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Ciclone bomba no sul demonstra falta de preparo do País

Ciclone bomba no sul demonstra falta de preparo do País

Um rastro de mortes e destruição foi a consequência de mais um evento extremo, previstos desde a década de 80 mas não levados a sério no País de Macunaíma. O que aconteceu especialmente em Santa Catarina, mas também nos outros Estados do sul, é algo que vai se tornar rotina. Cada vez com maior intensidade e frequência. Mario Quadro, coordenador do curso de mestrado em Clima e Ambiente do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), declarou sobre o ciclone bomba:

Os estudos têm registrado aumento de frequência desses eventos no Sul. E já era algo previsto. Estudos dos anos 1980 previam esses eventos para essa época. Hoje isso já tem se tornado normal

Chapecó. Imagem da prefeitura.

Ciclone bomba no sul demonstra falta de preparo do País

A ciência, em consequência os alertas da academia, nunca foi levada muito a sério no Brasil. Mas depois que a atual administração assumiu, piorou. A ciência passou a ser demonizada, e o presidente ungiu um ministro do Meio Ambiente  que não acredita no aquecimento global. Resultado? Mortes, e prejuízos à economia.

O geólogo Juarês Aumond, doutor em Engenharia Civil e professor da pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de Blumenau (Furb), confirma:

Tudo está conectado com tudo e nada está inteiramente isolado. E as mudanças climáticas e seus efeitos constituem grandes desafios da contemporaneidade

Quem é um doutor em Engenharia Civil pra fazer tal afirmação, ou um coordenador de curso de mestrado em Clima?

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Ciclone bomba e eventos extremos

Em 2016 este site publicou o post Eventos extremos: litoral e economia onde repercutíamos um dos muitos estudos a respeito, no caso, ‘Valorando tempestades- Custo econômico dos eventos climáticos extremos no Brasil nos anos de 2002- 2012, produzido pelo Instituto de Economia da UFRJ.

Os resultados para a perda total no período 2002-2012 oscilam entre R$ 180 bilhões (estimativa usando o coeficiente R$/Desabrigado), R$ 300 bilhões (coeficiente R$/Desalojado) e R$ 355 bilhões (coeficiente R$/Afetado), com valor médio de R$ 278 bilhões.

Prejuízos, onde? Imagem brigada Militar.

Mas o que representa R$ 180 bi para um País abençoado por Deus e feliz por sua inconsequência? Que respondam Jair Bolsonaro e sua marionete do MMA… Pela ciência o professor Juarês Aumond falou:

O mar está propício para retomar sua posse gradativamente nos próximos anos, gerando riscos para a população. Futuramente, essas regiões sofrerão com o aumento do nível do mar, haverá um grande número de desabrigados e desastres

Resultados da tragédia no sul do Brasil

Treze mortes, mais de 100 cidades atingidas, casas destelhadas e muita gente desabrigada. Foi o maior dano na rede elétrica de Santa Catarina, com mais de 1,5 milhão de pessoas às escuras. E isso só em um Estado. Santa Catarina decretou estado de calamidade pública.

Só em Santa Catarina o governo do Estado prevê R$ 277 milhões em prejuízos. Imagem, divulgação.

Ricardo Salles defende que houve descaso com os centros urbanos

Ricardo Salles, o ministro que não acredita no aquecimento global e desconhece os biomas brasileiros, talvez para proteger sua desinformação defendeu desde o início de sua gestão que ‘houve descaso com os centros urbanos’. É verdade. Poderíamos ter avançado.

Em entrevista ao Correio Braziliense em 2019, disse:  “Ninguém se preocupou em cuidar do saneamento, ninguém se preocupou em cuidar do lixo, ninguém se preocupou em avançar na qualidade do ar. Por quê? Porque são temas que têm muito menos charme, não tem funding internacional para ficar fazendo seminários e viagens.”

Salles propôs a ‘agenda de qualidade ambiental urbana’. Pois aí está Santa Catarina provando a eficiência da ‘agenda de qualidade ambiental urbana’.

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Passados um ano e meio, tudo que a atual gestão conseguiu foi a aprovação do novo marco do saneamento básico que, ao contrário do que disse, ‘ninguém se preocupou com o saneamento’, começou no governo Temer. Prosseguiu, e foi aprovado no de Bolsonaro. Mérito ele teve, mas o projeto não é dele; é da sociedade, e começou com Temer.

Estragos nas despreparadas cidades brasileiras. Imagem, https://www.maispajeu.com.br/.

Quanto ao resto, a qualidade do ar melhorou porque a pandemia freou a indústria e a locomoção. Mas as queimadas na Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica, que correm livres, leves e soltas, cuidaram de corrompe-la novamente. Apesar da pandemia, o Brasil não conseguirá atingir as metas de diminuição de emissões de CO2 este ano.

Programa Nacional para Conservação da Linha de Costa – Procosta

Elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, e aprovado pela PORTARIA Nº 76, de 2018, em vigor quando Salles assumiu. Sobre este plano, o site do MMA escreveu à época:  “Diante das mudanças climáticas e aumento de eventos extremos nas cidades costeiras, o mapeamento de riscos e vulnerabilidades precisa ser  inserido no planejamento e no orçamento da União, Estados e Municípios.”

Hora de desengavetar o ProCosta? Imagem, https://noticias.r7.com/.

Foi engavetado por Salles sem nada ser colocado no lugar.

Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), que poderia mitigar o ciclone bomba

Era outro plano do Ministério do Meio Ambiente, criado (atrasado) em maio de 2016. Sobre ele disse o site do MMA: (este) ‘instrumento elaborado pelo governo federal em colaboração com a sociedade civil, setor privado e governos estaduais que tem como objetivo promover a redução da vulnerabilidade nacional à mudança do clima e realizar uma gestão do risco associada a esse fenômeno’.

Mais uma vez sem alternativa, foi engavetado pelo ministro que nega o aquecimento.

Um relato deste escriba

Quis o destino que eu me encontrasse em Santa Mônica, na Califórnia, em julho de 2018. Numa tarde, deitado na cama do hotel com meus dois filhos no mesmo quarto,  senti minha cama ganhar vida e ‘cavalgar’ pelo ambiente. Assustado, percebi que todo o quarto se mexia. Paralisado, sentidos atentos, pensava no que fazer quando olhei para meu caçula que encerrava um tempo de estudo na cidade.

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Para espanto do pai, pulou da cama sorrindo e ‘curtindo’ mais um terremoto. E foi correndo pra sacada fotografar a experiência ‘divertida’, corriqueira para ele… Poucos minutos depois, soubemos pela mídia que aquele fora o terremoto mais forte em 20 anos, atingindo 7.1 na escala Richter.

Não ruiu um prédio sequer. Incêndios, localizados e poucos. E nenhuma morte. Simplesmente porque seus agentes políticos há muito preparam a cidade para o que sabem que ali acontece. Enquanto isso, nos trópicos…

Com ciclones bomba devastadores, assim seguimos nós, inconsequentes mas felizes. E assolados por ‘gripezinha’ que cisma em infectar milhões, matar milhares, e contaminar até mesmo quem dela faz troça.

Imagem de abertura: https://canaltech.com.br/

Fontes: https://ocp.news/geral/elevacao-do-nivel-do-mar-pode-provocar-desaparecimento-de-cidades-em-sc; https://www.nsctotal.com.br/noticias/ciclone-em-sc-eventos-extremos-devem-ser-mais-comuns-e-intensos-dizem-especialistas; https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2019/07/11/interna-brasil,769857/em-entrevista-ricardo-salles-afirma-que-houve-descaso-com-as-cidade.shtml.

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