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Vírus da gripe aviária mata milhões de aves mundo afora

Vírus da gripe aviária mata milhões de aves mundo afora

Desde 2020 o vírus da gripe aviária, H5N1, tem dizimado aves marinhas e de criação, e outros mamíferos marinhos em quase todos os continentes. O vírus é altamente contagioso e afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres. Ocasionalmente, pode infectar mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos, além do ser humano. Em 2023 a gripe chegou à Antártica, preocupando os cientistas com as populações isoladas de pinguins e focas, nunca expostas ao mortal vírus H5N1.

frango
Imagem, ONU.

Em 18 de outubro de 2023, o jornal El País, em sua edição do Chile, destacou: “O epicentro da pior crise de gripe aviária da história, com 250 milhões de aves abatidas, avança em direção à Europa”. O texto detalha que a humanidade enfrenta a pior crise de gripe aviária já registrada. Desde o ressurgimento da doença na temporada 2020-2021, o mundo abateu pelo menos 250 milhões de aves de criação para conter os surtos, segundo o epidemiologista indiano Vijay Dhanasekaran, da Universidade de Hong Kong.

Carnificina  “devastadora” para os gansos dos EUA

Agora, em dezembro de 2024, o New York Times revelou que em maio de 2022, quando muitas fêmeas de gansos do norte estavam se preparando para colocar seus ovos as aves começaram a morrer em massa. “Milhares de gansos do norte começaram a aparecer em nossas costas”, disse Stephanie Avery-Gomm, bióloga de aves marinhas e cientista pesquisadora da Environment and Climate Change Canada.

O culpado, segundo o Times, um vírus da gripe aviária, conhecido como H5N1, que havia chegado recentemente à América do Norte. Ao longo dos meses que se seguiram, o vírus atravessou a região, matando dezenas de milhares de gansos do norte.

Mais uma ave morta pelo vírus. Imagem, www.rspb.org.uk.

A carnificina era “devastadora”, disse a Dra. Avery-Gomm. “Você tem que endurecer seu coração para trabalhar nesse tipo de escala de mortalidade.”

Quatro milhões de aves mortas no Alasca

A avifauna dos Estados Unidos já foi severamente abalada neste ano, segundo outra matéria do New York Times. O jornal explica que as sucessivas ondas de calor marinho continuam provocando vítimas. Cerca de metade dos murres comuns do Alasca, um tipo de mergulhão, ou algo em torno de quatro milhões de aves marinhas, morreram como resultado da onda de calor marinha.

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As aves marinhas foram vítimas de um efeito dominó de alterações oceânicas associadas às águas quentes, de acordo com um conjunto crescente de investigação. Isso afetou a vida marinha, desde o plâncton até às baleias jubarte. Para os mergulhões, o efeito foi crítico, provocou um colapso dos peixes de que dependem.

A próxima pandemia?

O New York Times  especula se esta pode ser a próxima pandemia. Desde que uma nova versão do H5N1 surgiu em 2020, os cientistas ficaram cada vez mais preocupados com o fato de o vírus poder desencadear a próxima pandemia, infectando pessoas em todo o mundo.

Mas para as aves selvagens do mundo, a perspectiva de um surto mortal e incontido não é teórica. O vírus já dizimou populações de aves em todo o mundo, com contagens de corpos que às vezes podem ser impressionantes: cerca de 24 mil cormorões do Cabo mortos na África do Sul, mais de 57 mil pelicanos mortos no Peru.

Historicamente, o H5N1, que existe há décadas, afetou principalmente aves de criação. Mas o vírus está em constante evolução, e a versão que surgiu em 2020 “foi um tipo diferente de besta”, disse Rebecca Poulson, especialista da Universidade da Geórgia. Parecia muito melhor adaptado às aves selvagens, que logo levaram o patógeno em todo o mundo, para lugares tão remotos quanto a Antártida.

Desde outubro de 2021, os países relataram à Organização Mundial da Saúde Animal a morte de mais de 117 mil aves selvagens, pertencentes a 315 espécies em 79 nações.

Imagem YouTube.

Muitas mortes de aves selvagens passam despercebidas e não são reportadas, o que amplia ainda mais a gravidade do problema. Gregorio Torres, líder do departamento de ciência da organização, considera essa situação a maior ameaça para as aves selvagens “em uma geração”.

O vírus na América do Sul

O vírus também atravessou as populações de gaivotas do mundo. Ele eliminou cerca de 36% dos pelicanos do Peru e 13% dos pinguins Humboldt do Chile. E matou tantos grandes skuas que a Grã-Bretanha adicionou as aves à sua “lista vermelha” de espécies de maior preocupação de conservação.

Chile. Imagem, mediospublicos.uy.

Algumas espécies de mamíferos marinhos também sofreram perdas significativas, especialmente na América do Sul, onde pelo menos 24 mil leões marinhos morreram em 2023.

Na Argentina, o vírus matou cerca de 17.400 filhotes de elefante-marinhos do sul, estimaram os cientistas. O surto, que entrou em erupção durante a época de reprodução do ano passado, também parece ter eliminado muitos dos adultos mais bem sucedidos reprodutivamente, que normalmente dominam as praias naquela época do ano.

Imagem, www.eldinamo.cl.

Sobre a letalidade na América do Sul o Animal Survival International explica: ‘O que aconteceu é que este vírus encontrou seu caminho para a América do Sul pela primeira vez. Na Europa, e até certo ponto na América do Norte, tivemos casos como este nos últimos anos … então eles vão construir alguma imunidade. Mas as aves na América do Sul não viram esse vírus antes. Isso pode explicar por que as taxas de mortalidade são tão altas’.

O Brasil é criticado

O Animal Survival International expôs uma crítica à posição brasileira. ‘O Peru tem sido muito ativo no registro de mortes por gripe aviária, mas outros países têm sido menos abertos sobre o que está acontecendo, disse Ian Brown, diretor de serviços científicos da Animal and Plant Health Agency (Apha) do Reino Unido. Por exemplo, o Brasil – o maior exportador de carne de frango do mundo – foi um dos últimos países a confirmar que tinha casos em aves selvagens, seis meses depois dos relatos do Peru. Há também o problema de os países não terem recursos suficientes para informar sobre o impacto do vírus, disse Brown’.

Antártica

Cientistas permanecem profundamente preocupados com a possibilidade de mortes em massa na Antártica, onde o vírus H5N1 chegou recentemente. “Esse vírus ainda não está presente naquela parte do mundo”, afirmou o Dr. Wille. Além disso, o H5N1 ainda não atingiu a Austrália ou a Nova Zelândia, países que abrigam aves únicas e altamente ameaçadas.

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Atualmente, especialistas concordam que o vírus se disseminou de tal forma entre as aves selvagens que sua erradicação é inviável. A Austrália e a Nova Zelândia estão intensificando medidas preventivas contra a possível chegada da gripe aviária, reforçando a biossegurança em fazendas, monitorando aves costeiras para detectar doenças e vacinando espécies vulneráveis.

Neste ponto, os especialistas concordam, o vírus tornou-se tão difundido em aves selvagens que não pode ser eliminado.

Aí está, anote em sua caderneta mais ‘esta contribuição’ da nossa geração para a preservação da biodiversidade para as futuras gerações. Viva nosso modo de vida!!

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