❯❯ Acessar versão original

Você conhece a cidade subaquática de Port Royal, Jamaica?

Você conhece a cidade subaquática de Port Royal, Jamaica?

‘Port Royal se enquadra na categoria de “locais catastróficos”, ambientes que são devastados por algum desastre natural e em ato de destruição, preservados in situ. Depois de apenas 37 anos de existência, a movimentada cidade literalmente afundou no porto em questão de minutos, permanecendo perfeitamente preservada como estava no dia do terremoto’. Assim o site de patrimônios mundiais da UNESCO descreve a cidade jamaicana tragada por um tsunami. O desastre aconteceu em 7 de junho de 1692, às 11hs40′.  Três choques violentos, cada um mais forte que o anterior, rasgaram a terra, seguidos por um maremoto gigante. Duas mil pessoas morreram imediatamente e outras 3.000 morreram de ferimentos e doenças pouco depois.

Escavação submarina
Escavação submarina em 1981. Imagem, © Texas A&M University (TAMU).

Valor Universal Excepcional, segundo a UNESCO

No auge de sua história, Port Royal representou o epicentro do comércio mercantil britânico no século XVII. Tinha características típicas de uma cidade portuária colonial inglesa, mas se destacava por sua riqueza de consumo sem precedentes, as festas dos bucaneiros e uma classe média próspera.

Em 1692,  a magnífica cidade foi abalada por um terremoto gigante, seguido por um tsunami que a engoliu em questão de minutos. Tudo que restou foi um registro detalhado e permanente  no fundo do mar. É por isso que a  UNESCO  defende a atribuição do título de Patrimônio Mundial da Humanidade para Port Royal.

Assentamento inglês economicamente mais significativo nas Américas

O site oficial de Port Royal informa que Boston, Massachusetts, e Port Royal, Jamaica, eram as duas maiores cidades sob controle inglês nas Américas no final do século XVII.

Gravura de Port Royal por volta de 1690. Imagem, www.amaicaportroyal.com.

Essa cidade nas Índias Ocidentais serviu como quartel-general da Marinha Real no Caribe, onde Horatio Nelson, que era um jovem oficial da Marinha na época, estava baseado. O que restou dela é agora uma tranquila vila de pescadores na baía de Kingston. A população é pequena e não muito rica, mas eles são orgulhosos: se consideram “Port Royalists”.

Port Royal sendo engolida pelo tsunami. Imagem, www.amaicaportroyal.com.

Contudo, os espanhóis foram os primeiros a chegarem vindos com Cristóvão Colombo em 1494. A importância principal da ilha para os espanhóis se devia à sua localização próxima de rotas comerciais e à sua conveniência como porto para reparo de navios e limpeza de cascos. Os espanhóis mantiveram o controle da ilha por cerca de 146 anos, até que ela foi conquistada pelos britânicos em 1655.

PUBLICIDADE

Piratas e corsários

(Os trechos deste subtítulo são do site www.medium.com).

Port Royal, pré-1692. Fonte, www.medium.com.

Em 1657, o governador do assentamento, Edward D’Oley, encontrou uma solução única para suas preocupações com a defesa. Ele convidou um grupo de corsários chamados Brethren of the Coast  para tornar Port Royal seu porto de origem e ajudar a proteger o tesouro que contribuiu para torná-la a colônia mais rica do império britânico.

Os piratas e a pirataria não apenas influenciaram a política da região, mas também tiveram um papel na economia. Os corsários receberam reconhecimento oficial da Coroa Britânica, o que significa que obtiveram uma “carta oficial” (basicamente uma licença de pirata) e foram obrigados a pagar uma parte de seus saques ao governo da cidade.

Gravura do terremoto em Port Royal. Fonte, www.medium.com.

O resto do saque podia ser gasto pelos próprios corsários. Em 1689, quase metade da população da cidade estava envolvida no comércio de corsários, e os resultados foram ainda mais surpreendentes do que se poderia imaginar.

Diz-se que cerca de 25% da cidade eram bordéis ou bares. Na sua história da Jamaica, Charles Leslie escreveu sobre o que aconteceu com piratas ricos como estes:

O vinho e as mulheres esgotaram a sua riqueza a tal ponto que […] alguns foram reduzidos à mendicância. Sabe-se que  gastavam 2 ou 3.000 moedas de ouro em uma noite; e um deu 500 para uma prostituta só para vê-la nua. Compravam um barril de vinho, colocavam na rua e obrigavam todos que passavam a beber.

“A cidade mais rica, devassa, e perversa do mundo”

Com o perdão do bordão, Port Royal era um covil de piratas. Os legendários Barba Negra  e Calico Jack eram dois de seus habitantes, daí vem ‘a cidade mais perversa do mundo’.

Casa submersa. Imagem, www.inforulz.com.

E, em razão da devassidão, muitos à época acreditaram que a catástrofe seria uma punição de Deus.

PUBLICIDADE

No entanto, hoje em dia, considera-se a cidade submersa  um dos sítios arqueológicos subaquáticos mais importantes do hemisfério ocidental. A área é um tesouro histórico onde os estudos prosseguem por várias instituições. Ela faz parte de um seleto grupo de sítios que inclui Pompéia e Herculano na Itália.

Linha da costa em Port Royal, antes e depois do desastre. Imagem, www.amaicaportroyal.com.

Esse grupo compartilha um destino comum: um desastre ou evento natural que fez o “tempo congelar”. Por isso, são locais excelentes para estudos arqueológicos e históricos.

Imagem do site www.cvmtv.com que informa: O governo alerta o público para ficar longe da cidade submersa  depois que a polícia prendeu mergulhadores na área restrita.

Em 1907, outro terremoto devastou grande parte do que ainda existia de Port Royal, e hoje a cidade é apenas uma lembrança do que já foi.

Assista ao vídeo, Underwater Pirate Tavern | National Geographic

Como Singapura pode ensinar o País de Lula e Marina Silva?

Sair da versão mobile