Tripulação do submarino Titan ”sabia que morreria’
A tripulação do submarino Titan sofreu “angústia terrível e mental” antes do desastre. Já o operador, cometeu ‘negligência grave’. Noventa minutos depois do início do mergulho, o Titan liberou seu lastro indicando que, por algum motivo, provavelmente a percepção de um defeito, tentaram abortar a descida. Estas são acusações que constam do processo da família do francês Paul-Henri Nargeolet, um dos cinco mortos durante a viagem ao local dos destroços do Titanic, em junho de 2023. Durante alguns dias o mundo acompanhou, apreensivo, a procura pelos tripulantes. Com estes argumentos, a ação judicial pede US$ 50 milhões de indenização à empresa OceanGate, dona do Titan.
Uma ideia errada do começo ao fim
Desde o início das buscas, a partir de 18 de junho de 2023, especialistas do setor criticaram a OceanGate por optar em não buscar a certificação e operar como um submarino experimental. Além disso, desde a primeira vez que escrevemos sobre o Titan em 2021, reproduzimos uma declaração sobre as ‘vantagens’ do material escolhido, agora em xeque, escolhido por Stockton Rush fundador da OceanGate Expeditions e criador do submersível.
‘A principal diferença está na capacidade da fibra de carbono de suportar pressão. Embora essa fibra seja usada com sucesso em iates e na aviação, ainda não se aplica a submersíveis tripulados.’
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O formato em ‘pílula’ e a economia visada pela OceanGate
E, segundo matéria do New York Times (14/07/2023), o formato também recebeu críticas. ‘Ao contrário da maioria dos outros submersíveis, o casco do Titan tinha o formato de uma pílula, para acomodar mais passageiros. Uma esfera é o padrão da indústria por sua melhor adequação para pressões do fundo do mar.’
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O jornal destacava ainda que, tanto os materiais, como o formato do casco, visavam economia. ‘A embarcação leve era relativamente fácil de transportar. Ela não exigia uma nave-mãe (um grande navio para transportá-lo ao local do mergulho). Em vez disso, era rebocada em um dispositivo de flutuação atrás de um navio alugado’.
‘O senso comum indica que a tripulação estava bem ciente de que ia morrer’
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Segundo a ação judicial, “A tripulação pode muito bem ter ouvido o ruído crepitante da fibra de carbono tornar-se mais intenso à medida que a pressão da água comprimia o casco. A tripulação perdeu as comunicações e talvez também a eletricidade. Segundo os peritos, teriam continuado a descer, com pleno conhecimento das falhas irreversíveis, experimentando terror e angústia mental antes do Titan implodir”.
O francês era um perito
Paul-Henri Nargeolet participou de 37 mergulhos ao Titanic, tornando-se a pessoa com o maior número de explorações no local, de acordo com a ação judicial. Reconhecido como um dos maiores especialistas no famoso naufrágio, Nargeolet foi envolvido em um caso onde os advogados descreveram o submersível como “condenado” e com uma “história conturbada”. Eles também acusaram a OceanGate de omitir informações importantes sobre a embarcação e sua durabilidade, conforme noticiado pela CNN.
A rede revelou ainda que a ação judicial descreve Rush como “um excêntrico e autointitulado ‘inovador’ na indústria do mergulho em águas profundas”.
Também morreram na ‘implosão catastrófica’, como os especialistas definiram o acidente, o aventureiro britânico Hamish Harding e dois membros de uma família paquistanesa, Shahzada Dawood e o seu filho Suleman Dawood.
Tripulante de 19 anos estava ‘aterrorizado’
Por uma destas ironias do destino, na época da tragédia a mídia informou que o rapaz de 19 anos, Suleman Dawood, estava ‘aterrorizado’ com o convite de seu pai para acompanhá-lo.
Falando à NBC News, Azmeh Dawood, irmã mais velha de Shahzada Dawood, disse que seu sobrinho Suleman estava “aterrorizado” e “não estava muito disposto a embarcar”. No fim concordou como um gesto no dia dos pais para agradar seu pai, fascinado pela história do navio afundado. Cada tripulante pagou US$ 250 mil dólares para participar do mergulho.
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Para encerrar, a rede CBC revelou que especialistas jurídicos disseram que o espólio de Nargeolet pode receber algum dinheiro com o processo, mas deve ser uma fração do valor solicitado. Também não está claro se haverá algum dinheiro disponível, já que a OceanGate encerrou as operações desde então.
Segundo a mesma fonte, para Richard Daynard, distinto professor de direito da Northeastern University, em Boston, os advogados terão dificuldade em demonstrar que a implosão e as mortes resultantes não foram instantâneas, disse. Poderia, no entanto, ser possível provar negligência, disse Daynard. Mas mesmo isso não garante um julgamento que renda tanto dinheiro.
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