Poluição no Polo Petroquímico de Capuava terá CPI
Pouca gente fala no assunto, muitos sequer sabem o que seria o Polo Petroquímico de Capuava. Mas ele é de tal forma poluidor que este site já o batizou como o novo ‘Vale da Morte’ em SP. Não fossem os esforços contínuos da doutora Maria Ângela Zacarelli, professora de endocrinologia da Faculdade de Medicina do ABC, com mestrado e doutorado em Endocrinologia pela Universidade de São Paulo, talvez este ‘inferno’ paulista que prejudica a saúde de milhares de pessoas não entrasse finalmente na mídia. Mas, a maré está mudando. A Câmara Municipal de São Paulo abriu uma CPI para investigar as denúncias.
Tireoidite de Hashimoto
Desde 1988 a dra. Ângela pesquisa os casos de tireoide na região do Grande ABC . Ela descobriu que havia grande incidência de Tireoidite de Hashimoto, doença incurável que, se não tratada, leva ao coma e à morte.
Em crianças a doença pode provocar retardo mental e problemas de crescimento. A dra. Ângela não tem dúvidas de que a poluição oriunda do Polo é a causa da doença. Ela participou de estudos médicos que chegaram a esta conclusão.
Polo Petroquímico de Capuava
Em 1954 a inauguração de uma refinaria de petróleo (Refinaria de Capuava – Recap) foi o início do complexo industrial que começava a ser erguido no Parque Capuava, em Santo André. Em 1972 veio a primeira petroquímica do País. Assim nascia o que agora conhecemos como Polo Petroquímico de Capuava.
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Mas, além de empregos e renda, ele gera uma poluição mortal.
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A CPI aberta pela Câmara Municipal de São Paulo
A CPI foi solicitada pelo vereador Alessandro Guedes (PT), que também é vice-presidente da Comissão Extraordinária de Meio Ambiente e Direitos dos Animais.
Guedes conseguiu a aprovação para a criação e instalação na Câmara Municipal paulistana de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias sobre a poluição e a contaminação ambiental no entorno do Polo Petroquímico Capuava, no ABC paulista, em comunidades da região da Zona Leste, no bairro de São Mateus e outras regiões afetadas na cidade de São Paulo.
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A proposta da CPI se fundamenta nas questões trazidas à Comissão Extraordinária de Meio Ambiente e dos Direitos dos Animais, em audiência pública realizada pelo Legislativo em abril de 2021. E muito disso deve-se ao incansável trabalho, e denúncias, da DRA. Maria Ângela Zacarelli.
Uma segunda audiência, que este site também comentou, foi promovida na Casa em dezembro do ano passado, dessa vez para cobrar respostas a respeito das medidas que teriam sido tomadas pelas empresas do Polo e órgãos públicos responsáveis pela causa ambiental.
Fábio Feldmann, Carlos Bocuhy, e Raquel Fernandez Varela
Curiosamente, poucos ambientalistas comprometidos estavam presentes. Um deles foi o ex-deputado e ex-secretário do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, outro, Carlos Bocuhy, presidenteProam – Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental; e, finalmente, Raquel Fernandez Varela, porta-voz da Rede Sustentabilidade Santo André, e também do MDV Movimento em Defesa da Vida do Grande ABC.
Fábio Feldmann, que é advogado, na época defendeu os moradores do Vale da Morte (Cubatão) nos tribunais.
Ele se disse ‘rigorosamente perplexo’ com o que ocorre no Polo Petroquímico de Capuava e que era inadmissível que em São Paulo, depois de mais de 40 anos, haja uma situação parecida com o que foi Cubatão nos anos 80 do século passado.
Mas foram os únicos comprometidos com a causa presentes. Você, por acaso, já viu outros ‘ambientalistas‘ denunciando esta excrescência?
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O desministro do Meio Ambiente
Infelizmente, como já dissemos, algumas das denúncias do desministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estavam corretas. Talvez tenha sido a única contribuição deste destruidor da legislação ambiental do Brasil, e responsável pela maior devastação já sofrida pela Amazônia. Mas, neste caso, ele estava certo.
Próximos passos da CPI
Guedes defende o desenvolvimento econômico da região do Grande ABC, porém quer preservar a saúde de quem mora no entorno. “Nós defendemos todos os postos de trabalho. Não queremos que se perca nenhum, mas que esse desenvolvimento seja sustentável e não cause transtorno à saúde das pessoas e ao meio ambiente”.
Para propor a CPI, o vereador considerou principalmente relatos da alta incidência de doenças de tireoidite autoimune na população próxima ao complexo industrial, detectadas em estudos e pesquisas relativas aos efeitos da emissão de substâncias poluentes naquele perímetro.
“Levamos em conta ainda depoimentos de pesquisadores anexados ao relatório final da CPI das Contaminações Ambientais realizada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. São resultados de 20 anos de estudos, que demonstram a elevada incidência de tireoide crônica autoimune (Tireoide de Hashimoto) em moradores dos bairros de Capuava, Sonia Maria e Silvia Maria em Mauá, em um dos bairros da cidade de Santo André e no Parque São Rafael, em São Paulo, vizinhos ao Polo.”
Denúncias
Denúncias – Pesquisas acadêmicas apontaram que existem sérios indícios de que a origem desta doença seja ambiental. Relatos como o da médica endocrinologista e professora, Doutora Maria Ângela Zaccarelli Marino, mencionam que em uma mesma rua, num mesmo bairro, todos os integrantes de várias famílias distintas, sem nenhum parentesco entre si, adquiriram a doença, levando a crer que o desenvolvimento da patologia não decorre de fatores congênitos, mas de possíveis efeitos da contaminação da região afetada.
Por estas e outras, em 2018 o Ministério Público entrou com ação cível pública contra o Polo Petroquímico Capuava.
Torturando moradores do entorno
O Mar Sem Fim torce pelo sucesso da CPI. Não é possível que o polo continue torturando moradores do entorno como vem acontecendo há anos.
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A sustentabilidade posta em dúvida
Empresas poluidoras como a Braskem S.A, e a Petróleo Brasileiro S/A – RECAP, em Mauá, receberam multas da CETESB, mas não se emendaram. Ambas são ‘gigantes em faturamento’. Está mais que na hora de se ajustarem.
E as duas não estão sozinhas. A OXITENO – Unidade petroquímica, que afirma em seu site que ‘…em 2019, houve a consolidação do Plano Estratégico de Sustentabilidade 2030, traçando metas que contribuirão diretamente para o desenvolvimento sustentável’, é outra delas.
Outra poluidora é a CABOT
Outra poluidora é a CABOT, a empresa, como as demais, apregoa ser sustentável, verde… E assim descreve a sustentabilidade: ‘Por meio de nosso compromisso de operar com responsabilidade, conservar recursos e desenvolver materiais de desempenho inovadores, seremos incansáveis em nossa busca por soluções para os desafios de sustentabilidade de nossos clientes, nossas comunidades e nosso mundo’.
Sei…
Segundo o jornal Diário do Grande ABC (2/05/2022), ‘Por meio de nota, o Cofip ABC (Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC) e as outras 16 empresas associadas afirmaram que ainda não receberam nenhuma comunicação da Câmara da Capital sobre a instalação da CPI.
“O Cofip ABC tomou conhecimento do assunto pelas redes sociais e pela imprensa. As empresas associadas ao Cofip ABC se colocam à disposição para fornecer todas as informações necessárias que possam contribuir para o aprofundamento dos temas”, declarou o conglomerado’.
Hora de cessar o blábláblá
Uma coisa é certa: este absurdo em pleno século 21, por empresas gigantes em faturamento, não pode continuar. Já é hora de pararem as mentiras de empresas que se dizem ‘verdes’, ‘sustentáveis’, e blábláblá.
Imagem de abertura: Gazeta de São Mateus.
Fonte: https://www.dgabc.com.br/Noticia/3863248/aprovada-cpi-para-apurar-emissoes-da-petroquimica.