A batalha de Trafalgar e a morte de Horatio Nelson
A batalha naval histórica ocorreu durante as Guerras Napoleônicas. Antes, em 1700, Inglaterra e França disputaram influência na Índia. Buscavam substituir Portugal, dominar o comércio de especiarias e expandir seus produtos. A Inglaterra venceu. Na Guerra dos Sete Anos (1756), a coligação britânico-prussiana derrotou a França, que perdeu o Canadá para a Grã-Bretanha e a Louisiana para a Espanha. Com Napoleão Bonaparte no poder em 1799, após a Revolução Francesa, as tensões entre Inglaterra e França intensificaram-se. A guerra interna na França alarmou outras monarquias, levando à formação da Primeira Coligação em 1793, com Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra contra a França. Em 1804, Napoleão estabeleceu o Império Francês e começou sua expansão. Este cenário antecedeu a batalha de Trafalgar em 1805.
A Invasão da Inglaterra
Preocupados com Napoleão, os britânicos agiram rápido. Em 1803, antes que ele pudesse fortalecer suas forças, a Inglaterra declarou guerra. Os franceses planejaram invadir a Grã-Bretanha rapidamente, antes que os britânicos formassem alianças com Rússia e Áustria.
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Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemMunicípio de São Sebastião e o crescimento desordenadoFrota de pesca de atum gera escândalo e derruba economia de MoçambiqueRuanda, líder global na redução da poluição plásticaNapoleão almejava a riqueza da Inglaterra e suas colônias para a França. Formou um exército de 167.000 homens, enorme para a época. O novo imperador tinha planos claros para quando capturasse Londres. Ele declarou: “Com a ajuda de Deus, vou pôr fim ao futuro e à própria existência da Inglaterra.”
Horatio Nelson
O Almirante Nelson é um dos maiores comandantes militares e um herói não convencional. Frequentemente desobedecia ordens superiores e tinha sucesso. Ingressou na marinha aos 12 anos, tornando-se capitão aos 20. Explorou o oceano Índico e fez uma expedição ao Ártico.
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Em 1794, perdeu um olho no cerco de Calvi. Lutou nas batalhas do Cabo de São Vicente e de Santa Cruz de Tenerife contra espanhóis aliados da França. Perdeu seu braço direito, mas capturou dois navios inimigos, ganhando o título de contra-almirante.
Com a guerra contra a França em 1793, Nelson comandou a Agamemnon. Foi encarregado de proteger aliados britânicos no Mediterrâneo e combater revolucionários em Toulon, incluindo Bonaparte.
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Conheça o navio de guerra mais antigo do mundo ainda em serviçoNaufrágio com 3.300 anos muda compreensão da navegação no mundo antigoO último navio de Shackleton, o Quest, é encontradoNelson era um estrategista brilhante e muitas vezes foi capaz de surpreender seus inimigos por táticas audaciosas. Na Batalha do Nilo, em 1798, sua ousadia e coragem surpreendeu completamente os franceses quando navegou seus navios entre a costa e a frota francesa.
As armas francesas que vigiavam a costa não estavam prontas para a ação, porque acreditava-se que Nelson não poderia atacar a partir dessa posição!
Promovido a vice-almirante em 1801, Nelson comandou o ataque a Copenhague, destruindo a frota dinamarquesa, o que lhe rendeu o título de visconde. Tornou-se contra-almirante, foi sagrado cavaleiro e recebeu o comando da frota do Mediterrâneo.
Em 13 de setembro de 1805, Nelson, após dois meses de recuperação, foi convocado para combater as frotas francesa e espanhola aliadas em Cádiz. Ele partiu, sem saber que seria sua última batalha.
Nelson se preparou para enfrentar a poderosa esquadra franco-espanhola, ancorada perto do cabo de Trafalgar, logo acima do estreito de Gibraltar, na costa sudoeste da Espanha.
A construção da marinha britânica
Construtores de navios iniciaram a quilha do HMS Victory, famoso navio de Horatio Nelson, em julho de 1759, no estaleiro Chatham Dock no rio Medway, em Kent. A construção exigiu cerca de 6.000 árvores, 90% delas de carvalho, algumas com espessura superior a meio metro.
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Essas árvores, com mais de 400 anos, presenciaram eventos históricos como a circum-navegação de Francis Drake e a destruição da Invencível Armada.
O HMS Victory, equipado com 100 armas e com capacidade para até 875 marinheiros, foi lançado ao mar em maio de 1765. Alguns historiadores atribuem a construção naval inglesa dos séculos XVIII e XIX como uma causa significativa do desmatamento nas Ilhas Britânicas.
Na Batalha de Trafalgar, a principal força de Nelson compreendia 8 navios de guerra de três conveses carregando mais de 90 armas cada. O enorme navio espanhol Santissima Trinidad carregava 120 armas e as armas de Santa Anna 112.
No final do século XVIII, a Marinha Britânica consumia 50.000 cargas de carvalho por ano, quase um quarto do total necessário no país, para manter seus estaleiros funcionando. A Grã-Bretanha então começou a construir navios em suas colônias, incluindo o Caribe, as Américas e a Índia.
Durante esse período, a Coroa enviava diplomatas aos países bálticos, ricos em madeira, para assegurar um suprimento contínuo de materiais navais para a Inglaterra. Simultaneamente, buscava negar esses recursos a inimigos marítimos como a França.
A batalha de Trafalgar
A campanha naval começou como parte do plano de Napoleão Bonaparte para invadir a Grã-Bretanha no verão de 1805. Napoleão precisava ganhar o controle do Canal da Mancha para permitir que seu grande exército o cruzasse. Ao mesmo tempo, procurava uma oportunidade para atacar a Grã-Bretanha, sem ter que lutar contra Nelson e a Marinha Real.
Para conseguir isso, ele ordenou que os três esquadrões da frota francesa bloqueados em Brest, Toulon e outros portos saíssem, se reunissem nas índias Ocidentais e depois retornassem como uma frota para ganhar o controle do Canal.
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Em março, a esquadra do almirante Villeneuve em Toulon conseguiu escapar do bloqueio britânico, juntou-se a uma esquadra espanhola e partiu para as Índias Ocidentais. Nelson perseguiu-o na mais ousada de todas as suas campanhas.
Villeneuve voltou para a Europa ao perceber que Nelson estava em seu encalço. Contudo, depois de uma pequena batalha ao largo do Cabo Finisterra, Villeneuve acabou bloqueado em Cádiz.
Enquanto isso, Napoleão reconheceu que a invasão era agora impossível, então marchou com o seu exército para enfrentar a ameaça representada pela Áustria e pela Rússia no leste.
Saída de Villeneuve de Cádiz
A frota de 27 navios de Nelson esperava agora a saída de Villeneuve de Cádiz. Em 1805, Nelson já era um herói nacional, considerado o comandante naval final.
Nelson enfrentaria 33 navios da França e Espanha. No final de setembro, ele revelou seu plano aos capitães: dividiria a frota em duas colunas para romper a linha inimiga e dominar as seções central e traseira da frota adversária. O vice-almirante Lord Nelson pretendia envolver em uma emboscada a frota franco-espanhola no Cabo de Trafalgar, no sudoeste da Espanha.
Em 19 de outubro, uma fragata britânica perto de Cádiz avistou a frota franco-espanhola deixando o porto. Essa frota incluía o Santissima Trinidad de 120 canhões, o maior navio do mundo na época. Villeneuve, o comandante francês, tinha ordens para invadir o Mediterrâneo.
Nelson antecipou cada movimento do inimigo
Nelson antecipou cada movimento do inimigo. Na manhã do dia 21, as frotas já estavam visíveis uma à outra. Ele formou sua frota em duas colunas para um ataque arriscado, expondo seus navios ao fogo inimigo. Sabendo que uma tempestade se aproximava, precisava agir rápido.
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A frota britânica avançou em duas colunas diretamente contra os franceses. Nelson liderou a primeira, mirando no navio-almirante inimigo, enquanto a segunda coluna, comandada pelo almirante Cuthbert Collingwood, tinha o objetivo de desorientar e destruir os inimigos já confusos.
Trafalgar foi uma ação de frotas muito próximas. Navios manobraram até o inimigo e abriram fogo em uma distância de alguns metros.
“A Inglaterra espera que cada homem cumpra seu dever”
Enquanto seus navios se aproximavam do inimigo, Nelson percorreu o convés do HMS Victory, animando a tripulação. Ele havia enviado o famoso sinal: “A Inglaterra espera que cada homem cumpra seu dever.”
Por volta das 12h35, a linha inimiga côncava permitiu que o Victory abrisse fogo. Em seguida, ao se posicionar na popa do Bucentaure, navio-almirante francês, o Victory disparou uma salva dupla devastadora, ferindo ou matando mais de 200 homens. O almirante Villeneuve era o único de pé no convés do Bucentaure.
O Redoutable bloqueou o caminho do Victory, e Nelson se viu lutando contra três navios no meio da frota inimiga. Os franceses do Redoutable abordaram o Victory e iniciaram uma luta corpo a corpo, mas foram rechaçados.
Mesmo assim, Nelson conseguiu desferir o golpe decisivo. Villeneuve foi capturado em um navio semidestruído, e o centro franco-espanhol mergulhou no caos.
Apesar de Nelson ter sido mortalmente ferido por volta das 13h15, a batalha continuou. A artilharia britânica, mais rápida e eficaz, desgastava constantemente as forças inimigas. Em três horas, a frota franco-espanhola começou a colapsar.
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Villeneuve se rendeu
Às 14h15, o almirante Villeneuve se rendeu. A estratégia superior de Nelson, o poder da Marinha Real e a falha do esquadrão francês em prestar ajuda determinaram o fracasso de Villeneuve.
A vitória teve um alto custo: cerca de 1.700 britânicos mortos ou feridos, contra 6.000 vítimas inimigas e quase 20.000 prisioneiros. A tempestade que se seguiu à batalha aumentou as perdas, tanto de vidas quanto do navio-capitânia de Villeneuve.
A morte de Horatio Nelson
Lord Horatio Nelson morreu baleado no auge da batalha, apesar da vitória inglesa. Preservaram seu corpo em álcool para a viagem de volta. Ele chegou ao Royal Hospital for Seamen, em Greenwich, agora o Old Royal Naval College, em 24 de dezembro de 1805.
Nelson é um dos mais cultuados heróis ingleses. Para Byron, ele era o “Deus da Guerra da Bretanha”. Foi enterrado na Catedral de São Paulo. O rei George III premiou com medalhas os oficiais superiores e capitães dos navios de linha de Trafalgar. Uma pesquisa feita em 2008 revelou que Nelson é o maior herói militar da Grã-Bretanha de todos os tempos.
A Batalha de Trafalgar cimentou a reputação da Grã-Bretanha como governante dos mares e demonstrou que a Marinha Real tinha superioridade em treinamento, profissionalismo e experiência em táticas navais que a diferenciavam de seus rivais. Em 1809 havia mais de 140.000 homens servindo em 732 navios. A partir deste ponto e até a Segunda Guerra Mundial, a marinha inglesa dominou os mares do planeta.
O HMS Victory foi remodelado e preservado como uma relíquia. Ele ainda faz parte da Marinha Real e pode ser visitado no Portsmouth Historic Dockyard.
Fontes consultadas: Napoleon’s planned invasion of England: what went wrong?; Why the Battle of Trafalgar was so important for Britain; The Royal Navy’s war on trees; Horatio Nelson; Horatio Nelson, o Almirante Nelson; The Battle of Trafalgar 1805; The Battle of Trafalgar; Bataille de Trafalgar : victoire britannique du 21 octobre 1805; Battle of Trafalgar.