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Rússia projeta submarino nuclear para transportar gás no Ártico

Rússia projeta submarino nuclear para transportar gás no Ártico

Segundo a Reuters, a Rússia começou a projetar um submarino nuclear para exportar gás natural liquefeito (GNL) do Ártico à Ásia. O objetivo é reduzir quase pela metade o tempo de viagem pela Rota do Mar do Norte (NSR). A notícia é tão inusitada—um submarino nuclear de carga navegando pela passagem Noroeste—que o site especializado gCaptain estampou na manchete: ‘Rússia tem um plano louco para usar submarinos movidos a energia nuclear para transporte no Ártico’. Atualmente, a Rússia já opera quebra-gelos movidos a energia nuclear para abrir caminho para esse tipo de transporte na rota que se estende ao longo da costa do Ártico. Esta rota sai de Murmansk, a oeste, e vai até o Estreito de Bering, a leste. Moscou a considera uma alternativa mais rápida ao Canal de Suez e planeja desenvolvê-la.

A Rússia iniciou a construção de um navio quebra-gelo movido a energia nuclear em 2019, parte de um ambicioso programa para renovar e expandir sua frota de navios. Imagem, nationalinterest.org.

No entanto, a Rússia enfrenta a falta de navios capazes de combater o espesso gelo do Ártico. Este é um obstáculo para o seu novo projeto Arctic LNG 2, que recebeu sanções dos Estados Unidos devido à guerra de Moscou na Ucrânia.

Projeto Arctic LNG 2

A Rússia iniciou a produção de gás (GNL) a partir do mar em dezembro de 2023. Mas, diz a Reuters, apesar de os primeiros carregamentos de gás super-refrigerado acontecerem no início de agosto, o produto ainda não foi entregue aos compradores finais. Mikhail Kovalchuk, colaborador próximo de Putin e diretor do Instituto Kurchatov, o principal centro de investigação nuclear da Rússia, apresentou o projeto do submarino numa conferência da indústria em São Petersburgo, no início de outubro.

Trata-se da criação de uma classe de navio fundamentalmente nova, capaz de se tornar uma alternativa aos navios de transporte de gás “tradicionais”. Isso porque, em condições árticas, eles não conseguem navegar durante todo o ano sem escolta de quebra-gelos”, afirma o Web Offshore Marintec Russia 2024.

O Mar Sem Fim lembra que, por difícil que seja criar ‘uma nova classe de navio’, os russos já conseguiram chegar muito perto ao inventarem o Ekranoplan, conhecido como O Monstro do Mar Cáspio, durante a Guerra Fria.

Kovalchuk declarou que “A criação de navios de transporte de gás submarinos movidos a energia nuclear é discutida há muito tempo, desde o início dos anos 2000. Agora, nós (o Instituto Kurchatov) e a Gazprom começamos a projetar um, e este trabalho vai avançar”.

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Encurtar o tempo de 20, para 12 dias de navegação

A Reuters revelou que a ideia é reduzir o tempo necessário para navegar na Rota do Mar do Norte, de 20 para 12 dias. Os submarinos terão capacidade para transportar cerca de 180.000 toneladas de GNL. Isso corresponde a um navio de transporte de gás convencional da classe Arc 7 ice.

Esta imagem foi usada pelo www.xm.com para ilustrar a matéria.

Submarinos nucleares com 360 m de comprimento

Os submarinos terão 360 metros de comprimento por 70 metros de largura. Serão alimentados por reatores nucleares RITM-200 que a Rússia utiliza para alimentar os seus mais recentes quebra-gelos. No entanto, alguns especialistas estão céticos quanto à viabilidade do projeto.

Alexander Nikitin, um antigo oficial da Marinha russa que é perito nuclear no Centro de Transparência Ambiental Bellona, com sede em Vilnius, disse que a Rússia não tem capacidade para construir um submarino deste tipo.

Apesar disso, a notícia divulgada pela Reuters teve ampla repercussão na imprensa internacional. As rotas de navegação do Ártico estão em disputa neste momento devido à perda da calota de gelo da região. Contudo, ao pesquisarmos, encontramos a matéria do Outrider, Um “Chernobyl em câmera lenta” sob os mares do Ártico”.

‘Os andares do mar sob as águas do Ártico são surreais, assombrosos – e cada vez mais perigosos. Fazendo fronteira com a Rússia, Noruega, Finlândia e a Suécia, esses mares mais ao norte abrigam florestas submarinas e recifes de coral. Entretanto, eles estão repletos de mais de 17 mil pedaços de detritos  enferrujados. De barras de combustível usado a submarinos antigos carregados de torpedos, eles estão corroendo as lembranças da União Soviética, que usou os Mares de Kara e Barents como locais de despejo por trinta anos’.

‘De acordo com o Instituto de Segurança Nuclear da Academia Russa de Ciências, os itens afundados incluem 14 reatores nucleares, combustível irradiado, 19 navios contendo resíduos radioativos e três submarinos nucleares completos com reatores. E, quanto mais tempo esses itens destruídos – especialmente os submarinos altamente radioativos carregados – permanecerem alojados nos leitos do mar, mais perigosos se tornam’.

A ver se conseguirão mesmo inventar uma nova classe de transportes.

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