a contaminação, e outras atividades”.
“Devemos responder a essas questões científicas antes que se iniciem atividades industriais”. O pesquisador destacou que os fundos marinhos alojam uma diversidade genética quase infinita. Eles representam uma fonte potencial de novos materiais e medicamentos.
Por: (Claire Nouvian e David Shale/AFP)