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Ricardo Salles em entrevista patética, e nova crise

Ricardo Salles em entrevista patética, abre nova crise a poucos dias da reunião com Biden

“O setor (madeireiro) se for demonizado e criminalizado indevidamente, vai colocar muitas pessoas em situação de fragilidade econômica ainda maior, só vai contribuir para aumentar o desmatamento ilegal na região.” Esta foi a peculiar resposta do ‘ministro’ de Meio Ambiente à Folha de S. Paulo, em 9 de abril. Demonizar os funcionários do Ibama e ICMBio como fez reiteradas vezes em público, desde que assumiu o desmonte do aparato ambiental brasileiro, pode. Mas, demonizar a ‘organização criminosa’, como a chamou o delegado Alexandre Saraiva, chefe da PF do Amazonas, depois da maior apreensão de madeiras no Pará, não pode. Post de opinião, Ricardo Salles em entrevista patética.

Imagem de Ricardo salles
Imagem, O Estado de S. Paulo.

Ricardo Salles em entrevista patética

Em 5 de abril, quem deu entrevista à Folha foi o chefe da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva, para falar da maior apreensão de madeira da história do País.

Saraiva explicou ao jornal que ‘tudo que foi apreendido desde dezembro do ano passado, mais de 200 mil metros cúbicos de madeira, é produto de ação criminosa’. E disse que até este momento ‘as empresas não apresentaram documentos requisitados pela PF’.

Apesar disso, o ‘ministro’ de Meio Ambiente esteve duas vezes no local da apreensão, e colocou em dúvida a operação da PF.

Quem cria problemas para a governabilidade, ambientalistas ou a cúpula do Executivo?

Como se vê, quem cria problemas para a governabilidade é o alto escalão do governo federal, não ‘ONGs’ e ‘ambientalistas’ como o governo sugeriu desde antes da posse. O pandemônio em que vivemos é resultado da baderna que reina na corte.

Antes fosse apenas Ricardo Salles em entrevista patética. Mas, não. Infelizmente, os problemas não ocorrem apenas na área ambiental.

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Pela Saúde já passaram quatro ministros durante a maior pandemia do século. E, durante todo este tempo, o chefe do Executivo não fez outra coisa se não demonstrar sua imensa incapacidade para governar, ora minimizando-a chamando-a de ‘gripezinha’, ora demonizando as vacinas.

Não deu outra. Até o momento mais de 360 mil brasileiros morreram pela covid-19, muitos sufocados e sem oxigênio.

A Educação teve quatro incompetentes desde o início do governo. De analfabetos que escreviam imprecionante com a letra ‘c’, e fustigavam publicamente nosso maior parceiro comercial, a China; até quem falsificava o próprio currículo. Resultado? Educação sucateada.

Nas relações exteriores foi escolhido um cidadão que considera o globalismo um complô comunista, além de outras tolices. Depois de agredir publicamente a China, perdendo a interlocução com o país num momento crítico, foi saído a mando do Centrão, não sem antes se gabar da imagem de pária que o Brasil conseguiu graças a tanta desordem.

Na Economia havia um ‘posto Ipiranga’ que prometia milagres, recuperação em V, reformas estruturais, e muito mais. Hoje, escanteado, Paulo Guedes sequer conseguiu aprovar o orçamento de 2021. Uma peça de ficção, um retrato do caos que reina em Brasília.

Sem falar nas confusões, agressões, e ilícitos dos 01, 02, 03, e 04.

Portanto, quem cria crises desnecessárias, uma atrás da outra, é o presidente em sua abissal insegurança e boçalidade. Porque ele sabe de sua pequenez.  Assusta-o perceber que nada tem a oferecer como Norte à nação, a não ser livrar a própria família de encrencas com a Justiça, e sua reeleição.

Ricardo Salles em entrevista patética, eis alguns trechos

Folha: Por que só depois de cem dias as empresas apresentaram as cópias desses documentos?

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Salles: Segundo explicação que foi dada pelos empresários, porque os investigadores não pediram a eles, mas pediram para a secretaria do Pará, sob argumento de que não conseguiram achar os documentos…

Folha: O delegado disse que é a primeira vez que ele vê um ministro do Meio Ambiente se colocar contra uma ação de preservação da floresta amazônica. Como o sr. vê isso?

Salles: Se estiver correta, e não houver reparo a ser feito, a ação será apoiada por nós e eu serei o primeiro a apoiar. Mas se realmente for reconhecido que há equívoco e excesso e que as empresas não deveriam ter tido a atividade econômica restringida, essa ação será contrária à preservação do meio ambiente, porque vai quebrar pessoas que trabalham de maneira honesta e vai jogar toda a região para a ilegalidade, aumentando o desmatamento ilegal.

Folha: O sr. usa a ênfase dada pelos empresários para dizer que eles podem ter razão. A PF está dizendo de forma tão enfática quanto que se trata de uma organização criminosa. Por que olhar de maneira mais solidária à argumentação dos empresários e não para a da polícia?

Salles: Nossa crítica não é sobre o que a polícia está dizendo, mas, sim, sobre a ausência de uma posição definitiva sobre o assunto, seja pela legalidade ou ilegalidade. A pior situação para esse caso é a não resposta.

Folha: O delegado disse que não vai passar a boiada na PF. Esse foi um termo usado pelo sr. na reunião ministerial. Como o sr. vê hoje a frase que disse um ano atrás?

Salles: A minha frase foi retirada de contexto. Era uma reunião interna, chamando a atenção para excesso de burocracia que tem no Brasil, em todos os ministérios. Continuo entendendo que excesso de barreiras atrapalha a melhoria do país, inclusive no meio ambiente.

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Folha: O sr. acha que é possível estar na mesma frase a necessidade de preservação do meio ambiente e a defesa de afrouxar normas, que, nas suas palavras, burocratizam o Brasil?

Salles: A frase é racionalidade, bom senso, desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Essas palavras resumem a necessidade.

Estes são apenas alguns trechos da patética entrevista do ‘ministro’, que pode ser lida na íntegra neste link.

Superintendente da PF envia notícia-crime conta Salles

O bate-boca entre o ‘ministro’ e o delegado acabou com uma queixa-crime da PF contra o ministro do Meio Ambiente a poucos dias da reunião de cúpula com Joe Biden para tratar dos problemas do aquecimento global e as ilegalidades na Amazônia.

Alexandre Saraiva é pessoa de confiança de Bolsonaro. Em 2019, o nome dele foi citado para a Superintendência da PF no Rio de Janeiro, quando o presidente ameaçou a troca em razão das investigações contra um de seus filhos, episódio que acabou com a exoneração de Sérgio Moro.

Portanto, não se trata de um ‘esquerdopata’, mas de um aliado de Bolsonaro que, cansado da atitude pusilânime, arrogante, e esquizofrênica do ‘ministro’, partiu para a queixa-crime.

Segundo o jornalista André Trigueiro, do G1, que entrevistou Saraiva, ‘um dos ‘empresários’ que Salles julga inocente, ‘já havia sido autuado mais de 20 vezes pelo Ibama’!

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Trigueiro, depois de conversar com Alexandre Saraiva, disse que os ‘empresários’  defendidos por Salles ‘não conseguiram justificar porque retiraram madeira de área de proteção permanente’.

‘Eles também não tinham cadastro ambiental rural provando de onde tiraram a madeira, além de outras irregularidades’. Mesmo assim o ‘ministro’, a priori, defende os empresários. E põe em dúvida o trabalho da PF.

Como justificar um ‘ministro’ do Meio Ambiente que defende madeireiros contra ação da Polícia Federal?

A queixa-crime

Em 14 de abril, Alexandre Saraiva enviou ao Supremo Tribunal Federal uma queixa-crime, afirmando que o ministro é suspeito de integrar ‘organização criminosa’ e obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais.

Segundo Saraiva, Salles ‘atuou como verdadeiro advogado administrativo, indo até locais de extração e buscando provas para obter a inocência dos investigados’.

‘Chegou ao ponto de pretender atuar como perito, querendo rastrear a madeira extraída, sem ao menos saber qual o modus operandi da organização criminosa. A atividade pericial não é simplória, como pretende transparecer o agente político’.

A queda de Saraiva, mais uma reação de um governo patético

Finalmente, em 15 de abril, o diretor-geral da PF decidiu trocar Alexandre Saraiva. A notícia é do Estado de S. Paulo.

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‘O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu fazer mais uma troca na chefia das unidades regionais da corporação. O delegado Leandro Almada vai substituir Alexandre Saraiva no comando no Amazonas. A justificativa é a de que o delegado já havia sido comunicado sobre a mudança’.

Está criada mais uma crise no País. Cabe ao Supremo avaliar se determina ou não a abertura de investigação.

‘Ministro reduz poder de multar dos fiscais do Ibama’

O título acima, entre aspas, é de matéria do jornal O Estado de S. Paulo de 16 de abril. A novidade parece confirmar as acusações de Alexandre Saraiva. Diz o texto: “Em mais uma investida para rever as regras sobre multas aplicadas contra crimes ambientais, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, determinou novas mudanças no processo de apuração dessas autuações.”

“Agora, as infrações terão que passar por autorização de um superior do agente de fiscalização que aplicar a punição, antes de serem confirmadas, passando por fases que, até então, incluíam a tramitação anterior com os próprios fiscais.”

“As alterações nas regras sobre multas foram publicadas em uma Instrução Normativa Conjunta nesta quarta-feira, 14, assinada por Ricardo Salles e os presidentes do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, Fernando Lorencini.”

O jornal ouviu Suely Araújo, ex-presidente do Ibama. Para ela, “A instrução normativa recém-publicada reduz a autonomia dos fiscais sobre a lavratura dos autos e concentra poder em um superior hierárquico não definido. Na prática, todos os atos de fiscalização deverão ser confirmados por uma autoridade hierarquicamente superior antes da instauração do processo sancionador.”

“Além disso, a instrução normativa estabelece prazos inexequíveis para vários atos. O prazo de cinco dias consta em vários dispositivos. A intenção parece ser, no futuro, punir os próprios servidores, porque o governo sabe que esses prazos não serão cumpridos.”

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É com estas ‘novidades’ na bagagem que o ‘ministro’ vai participar da reunião do clima convocada por Joe Biden em 22 e 23 de abril. Com a desmesurada arrogância de sempre, o ‘Midas ao contrário’ vai pedir US$ 1 bilhão de dólares para arregaçar as mangas e cumprir sua obrigação: combater os ilícitos ambientais.

Pobre Brasil…

#Fora Salles

O período do ‘ministro’ casado com o agronegócio está no fim. A popularidade de seu chefe derrete. Acuado agora também por uma CPI, Bolsonaro está na mão do que de pior existe na política brasileira, o chantagista Centrão. O mesmo Centrão  que pôs na rua o chanceler, em breve fará o mesmo com o ‘ministro’ que apequenou o Brasil.

O mesmo Centrão a quem Bolsonaro se entregou com o rabo entre as pernas, mais uma vez escancarando as mentiras que o levaram a ser eleito, entre elas, que evitaria a velha política.

Se Salles não sair agora, será em seguida à reunião convocada por Joe Biden para os dias 22 e 23. Reunião  que, a continuar a toada da passada da boiada, abrirá um buraco perigoso nas relações entre Brasil e Estados Unidos.

Imagem de abertura: O Estado de S. Paulo

Fontes: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2021/04/demonizar-trabalho-de-empresario-de-madeira-so-vai-aumentar-desmatamento-diz-salles.shtml?origin=folha; https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2021/04/na-policia-federal-nao-vai-passar-boiada-diz-chefe-da-pf-no-amazonas.shtml; https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/04/4918355-pf-envia-queixa-crime-ao-stf-contra-o-ministro-ricardo-salles.html; https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/diretor-geral-da-pf-decide-trocar-chefe-no-amazonas-que-enviou-ao-supremo-noticia-crime-contra-ricardo-salles/’; https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,salles-muda-regras-de-multas-ambientais-e-centraliza-decisao-sobre-acordos-com-infratores,70003682761.

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