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Altamira e São Félix do Xingu lideram emissões de gases no Brasil

Altamira e São Félix do Xingu lideram emissões de gases de efeito estufa no Brasil

Um estudo do Observatório do Clima revela um dado surpreendente. O campeão nacional não é São Paulo, com sua frota gigantesca, fábricas e 12 milhões de habitantes. É Altamira, e São Félix do Xingu, ambos no Pará. O levantamento analisou as emissões acumuladas de 2000 a 2019 em todos os 5.570 municípios brasileiros.

Imagem de São Félix do Xingu
São Félix do Xingu a campeã em emissões. Imagem, Wikipedia.

Altamira e São Félix do Xingu: líderes nas emissões do Brasil

Altamira fica no Pará, a mais de 800 km de Belém. Tem área de 159 mil km² e pouco mais de 115 mil habitantes. Entre 2000 e 2019, emitiu mais de 35 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, segundo o SEEG. O desmatamento é o principal motivo.

São Félix do Xingu, no mesmo Estado, aparece em segundo lugar. O município está a 1.050 km da capital e ocupa 84.213 km². Em 2018, tinha 128 mil habitantes. A economia se apoia na pecuária de corte. Em 2019, o rebanho chegou a 2,5 milhões de cabeças, o maior do Brasil, segundo dados da última vacinação divulgados pelo Sindicato dos Produtores Rurais.

O levantamento do SEEG mostra ainda que oito dos dez municípios que mais emitem gases de efeito estufa no país estão na Amazônia. Depois de Altamira e São Félix do Xingu, vêm Porto Velho (RO) e Lábrea (AM).

Imagem, Deutsche Welle.

Os 10 municípios que mais emitem GEFs

Dados do SEEG (2019) mostram que a maior parte das emissões de gases de efeito estufa no Brasil vem da Amazônia, impulsionadas pelo desmatamento e pela pecuária extensiva. Altamira (PA) lidera o ranking, seguida de São Félix do Xingu (PA) e Porto Velho (RO). A lista inclui ainda Lábrea (AM), Corumbá (MS), Apuí (AM), Colniza (MT), Pacajá (PA), Ribas do Rio Pardo (MS) e Novo Progresso (PA). Juntos, esses municípios respondem por dezenas de milhões de toneladas de CO₂ equivalente liberadas na atmosfera todos os anos.

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Concentração no Sudoeste do Pará

Na última década, as emissões na Amazônia se concentraram no sudoeste do Pará, em Porto Velho (RO) e Lábrea (AM), impulsionadas pelo desmatamento — 98% com indícios de ilegalidade, segundo o MapBiomas Alerta. A região lidera também as emissões per capita: entre os dez municípios com maior índice, seis são de Mato Grosso, três do Pará e um do Amazonas. Em Novo Progresso (PA), epicentro do desmate na BR-163, cada morador emite, em média, 580 toneladas de CO₂e por ano — 14 vezes mais que um cidadão do Qatar, o recordista mundial, e quase 83 vezes a média global. É como se cada habitante tivesse mais de 500 carros circulando diariamente.

O lado positivo do novo estudo

Por outro lado, municípios amazônicos extensos, com grandes áreas protegidas, também registram altas remoções de carbono. Quando essas remoções são subtraídas das emissões totais, obtêm-se as chamadas emissões líquidas. O campeão é Altamira (PA), maior município do país em área, que retirou 25,7 milhões de toneladas de CO₂e da atmosfera em 2019. O estudo reforça a importância de criar e manter Unidades de Conservação (UC) e Terras Indígenas (TI). Segundo Tasso Azevedo, coordenador-geral do levantamento, menos de 5% dos municípios brasileiros possuem inventário de emissões de gases de efeito estufa — lacuna que o trabalho busca ajudar a preencher.

Imagem de abertura: Wikipedia

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