Reciclagem do plástico, o mundo produziu 8,3 bi de toneladas em 65 anos e reciclou cerca de 20%
Os dados do título acima são do site systemiq.earth. Os outros 80% estão espalhados por aterros e o meio ambiente marinho e terrestre. Por ano, segundo o Financial Times, 350 milhões de toneladas são produzidas! O ser humano fabrica quase 20 mil garrafas de plástico a cada segundo (a Coca-Cola sozinha põe no mercado 3.400 garrafas plásticas a cada segundo). Por ano são mais de 100 bilhões de garrafas de plástico descartáveis! Mas o pior é que, embora a maioria das garrafas usadas para refrigerantes e água sejam feitas de tereftalato de polietileno (Pet), um dos poucos tipos de plástico reciclável, as seis principais empresas de bebidas no mundo usam apenas 6,6% de Pet reciclado em seus produtos. E nenhuma pretende usar 100% de reciclagem do plástico em sua produção global (Greenpeace).
Novidades em 2018
O site www.ecowatch.com publicou em 2018: ” Pesquisadores da Colorado State University (CSU) desenvolveram uma solução potencial para o problema da reciclagem de plástico.
Em um artigo publicado na Science, eles revelaram um novo polímero com muitas das mesmas características do plástico que pode ser mais facilmente retornado às suas moléculas originais para serem reciclados. E sem a necessidade de produtos químicos tóxicos ou processos laboratoriais complicados. Eugene Chen, professor de química da CSU cujo laboratório desenvolveu o material declarou:
Os polímeros podem ser quimicamente reciclados e reutilizados, em princípio, infinitamente
“O novo polímero desenvolvido pelo laboratório de Chen compartilha características importantes com o plástico, como resistência, durabilidade, leveza e resistência ao calor. Ele também pode ser facilmente decomposto usando um catalisador e retornado à sua forma original para reutilização. Chen acredita que ele e sua equipe estão indo na direção certa.”
Seria nosso sonho ver essa tecnologia de polímero quimicamente reciclável se materializar no mercado
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Mas apesar do otimismo de Chen, ainda há dúvidas sobre a reciclagem química. O processo é caro e envolve uma revolução dos processos de reciclagem. Algo que só países ricos poderiam fazer. O Financial Times, janeiro de 2021, ouviu Jessica Stewart, da Systemiq, uma prestigiosa empresa de consultoria e investimento em sustentabilidade.
O que ela disse não é animador: “O sistema é imaturo e algumas partes interessadas permanecem muito céticas por causa do desempenho técnico, econômico e ambiental, que ainda não foi comprovado em escala”.
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Pesquisamos na net o que acontece no Brasil e no mundo sobre o plástico. Respostas não são fáceis. É preciso um esforço coletivo: da indústria, dos governos, e a população. Se não houver esta união, a questão pode nos levar a um impasse.
A matemática é cruel. Segundo a Science Advances, o número de garrafas compradas vai pular mais 20% até 2021, criando uma crise ambiental que alguns ativistas preveem tão grave quanto a mudança climática. Por isso há quem proponha hoje um ‘Acordo de Paris’ sobre o plástico.
Dois tipos de plástico
São dois tipos diferentes: os termorrígidos ou termofixos e os termoplásticos.
O plástico ‘termorrígido ou termofixo’
Segundo estudo da UNICAMP “os plásticos termofixos são aqueles que não se fundem e uma vez moldados e endurecidos, não oferecem condições para reciclagem. É o caso das telhas transparentes, do revestimento do telefone, do material do orelhão e de inúmeras peças utilizadas na mecânica e especificamente na indústria automobilística.”
O Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais – SIMPLAST diz que “este tipo representa cerca de 20% do total consumido no Brasil.”
Os ‘termoplásticos’
“São aqueles que amolecem ao serem aquecidos, podendo ser moldados. Uma vez resfriados endurecem e tomam determinada forma. Como oprocesso pode ser repetido várias vezes, esses plásticos são recicláveis podendo ser reaproveitados.”
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Mas, mesmo assim, há limitações…
“O termoplástico reciclado não pode ser empregado em embalagens de alimentos, a fim de se evitar contaminações provenientes de tintas e produtos tóxicos.”
As sete espécies de ‘termoplásticos’, segundo a UNICAMP
A- Polietileno Tereftalato – PET, utilizado em frascos de refrigerantes, de produtos de limpeza e farmacêuticos, em fibras sintéticas, etc..
B- Polietileno de Alta Densidade – PEAD, utilizado na confecção de engradados para bebidas, garrafas de álcool e de produtos químicos, bambonas, tambores, tubos para líquidos e gás, tanques de combustível, etc..
C- PVC – Cloreto de polivinila – V, utilizados em frascos de água mineral, em tubos e conexões para água, em calçados, encapamentos de cabos elétricos, equipamentos médico-cirúrgicos, lonas, esquadrias, etc..
D- Polietileno de Baixa Densidade – PEBD, empregado nas embalagens de alimentos, sacos industriais, sacos para lixo, filmes flexíveis, lonas agrícolas, etc.
E- Polipropileno – PP, empregado em embalagem de massas alimentícias e biscoitos, potes de margarina, seringas descartáveis, equipamentos médico-cirúrgicos, fibras e fios têxteis, utilidades domésticas, autopeças, etc..
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F- Poliestireno – PS, usado em copos descartáveis, placas isolantes, aparelhos de som e de TV, embalagens alimentícias, revestimento de geladeiras, material escolar, etc..
G- Outros, são as resinas plásticas não indicadas até aqui e são utilizadas em plásticos especiais na engenharia e em CD’s, em eletrodomésticos, corpo de computadores e em outras utilidades especiais.
Três tipo de reciclagem do plástico
Além dos dois tipos de plástico, e das sete espécies do ‘termoplástico’, há três tipos de reciclagem possíveis segundo a UNICAMP. Note que todas estas especificidades tornam o processo muito mais complexo que o do alumínio por exemplo.
- “No Brasil, o maior mercado é o da reciclagem primária. Consiste na regeneração de um único tipo de resina separadamente. Este tipo de reciclagem absorve 5% do plástico consumido no país. É geralmente associada à produção industrial (Pré-consumo).”
- “Um mercado crescente é o da reciclagem secundária. O processamento de polímeros, misturado ou não, entre os mais de 40 existentes no mercado.”
- “A reciclagem terciária, ainda não existente no Brasil, é a aplicação de processos químicos para recuperar as resinas que compõem o lixo plástico, fazendo-as voltar ao estágio químico inicial.”
Reciclagem do plástico no Brasil
Parece fácil responder a pergunta, certo? Nem tanto. Ao pesquisar os dados brasileiros encontramos dificuldades. As cifras de várias pesquisas, sites especializados, ‘grande imprensa’, e da própria indústria do plástico, não batem.
Um ponto, entretanto, é consenso: a taxa de reutilização é baixa. A reciclagem do plástico não anda bem no Brasil. A maioria das taxas encontradas giram em torno de 20%.
Reciclagem do plástico no mundo – alguns dados
Como dissemos, o problema é mundial. A seguir, dados da…
Europa
Em 2011 o país campeão na reciclagem de plásticos foi a Suíça (53%). Em seguida, a Alemanha (33%), Suécia (33,2%), Bélgica (29,2%), Itália (23,5%), países que incineram a maior parte do plástico coletado seletivamente (dados do Cempre). Antonio Silvio Hendges informa que “a média da União Europeia (2012) foi 25,4%.”
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Estados Unidos
De acordo com a Environmental Protection Agency- EPA, 9,5% de material plástico gerado no fluxo de resíduos sólidos municipais (MSW) dos EUA foi reciclado em 2014. Outros 15% foram queimados para energia. E 75,5% foram enviados para aterros sanitários.
Mais recentemente, matéria do site www.treehugger.com, desmistifica até mesmo estes números. Na matéria Plastic Recycling in the US Is a Fantasy—’It Does Not Work‘ , de maio de 2022, (Em tradução livre, Reciclagem de plástico nos EUA é uma fantasia – ‘não funciona’), o site diz que a reciclagem nos EUA mal chega a 6% do total descartado.
E isto acontece na maior economia do planeta!
Os três atores: a indústria, o governo, e os cidadãos
Da pesquisa feita pelo Mar Sem Fim, destacamos alguns pontos que envolvem os três protagonistas deste drama mundial. O plástico é um dos materiais mais poluentes e com menor taxa de degradação no meio natural (estimativas indicam 500 anos para ele se desfazer).
O plástico está entupindo os oceanos, inviabilizando a vida marinha, cuja cadeia de alimentação já foi atingida pelo material; e voltando-se contra o ser humano que consome peixes e frutos do mar e, junto com eles, o plástico que nós mesmos produzimos e descartamos de forma errada.
Já foram encontrados partículas de plásticos em fezes humanas e até na placenta de mulheres grávidas.
A indústria do plástico
No Brasil, o consumo chega a 10 Kg por ano/por pessoa. Na Europa e Japão, 50 Kg por ano/por pessoa. Nos Estados Unidos o número é de 70 Kg por ano/por pessoa.
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A produção anual subiu de 2 milhões de toneladas métricas, em 1950, para 350 milhões de toneladas métricas atualmente. Um estudo de 2017 da Science informa que, “das 6,3 bilhões de toneladas de lixo plástico produzidas de 1950 até 2015, apenas 9% foram reciclados. 12% terminaram incinerados, e 79% estão acumulados em aterros sanitários ou no ambiente natural.”
Roland Geyer, principal autor do estudo e professor-associado da Escola de Ciências e Gestão Ambiental da Universidade da Califórnia, explicou:
Espero que nossos números mostrem que apenas continuar a reciclar e incinerar plásticos — alternativas que usamos atualmente — não é o suficiente. Precisamos repensar fundamentalmente a forma como produzimos e utilizamos esse material.
Empresas devem planejar descarte
Ana Maria Domingues Luz, ambientalista e presidente do Instituo GEA – Ética e Meio Ambiente, disse ao Correio Brasiliense:
Acredito que as empresas deveriam planejar o descarte de suas embalagens e produtos antes de eles serem produzidos. Eles fabricam, mas não levam em conta qual será o destino final de sua produção. A indústria precisa pensar em alternativas para que seu produto não vá para o lixo, como parcerias com cooperativas de reciclagem, por exemplo.
Apoio público ou privado
O professor Leandro Fraga, coordenador de pesquisa da FIA (Fundação Instituto de Administração), disse sobre a indústria do plástico e reciclagem:
Trata-se de uma cadeia produtiva que se desenvolve com seus próprios recursos e poderia fazer ainda mais se contasse com apoio público ou privado
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O exemplo da Natura: “Dentro do processo de desenvolvimento de produtos, reduzimos o consumo de materiais de embalagens e incorporamos o material reciclado pós-consumo”, conta o gerente de sustentabilidade da companhia, Keyvan Macedo (O Tempo Economia).
Também disponibilizamos refil desde 1983. Com isso, o consumidor tem acesso a produtos com custo mais acessível, já que o refil utiliza menos material de embalagem”, conclui.
Os governos
Paulo Da Pieve, especialista em economia circular e sustentabilidade e coordenador do grupo de resíduos sólidos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), declarou ao site O Tempo Economia:
Falta investimento na indústria de reciclagem. Em outros países, como a Alemanha – que desde 2010 já recicla mais de 50% do seu lixo –, existem subsídios para as empresas que utilizam material reciclado. No Brasil não tem incentivo. Pelo contrário, tem uma tributação que o encarece. O imposto incide no produto quando ele é matéria prima e depois, quando é reciclado. No caso do plástico, chegam a incidir oito impostos. Não existe o incentivo fiscal necessário para estimular o desenvolvimento dessa cadeia de material.
Desrespeito à Política Nacional de Resíduos Sólidos
O desrespeito à Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei nº 12.305/10), que prevê o fim dos lixões nos municípios, é outro problema que dificulta o desenvolvimento da indústria de reciclados no Brasil.
Aterros sanitários
O Tempo Economia explica que “a construção dos aterros sanitários facilita a reciclagem do produto descartado. Muitas prefeituras não se adaptaram à lei que previa o descarte de todo o lixo do país em aterros sanitários até 2014. O Senado (2015) prorrogou o prazo de adaptação. Os municípios passaram a ter de 2018 a 2021 para se adequarem à lei, de acordo com o seu tamanho.”
Incentivo à economia privada
Estudo da Unicamp conclui: “o governo deveria incentivar a economia privada na execução dos serviços de coleta seletiva dos plásticos. Essa parece a melhor política a ser seguida pelos administradores municipais. Ela traz conseqüências positivas para a proteção do meio ambiente.”
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Política de preços mínimos
O IBGE confirma, em matéria do noticias.uol.com.br, “o estabelecimento, pelo governo federal, de preços mínimos para os materiais recicláveis deve elevar a proporção de materiais reciclados.”
Limpeza urbana
O site www.plastico.com.br sugere “sistemas eficientes de limpeza urbana, ampliação da coleta seletiva no País e a conscientização da população. Com isso pode-se criar uma cadeia produtiva da indústria da reciclagem.”
A responsabilidade dos cidadãos
Consumir com responsabilidade. Evitar desperdícios, descartar no lugar correto, separar para a reciclagem, e usar plástico o menos possível. Por exemplo, é extremamente fácil abolir totalmente os canudinhos de plástico. Só nos Estados Unidos são produzidos 500 milhões de canudinhos por dia!
Exercendo cidadania e reciclagem do plástico
Pressione as empresas que usam plástico sem se importarem com o descarte. Caso da Coca-Cola, por exemplo. Se você for comprar um mesmo produto que seja embalado em plástico, ou outro material, prefira o último.
As embalagens são uma parte enorme do problema. Você joga no lixo, e elas vão parar nos oceanos. Portanto, preste atenção ao ir às compras. Outro exemplo são os copos descartáveis usados em empresas, consultórios, escolas, etc. Converse com os responsáveis. É preciso cessar de vez a produção de copos descartáveis. Que cada um use o seu, ou lave depois do uso.
APP “Reciclagem de Plásticos”
O APP “Reciclagem de Plásticos” permite ao usuário acessar rapidamente o endereço do PEV mais próximo de sua casa ou estabelecimento comercial. As buscas pelo PEV ou por recicladores podem ser feitas por meio do CEP, nome de rua e, no caso dos aplicativos para celular, por georreferenciamento automático, quando o aparelho possuir essa função.”
Baixe aqui o APP “Reciclagem de Plásticos”
Os dados podem ser acessados gratuitamente pelo APP “Reciclagem de Plásticos”, disponível aos usuários de smartphones com sistema iOS e Android, ou via internet.
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O EPS – Poliestireno expandido (isopor®), também pode ser reciclado em São Paulo. De acordo com matéria da ABIPLAST, Associação Brasileira da Indústria do Plástico. A matéria informa que, “criada em 2012, a Cooperativa Viva Bem é a única a realizar a triagem e gestão dos resíduos de isopor® na cidade de São Paulo, e uma das poucas unidades no País. Ela conta com uma máquina que retira o gás do EPS (12 bags de resíduos de EPS – cada um com 24 quilos-, fazem 1 bag de EPS sem o gás). Uma das características desse tipo de reciclagem é a economia de água (que tem uso zero) e energia elétrica, que chega a um consumo similar ao de uma lâmpada de led.”
Assista ao vídeo e veja onde vai parar o plástico que nós usamos no dia a dia:
Fontes virtuais no Brasil:
http://www.plastivida.org.br/images/releases/Release_091_Reciclagem_Plasticos_.pdf; https://www.ecodebate.com.br/2015/09/04/a-reciclagem-no-brasil-em-2014-artigo-de-antonio-silvio-hendges/; https://www.embalagemmarca.com.br/2016/10/levantamento-mapeia-a-reciclagem-de-plasticos-no-brasil/; http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2017/07/22/interna_ciencia_saude,611649/plastico-mundo-produziu-8-3-bi-de-toneladas-em-65-anos-e-reciclou-so.shtml; http://cempre.org.br/artigo-publicacao/ficha-tecnica/id/4/plasticos; http://www.otempo.com.br/capa/economia/brasil-perde-r-120-bilh%C3%B5es-por-ano-ao-n%C3%A3o-reciclar-lixo-1.1423628; http://www.unicamp.br/fea/ortega/temas530/mariana.htm; http://www.portalsaofrancisco.com.br/meio-ambiente/reciclagem-do-plastico; http://simplast.com.br/; http://www.abiplast.org.br/noticias/reciclagem-de-isopor–do-pre-carnaval-a-pascoa/20180301092742_Z_166; https://www.ft.com/content/2f1b8696-3a2a-4ad9-9b84-e601378039f3?shareType=nongift.
Fontes virtuais no mundo:
http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/environment/environment-at-a-glance-2015_9789264235199-en#page30; https://www.thebalance.com/plastic-recycling-facts-and-figures-2877886; https://www.epa.gov/; https://www.ecowatch.com/plastic-recycling-science-2563822458.html?xrs=RebelMouse_fb&ts=1524845400
Ilustração de abertura: www.packagingsa.co.za
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