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Sete dos nove limites planetários agora violados

Sete dos nove limites planetários agora violados

A marcha da insensatez humana segue rompendo os limites planetários como se não houvesse amanhã. Um novo relatório do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático (PIK), mostra que a humanidade já ultrapassou 7 dos 9 limites críticos do sistema terrestre — um a mais que no ano passado.

Planeta Terra visto do espaço
Imagem, NASA.

Os sete limites violados são: mudanças climáticas, integridade da biosfera, mudanças no uso da terra, uso de água doce, fluxos biogeoquímicos (nitrogênio e fósforo), poluição química e acidificação dos oceanos (novo em 2025). Todos esses sete limites mostram tendências de piora. Definitivamente, entramos no Antropoceno – uma era em que a atividade humana domina o sistema terrestre.

A humanidade caminha para o suicídio coletivo?

Numa das muitas tentativas de chacoalhar os líderes mundiais e tirá-los da letargia o secretário-geral da ONU cunhou mais esta frase: “A humanidade caminha para o suicídio coletivo”. António Guterrez se esforçou o quanto pôde, mas não logrou conseguir resultados.

Os nove limites planetários. Imagem, Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático.

O relatório do PIK, de Potsdam, revela que ‘o limite da Acidificação dos Oceanos foi agora avaliado como violado pela primeira vez. Essa mudança, impulsionada principalmente pela queima de combustíveis fósseis e agravada pelo desmatamento e pela mudança do uso da terra, está degradando a capacidade dos oceanos de agirem como estabilizador da Terra. Isso marca o sétimo limite transgredido, empurrando a humanidade ainda mais além da zona segura para a civilização”.

O pH da superfície do oceano

Desde o início da era industrial, o pH da superfície do oceano caiu cerca de 0,1 unidades, um aumento de 30-40% na acidez, empurrando os ecossistemas marinhos para além dos limites planetários seguros.

Corais de água fria, recifes de corais tropicais e a vida marinha do Ártico e da Antártica estão especialmente em risco. Isto acontece principalmente devido à crise do clima causada pelo homem. Quando o dióxido de carbono da queima de petróleo, carvão e gás entra no mar, ele forma ácido carbônico. Isso reduz a disponibilidade de carbonato de cálcio, do qual muitos organismos marinhos dependem para cultivar corais, conchas ou seus próprios esqueletos.

A acidificação dos oceanos é particularmente prejudicial para as regiões polares, porque a água mais fria absorve mais CO2, e a água doce derretida das geleiras e das camadas de gelo reduz a salinidade, o que acelera o processo.

Não à toa, uma nova pesquisa acaba de revelar evidências emergentes de mudanças abruptas no ambiente da Antártica. Em níveis de pH baixos o suficiente, corais e conchas podem até começar a se dissolver. Esses efeitos podem desestabilizar ecossistemas inteiros e devastar muitas espécies comercialmente valiosas, como as ostras.

O sistema operacional da Terra e os processos de suporte de vida

Segundo análise do Scientific American, a lista dos limites planetários que ultrapassamos é preocupante. O excesso de fósforo e nitrogênio proveniente do uso generalizado de fertilizantes flui para rios e mares, provocando a proliferação de algas tóxicas (além de zonas mortas, acrescentamos).

Produtos químicos artificiais, como plásticos, diclorodifeniltricloroetano (DDT) e substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas (PFAS), conhecidas como “químicos eternos”, acumulam-se de forma prejudicial nas cadeias alimentares. A agricultura e outras mudanças no uso da terra destroem florestas e diminuem a disponibilidade de água potável. E, à medida que todos esses problemas crescem, cada vez mais a biodiversidade da Terra está desaparecendo.

O reflexo deste caos climático na economia mundial

Esta nossa maneira insustentável de ser provoca outro rombo, desta vez na economia mundial. Já combalida por guerras reais e comerciais, o caos climático ameaça criar ainda mais insegurança econômica. Saiba que apenas em 2023 os desastres naturais causaram cerca de US$ 250 bilhões em danos, de acordo com estimativas.

Apesar dos limites planetários rompidos ainda há esperanças

Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático, lembrou que “estamos testemunhando um declínio generalizado na saúde do nosso planeta. Mas esse não é um resultado inevitável. A redução da poluição por aerossóis e a recuperação da camada de ozônio mostram que é possível mudar a direção do desenvolvimento global. Mesmo que o diagnóstico seja grave, ainda há uma chance de cura. O fracasso não é inevitável; o fracasso é uma escolha”.

Para saber mais assista ao vídeo

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