Seca deve causar danos que rivalizam com pandemia, alerta a ONU
O tempo vai passando e a humanidade empurrando com a barriga os problemas provocados pela superpopulação mundial. Um deles é a seca. De acordo com as Nações Unidas, a escassez de água e a seca devem causar danos em uma escala que rivaliza com a pandemia COVID-19, com riscos crescendo rapidamente à medida que as temperaturas globais sobem.
Seca deve causar danos que rivalizam com pandemia
Recentemente, fizemos um post para alertar não só sobre a seca que se abate pelo Brasil, mas pelo enorme desperdício de água que acontece por aqui. Em Falta de água e desperdício, uma enormidade no Brasil repercutimos um estudo do Trata Brasil que expõe a ineficiência do País na distribuição de água potável pelas cidades.
Acredite, quase 40% (39,2%) de toda água potável não chega de forma oficial às residências por vazamentos, fraudes e roubos, erros de medição.
Agora soma-se a isso o alerta da ONU. Mami Mizutori, representante especial da ONU para redução de risco de desastres, declarou: “A seca está prestes a se tornar a próxima pandemia e não há vacina para curá-la.”
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O relatório da ONU sobre a seca informa que as secas já provocaram perdas econômicas de pelo menos US$ 124 bilhões e atingiram mais de 1,5 bilhão de pessoas entre 1998 e 2017. Mas mesmo esses números, disse, são “provavelmente subestimativas brutas”.
O aquecimento global agora intensificou as secas no sul da Europa e na África Ocidental, disse o relatório da ONU com “alguma confiança”. E o número de vítimas deve “crescer dramaticamente” a menos que o mundo aja, disse Mizutori.
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Cerca de 130 países podem enfrentar um risco maior de seca neste século sob um cenário de altas emissões citado pela ONU.
E o cenário de ‘altas emissões’ é o que temos no momento. Mesmo a reunião de cúpula convocada por Joe Biden com 40 países convidados não surtiu os efeitos desejados. Conforme nos referimos no post Países gastam mais com petróleo que energias limpas, depois da reunião os compromissos foram quantificados por uma agência da ONU sobre meio ambiente com sede em Nairóbi, Quênia, e atingem quase 4ºC acima dos níveis pré-industriais.
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Tundra do Ártico emite mais carbono do que absorveVanuatu leva falha global em emissões à HaiaO plâncton ‘não sobreviverá às mudanças do clima’No mesmo post comentamos o ‘puxão de orelhas’ do Secretário-geral António Guterres que disse estar preocupado com o fato de as nações mais ricas terem injetado bilhões a mais em combustíveis fósseis, petróleo e carvão, do que em energia limpa desde a pandemia.
Com mais estes ‘ingredientes’ o alerta da ONU sobre as secas fica ainda mais próximo e realista.
130 países podem ser atingidos
O relatório diz que cerca de 130 países podem enfrentar um risco maior de seca neste século sob um cenário de altas emissões citado pela ONU.
Outros 23 países enfrentarão a escassez de água devido ao crescimento populacional, com 38 nações afetadas por ambos, disse o relatório.
A ONU espera secas mais frequentes e severas na maior parte da África, América Central e do Sul, Ásia Central, Sul da Austrália, Sul da Europa, México e Estados Unidos.
Ibrahim Thiaw, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, disse à Fundação Thomson Reuters que a deterioração do solo, causada em parte pela má gestão da terra, trouxe o mundo perto de “um ponto sem volta”.
Um ponto sem volta. Cada vez mais expressões como esta são usadas para descrever o momento que a humanidade atravessa. António Guterres, ao comentar sobre os investimentos de países ricos em combustíveis fósseis, declarou que “estamos chegando a um ponto de não retorno.”
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Não foi, pois, por falta de aviso. A ciência e os organismos multilaterais não falam em outra coisa faz tempo. Mas os líderes de nosso tempo parecem, ao menos momentaneamente, surdos.
Imagem de abertura: Pixabay
Fonte: https://www.reuters.com/article/us-un-drought-report-trfn-idUSKCN2DT1U6.