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A caça às baleias: em declínio na Islândia

A caça às baleias: em declínio na Islândia

A temporada baleeira da Islândia vai de meados de junho a meados de setembro. Anualmente, cerca de 400 baleias, entre anãs, e comuns, são mortas no país. Contudo, neste ano o ministro da Alimentação, Svandis Svavarsdottir, tomou a decisão de interromper temporariamente a caça às baleias até 31 de agosto, em nome do bem-estar animal. A imprensa diz que ‘provavelmente não retomarão a temporada depois de agosto’. Esta é uma boa notícia. Atualmente, Japão, Islândia, Noruega e Ilhas Faroe, um departamento da Dinamarca, ainda praticam a matança. O euronews informou que o ministro islandês ameaçou ‘uma proibição total’.

Baleia fin
Baleia fin. Imagem, Richard McLanaghan / © IFAW.

Lei de Bem-Estar Animal da Islândia

Aos poucos, o mundo civilizado vai abandonando a barbárie contra os animais. O euronews diz que ‘segundo um relatório da Autoridade Alimentar e Veterinária da Islândia, o tempo que leva para matar uma baleia viola a lei do país. Vídeos divulgados recentemente pela organização revelaram que uma caçada à baleia em 2022 durou cinco horas’.

Enquanto isso, o ministro Svavarsdottir declarou que “Se o governo e os licenciados [de caça] não puderem garantir os requisitos de bem-estar de acordo com a Lei, essa atividade não terá futuro”. O euronews  informou ainda que ‘nos últimos anos as capturas diminuíram devido ao declínio da demanda pela carne dos cetáceos’.

Ao mesmo tempo, uma pesquisa recente sugere que 51% da população da Islândia se opõe à caça às baleias, em comparação com 42% há apenas quatro anos.’

Por outro lado, um relatório independente divulgado pela Autoridade Alimentar e Veterinária da Islândia – encomendado pelo ministro Svavarsdottir – revelou que algumas baleias mortas em caçadas islandesas levaram até duas horas para morrer. 41 por cento das quais sofrem imensamente antes de morrer’.

Recentemente a Inglaterra tomou medida semelhante quanto aos polvos. Em 2022 o Reino Unido reconheceu os polvos como “seres sencientes”, após uma revisão independente de 300 estudos científicos pela London School of Economics and Political ScienceA revisão apresentou evidências irrefutáveis ​​de que os polvos são capazes de sentir dor, bem como excitação e prazer.

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A ideia dos ingleses é evitar que  os polvos para consumo continuem sendo fervidos vivos, espancados na cabeça, sufocados ou congelados no gelo. Não deixa de ser um avanço, ainda que seja impossível fiscalizar como os consumidores matarão os animais. Entretanto, há que se reconhecer que, em seguida, a Islândia adotou prática semelhante na caça às baleias, e pelo mesmo motivo: o sofrimento animal.

Alívio entre os protetores de animais

De acordo com o euronews, “A Humane Society International está emocionada e aliviada com esta notícia”, disse Ruud Tombrock, diretor executivo da HSI Europe. “Não há maneira humana de matar uma baleia no mar, por isso pedimos ao ministro que torne isso uma proibição permanente.”

O site da IFAW (International Fund for Animal Welfare) também repercutiu a novidade. “Esta pode ser a chamada final para a caça comercial de baleias na Islândia”, disse Sharon Livermore, Diretora de Conservação Marinha da IFAW. “Uma morte instantânea não pode ser garantida para essas baleias, e o sofrimento é inimaginável. Claramente, o governo islandês não vê futuro nessa prática ultrapassada”.

O site ainda lembrou que ‘Mais de 1.900 baleias fin e minke foram mortas na Islândia desde que a moratória da Comissão Baleeira Internacional (IWC) sobre a caça comercial entrou em vigor em 1986. As baleias-fin são os segundos maiores mamíferos da Terra, crescendo em média até 20 metros de comprimento e pesando cerca de 38 a 50 toneladas. Elas são nadadoras rápidas e só são superadas em tamanho pelas baleias azuis. Globalmente, a espécie é considerada Vulnerável na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN.

Moratória da caça às baleias, entenda a sequência

A caça às baleias é tão longa quanto a história da humanidade. Ela foi documentada em muitas fontes – desde a arte rupestre neolítica. Evidências arqueológicas sugerem a caça primitiva à baleia pelos Inuits e outros no Atlântico Norte e no Pacífico Norte, por volta de 3000 a.C.

Contudo, em 1982, a Comissão Baleeira Internacional (IWC) tomou a decisão de estabelecer  uma moratória da caça comercial que entrou em vigor em 1986. Entretanto, ao contrário de outras nações baleeiras, a Islândia não fez uma ‘objeção’ a ​​essa decisão – em vez disso, uma vez que a proibição estava em vigor, continuou um pequeno programa de “caça científica de baleias” até 1989.

A Islândia saiu abruptamente do IWC em 1992, mas voltou a ingressar em 2002, desta vez fazendo uma ‘reserva’ contra a moratória. O país, então, recomendou a caça comercial de baleias sob sua reserva de moratória da IWC em 2006, resultando em uma cota autoalocada de baleias fin e minke. O mesmo artifício usado pelo Japão.

Segundo a IFAW, novas renovações das cotas de caça de baleias de cinco anos podem prejudicar ainda mais as relações internacionais da Islândia, inclusive com os EUA, que têm sanções diplomáticas (as chamadas sanções de Emenda Pelly) em vigor contra a Islândia desde 2014, devido a suas atividades baleeiras comerciais.

Com sorte, em breve teremos apenas três países caçando baleias em vez dos atuais quatro. E isso é algo para comemorar.

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