❯❯ Acessar versão original

Conferência dos oceanos da ONU 2022, apenas mais uma?

Conferência dos oceanos da ONU 2022, apenas mais uma?

Mais uma vez começou nova conferência dos oceanos patrocinada pela ONU, em Lisboa, dia 27 de junho e que deve durar até 1 de julho. Será apenas mais uma e inócua reunião, como tantas outras nos últimos anos? Apesar dos apelos cada vez mais duros do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, as notícias que nos chegam não são auspiciosas. Os títulos das matérias parecem os mesmos das últimas reuniões, sem tirar nem pôr: ONU alerta que o mundo enfrenta emergência nos oceanos, diz a Exame. E quase todas as outras matérias estampam a mesma frase, no máximo com inversão de ordem das palavras. Mas, o significado é o mesmo. Entretanto, quando nos aprofundamos na leitura, parece que estamos vendo o mesmo filme pela décima vez.

Enfrentamos uma emergência nos oceanos

Antes de mais nada, experimente ‘Googar’ a expressão Enfrentamos uma emergência nos oceanos. Você verá páginas e mais páginas na sequência repetindo o mesmo bordão. Os problemas continuam os mesmos: acidificação ameaçando os corais em escala mundial, ecossistema do qual três em cada quatro peixes dependem para viver.

Além disso, a pandemia de plástico aumenta na mesma proporção, sem um sinal visível de entendimento para pôr fim ao flagelo. E a poluição em geral também persiste. Cientistas já cansaram de alertar que, a continuar nesta toada, até 2100 mais da metade das espécies marinhas podem entrar em extinção.

Entretanto, como sempre nos últimos anos, um esboço de tratado para proteger o alto-mar foi apresentado. Assim como documento semelhante sobre os indecentes subsídios à pesca.

Enquanto isso, diz a Exame, ‘Mais de 25 chefes de Estado e de Governo, juntamente com jovens, empresários, cientistas e representantes da sociedade civil, vão apresentar soluções para impulsionar uma mudança e enfrentar os desafios que os oceanos enfrentam’.

Mas, ao mesmo tempo, Associated Press destaca o comentário do Secretário-geral da ONU…

‘Egoísmo impera entre as nações’

“Alguns países não aceitam que os oceanos do mundo sejam de todos e que o seu egoísmo  trave um acordo global para proteger estas vastas extensões do planeta.”

‘O secretário-geral, Antonio Guterres’, prossegue a AP, ‘não disse a quais países se referia. Mas destacou a importância dos oceanos para todos no planeta. “As águas internacionais são nossas.”

Sim, são nossas. Mas um tratado vinculante, que seria a única forma de cessar o desastre,  permanece em rascunho como há dez anos.

Declaração não obrigatória

Voltamos à AP que confirma: “A conferência deve adotar uma declaração que, embora não seja obrigatória, pode ajudar a implementar e facilitar a proteção e conservação dos oceanos e seus recursos, segundo a ONU. A declaração deve ser aprovada na sexta-feira.”

Não se impressione, em todas as reuniões há uma declaração. Normalmente, ela reforça tudo que já foi dito, e tudo que é sabido que é preciso fazer. Mas fica nisto, como mostra a AP:

“Mas ainda está fora de alcance um novo acordo internacional vital sobre Biodiversidade Além da Jurisdição Nacional, também conhecido como Tratado do Alto Mar.”

Acordo ainda longe

E conclui: “Após 10 anos de negociações, no entanto, incluindo uma quarta rodada de negociações há três meses, um acordo ainda não está à vista. Uma quinta rodada está marcada para agosto em Nova York.”

Sentimos muito por não trazer novidades aos leitores. E não pense que ficamos apenas na Exame e AP. Lemos dezenas de matérias em português, francês, e inglês. Entretanto, elas podem ser resumidas como ‘mais do mesmo’.

A única novidade, até o momento, parece ser o pedido de desculpas de Guterres, em nome de sua geração às mais novas. “Permitam-me que comece por seguir as palavras do Presidente português e pedir desculpa, em nome da minha geração à sua geração, em relação ao estado dos oceanos, ao estado da biodiversidade e ao estado das Alterações Climáticas.”

Infelizmente, é tudo que podemos trazer aos leitores. Continuaremos na torcida e, acima de tudo, pesquisando para, no caso de encontrarmos novidades, dar a elas a visibilidade que todos merecemos.

Assista um trecho da declaração de Antonio Guterres

Tubarão Port Jackson, um tipo muito estranho

Sair da versão mobile