Poluição de navios de cruzeiro sufoca cidades portuárias da Europa
‘Os navios de cruzeiro lançaram quatro vezes mais gases sulfúricos nocivos na atmosfera na Europa do que os veículos de passageiros em 2022, de acordo com uma pesquisa que mostra que a qualidade do ar está se deteriorando, apesar dos limites de emissões e das promessas da indústria de tornar-se verde.’ Assim começa a matéria Europe’s port cities ‘choking on toxic air’ from cruise ships (Cidades portuárias da Europa ‘sufocam no ar tóxico’ de navios de cruzeiro), publicada pelo Financial Times em 15/06/2023. E não é a primeira vez que a imprensa destaca a poluição de navios de cruzeiro. Pudera, os grandes navios queimam tanto combustível quanto cidades inteiras.
Navios de cruzeiro em baixa na Europa
Antes de mais nada, eles são cada vez maiores, o que acarreta uma série de problemas para quem os recebe. Veneza, por exemplo, não permite mais a entrada nas águas da cidade. Porque os passageiros entopem a cidade e gastam pouco. Além do mais, os monstros de ferro prejudicam a estabilidade da cidade de Veneza.
Muitos não fazem cerimônia e jogam lixo no mar. Grandes companhias como a Carnival Corp. já receberam tantas multas que o valor ultrapassou US$ 20 milhões de dólares. E continuam poluindo.
O Mar Sem Fim já fez inúmeras matérias mostrando que, com o tipo de combustível que usam, um óleo pesado, espécie de borra final do processo de refino, a poluição é imensa.
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Chuva ácida e outros problemas
‘Comprovaram que os óxidos de enxofre causam chuva ácida e podem agravar problemas respiratórios, como asma e enfisema. Barcelona é a cidade mais afetada na Europa pelas emissões de enxofre. Ela recebeu um total de 805 escalas de navios de cruzeiro. Isso significa a liberação de 18 toneladas de óxidos de enxofre na atmosfera em 2022.’
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Segundo o airqualitynews.com, ‘Barcelona assumiu o manto de porto europeu mais poluído, enquanto Southampton, onde 45 navios foram responsáveis por quase dez vezes mais poluentes nocivos do que todos os 93.000 carros da cidade, subiu para o sétimo lugar na lista.’
‘Ao mesmo tempo, a pesquisa mostrou que, desde 2019, as emissões de óxido nitroso e material particulado PM2,5, ligados a doenças respiratórias e câncer de pulmão, aumentaram 18% e 25%, respectivamente.’
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Embora os navios de passageiros sejam responsáveis por uma fração das emissões ligadas à indústria marítima global mais ampla, são 74.505 navios de carga para 323 de cruzeiro, o setor tem sido criticado por reguladores. Desse modo, políticos, além de ativistas, pressionam para que limpe seu histórico ambiental.
Veneza não ficou sozinha
‘Uma série de cidades europeias, incluindo Palma de Maiorca, Marselha, Dubrovnik, além de Santorini, impuseram restrições à indústria nos últimos anos.’
‘À propósito, em Barcelona a prefeita de esquerda Ada Colau liderou uma cruzada contra os navios. Até mesmo instou o governo regional catalão a restringir o número permitido em seu porto.’
O jornal falou com Marie-Caroline Laurent, diretora-geral do grupo comercial de cruzeiros CLIA. Ela disse que a indústria está “fortemente comprometida em melhorar sua sustentabilidade”.
E assegura que as empresas estão aderindo aos controles de emissões e, ao mesmo tempo, investem em tecnologia de carregamento em terra, o que elimina a necessidade de queimarem combustível enquanto estão no porto.
Emissão de metano equivale a 10.500 vacas leiteiras em um ano
O relatório diz: ‘A tendência mais preocupante observada em nossos resultados é que as emissões de metano aumentaram cinco vezes entre 2019 e 2022. Elas atingiram 7.804 toneladas. O metano é um potente gás de efeito estufa, e além disso, mais de 80 vezes pior para o aquecimento do que o CO2. Para dar um ponto de comparação, estimamos que um dos maiores navios de cruzeiro movidos a GNL – MS Iona – emitiu tanto metano em 2022 quanto 10.500 vacas leiteiras em um ano.’
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Hidrogênio verde
Ao que parece, a polêmica só vai terminar quando a indústria mudar para combustíveis não poluentes. Segundo o Financial Times, Bryan Comer, chefe do programa marítimo do Conselho Internacional de Transporte Limpo declarou que ‘o setor deve se concentrar no desenvolvimento de novas fontes de combustível, como o hidrogênio.’
“A indústria de cruzeiros é aquela em que você realmente pode investir nessas novas tecnologias”, acrescentou. “Eles deveriam proteger as pessoas nos portos de escala, não deveriam atacar uma cidade ou prejudicar seus habitantes.”
A propósito, seria oportuno que as cidades portuárias brasileiras pensassem sobre as consequências, em vez de apenas abrirem suas portas para receber mais navios de passageiros sempre disputados no verão.
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