Antártida registra dois casos de gripe aviária: 100 milhões de aves em risco
Em outubro de 2023, alertamos sobre um perigo que se aproximava da Antártida: a gripe aviária. Esse vírus do tipo Influenza A ameaçava dizimar as aves antárticas e já havia matado mais de 500 pinípedes no Rio Grande do Sul em 30 dias. No Peru e no Chile, a situação foi ainda pior, com 20.000 leões-marinhos mortos. A agência de notícias do governo do Paraná informou que o Brasil teve 667 focos de influenza aviária de agosto a outubro, com 12 deles no Paraná, em aves silvestres. Cientistas temiam que o vírus alcançasse a Antártica e causasse uma “falha catastrófica na reprodução” da vida selvagem. Infelizmente, isso aconteceu, com dois casos registrados na Base Primavera, da Argentina.

Dois skuas mortos na Base Primavera
Esse era o cenário que os cientistas temiam! Um desastre pode estar a caminho. O Guardian também mencionou casos suspeitos em um skua marrom e em uma gaivota em Hope Bay, na península, conforme dados do Comitê Científico de Pesquisa Antártica.

“Esta descoberta demonstra pela primeira vez que o vírus altamente patogênico da gripe aviária chegou à Antártida, apesar da distância e das barreiras naturais que o separam de outros continentes”, afirmou um relatório do governo espanhol.
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Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemComo um esporte pode poluir o planeta enquanto outro o mantém vivo?Brasil consegue nova ampliação da Zona Econômica ExclusivaIceberg se rompe e revela vida marinha surpreendenteO Guardian acrescenta que acredita-se que este surto de H5N1 tenha matado milhões de aves selvagens em todo o mundo desde 2021. Em seguida, se espalhou por todos os continentes, exceto a Oceania.
O site do Comitê Científico de Pesquisa Antártica confirma o perigo: De preocupação são os subtipos H5 e H7, que podem se tornar altamente patogênicos em aves e depois escapar para as populações de aves selvagens. Esses subtipos altamente patogênicos podem causar até 100% de mortalidade em colônias de aves. O comitê acrescentou que há evidências claras de que a migração natural trouxe o vírus para a Antártida, não sendo resultado de atividades humanas diretas ou interações com as aves.
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Por fim, o presidente do Comitê Científico de Pesquisa Antártica (SCAR na sigla em inglês) Yeadong, declarou : “A SCAR está profundamente preocupada com a situação em evolução em torno do vírus da gripe aviária que atingiu a área do Tratado da Antártida e está comprometida em tomar medidas proativas com suas organizações parceiras.
Gripe aviária também no Ártico
Selecionamos trecho de matéria do SCAR que mostra quando e onde este surto começou: “Dada a rápida propagação do vírus através do hemisfério norte em 2021, sua propagação para o sul da América do Sul e da África do Sul em 2022, e o aumento de casos em aves marinhas, resultaram em eventos de mortalidade em massa até o momento. Destes últimos pontos, as aves levaram a gripe para as ilha subantárticas, como Geórgia do Sul, entre outras”.
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Tundra do Ártico emite mais carbono do que absorveRússia projeta submarino nuclear para transportar gás no ÁrticoCorpo do capitão da Expedição de Franklin é encontrado canibalizadoEm seguida, o Guardian comenta quais as espécies da fauna estão mais expostas, e confirma que o vírus já está no outro lado do mundo, no Ártico.”Inicialmente foi relatado em aves como gaivotas, skuas e andorinhas, mas desde então foi encontrado em albatrozes e pinguins. Também se espalhou para mamíferos antárticos, com mortes em massa de elefantes-marinhos e focas. O vírus também está se espalhando nas populações de animais selvagens no Ártico. Em dezembro, foi confirmado que o primeiro urso polar morreu de H5N.”
Já o New York Times mostra o número assombroso de aves na Antártica (são poucas espécies, mas com populações imensas): A região Antártida proporciona um território crítico de reprodução para mais de 100 milhões de aves, bem como focas, leões-marinhos e outros mamíferos marinhos.
“Um dos maiores desastres ecológicos dos tempos modernos”
O jornal inglês alerta que os pesquisadores escreveram em um artigo de pesquisa pré-impresso, em novembro do ano passado que: “Se o vírus começar a causar eventos de mortalidade em massa nas colônias de pinguins, isso pode sinalizar um dos maiores desastres ecológicos dos tempos modernos”.