William Fife, construtor dos mais lindos veleiros do mundo
Ele fez parte da terceira geração de uma família de construtores navais. Nasceu em uma pequena aldeia escocesa, Fairlie, em 1857, filho e neto de designers e construtores navais. O estaleiro da família ficava numa pequena praia da aldeia natal, inaugurado pelo avô em 1790. Rapidamente, ficou conhecido como William Fife III, superando a reputação do pai, e do avô. Acima de tudo, era excelente artesão interessado em construir os mais refinados barcos à vela. As ‘obras de arte’ de William Fife, de tão belas e perfeitas, navegam até hoje.E formam uma confraria dos mais lindos veleiros jamais projetados.
William Fife, construtor dos mais lindos veleiros do mundo
O velejador francês, Eric Tabarly, lenda da vela mundial, e dono de um William Fife o Pen Duick (de 1898), o definiu:
Os grandes designers do período foram Herreshoff , George Lennox Watson, Charles E. Nicholson e William Fife. Entre estes, Fife adquiriu uma reputação particular graças à arte e ao equilíbrio dos seus designs. Além disso, os seus projetos, que tomaram forma em seu quintal, eram de construção incomparável.
A reputação de Fife como construtor se agigantou de tal forma que poucos sabem que ele também construiu barcos maiores.
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Atualmente, acredita-se que ainda existam menos de 100 designs de Fife. Destes, cerca de cinquenta ainda navegam pelo mundo.
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Breve biografia
Em 1881, aos 24 anos, assumiu a gerência do Culzean Ship Building and Engineering, estaleiro que existe até hoje com o nome Alisa Shipbuilding Co, então, de um de seus clientes o Marquês de Ailsa. Em seu pequeno estaleiro familiar, Fife não poderia construir barcos maiores. No estaleiro Culzean foram lançados cascos de até 50 m de comprimento.
Foi ali que nasceu sua reputação mundial. No Culzean, lançou um clássico da vela que o tornou famoso, Clara, um cutter (tipo de armação de um mastro com vela grande e uma ou mais velas de proa) de 21m de comprimento por 3 m de largura. Pouco depois, Fife lançava outro pequeno cutter, Vagrant que, aparentemente, é o mais antigo barco de Fife ainda a navegar.
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Viagem-sonho pelo oceano AustralTempestade dantesca na Córsega, saiba maisVelejadores concluem travessia da Passagem do NoroesteEm 1886, deixa o Culzean para se dedicar totalmente ao estaleiro da família. Logo, entraria no ramo dos barcos de regata.
Aconteceu em 1887, durante a America’s Cup (o ápice do iatismo mundial, disputado pela primeira vez em 1851), quando Fife acompanha George Watson, arquiteto do barco desafiante, o britânico Thistle, derrotado pelo norte-americano Volunteer. Fife fez amigos e clientes entre os espectadores.
A dinastia Fife
Para o www.fiferegatta.com, ‘O primeiro e o segundo William Fife tinham um gênio natural, eram artesãos por seus próprios méritos e sabiam como tirar o melhor proveito de um barco enquanto navegava. O terceiro William Fife, chegou a uma empresa já bem estabelecida e com reputação mundial’.
‘William Fife III teve um treinamento mais formal do que seu pai e avô, mas, a centelha de gênio foi passada para a terceira geração’.
‘O terceiro William Fife é provavelmente o mais famoso e lembrado por seus designs para os desafiadores da America’s Cup Sir Thomas Lipton, os veleiros Shamrock I e Shamrock III‘.
‘Morreu em 1944 e seu sobrinho, Robert Balderston ,vendeu o negócio após a Segunda Guerra Mundial’.
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America’s Cup e os barcos de Fife
Sir Thomas Lipton foi um empresário e velejador escocês, criador da marca de chá Lipton e mais conhecido como o desafiante mais persistente da America’s Cup e por nunca a ter vencido.
BBC, ‘Lipton foi um magnata, publicitário, filantropo e esportista considerado o melhor perdedor do mundo (por nunca ter vencido a America’s Cup).
E, sobre a regata mais famosa do mundo, explica, ‘A America’s Cup é o troféu esportivo internacional mais antigo do mundo. A América a que ele se refere não é o continente, mas um barco de mesmo nome, construído por membros do New York Yacht Club’.
Barrado no baile
BBC: ‘Mas, quando Lipton se candidatou para entrar no prestigioso Royal Yacht Squadron, descobriu que riqueza e prestígio nem sempre eram suficientes para superar o esnobismo. Acabou rejeitado’.
‘Decidiu, então, se juntar ao Royal Ulster Yacht Club, com sede em Bangor, Irlanda do Norte. Na primeira competição, em 1899, conquistou os corações de muitos irlandeses-americanos’.
‘Seu veleiro chamava-se Shamrock e, embora tenha perdido a regata, foi um vencedor em outros aspectos. O empresário competiu novamente na Copa América em 1901 e 1903, com novos veleiros, o Smrock II e III, mas, novamente sem sucesso’.
Alguns veleiros William Fife à venda
Ao pesquisarmos na net demos com vários veleiros do mestre à venda. Os preços variam de US$ 121.000 até US$ 3.950.000, dependendo do tamanho e estado da embarcação.
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A beleza de cima, construída em 1911, por exemplo, sai por US$ 3.100.000.
O Mar Sem Fim a bordo do Shamrock V
Em 2014, este escriba teve o privilégio de navegar a bordo de outra obra de arte chamada Shamrock V. Navegar, apenas, não. Participamos de uma regata clássica, depois de um cruzeiro pela Sardenha.
Foi uma das experiências mais fascinantes de minha vida de marinheiro. O Shamrock V foi mais uma encomenda de Sir Thomas Lipton ao arquiteto naval Charles Nicholson, rival de William Fife, mas, tão refinado quanto.
Construído em madeira, tem 120 pés de comprimento, 81 pés de linha d’água, 134 toneladas, e sua área área vélica é de 7,540 metros quadrados.
Regata Panerai de veleiros clássicos, Itália, porto de Santo Stefano, 2014
A competição é, na verdade, uma série de regatas que acontece durante uma semana. Enfrentamos vários dos veleiros de William Fife III. Para nós, não se tratou de competição, mas, de um show de beleza náutica inigualável.
Participar de um evento de veleiros clássicos, para quem é do mar, é uma experiência inesquecível que aproveitamos para dividir com você neste post.
Assista ao vídeo que fizemos
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Conheça o Shamrock V por dentro
Imagem de abertura: arquivo MSF