‘Onda traiçoeira’ mata no estreito de Drake
Uma suposta “onda traiçoeira” recentemente se chocou contra um navio de cruzeiro que navegava da Antártica para a Argentina. O evento estranho matou uma pessoa e feriu outras quatro. Mas de onde vêm essas ondas assustadoramente altas? A pergunta é do livescience.com. Já a Natgeo informa que ‘outrora consideradas um mito marítimo, estas ondas gigantes podem representar sérios riscos para os navios em alto-mar. Agora, os cientistas estão desenvolvendo maneiras de prever as chamadas ‘ondas traiçoeiras’.
Não é de hoje que elas existem
Segundo a Natgeo, ‘Em 1826, o comandante francês Dumont d’Urville, cientista e oficial da marinha, atravessou uma tempestade turbulenta enquanto navegava no Índico. D’Urville viu uma parede de água a subir cerca de 30 metros ao lado do seu navio, o Astrolabe. Foi uma de várias ondas com mais de 25 metros de altura que registrou durante esta travessia. Um dos seus tripulantes perdeu a vida no mar. Contudo, depois de regressar a história de D’Urville, corroborada por três testemunhas, parecia tão estranha à época que foi descartada como fantasia.’
Para se ter uma ideia, a maior onda do Brasil, no Espírito Santo, tem de cinco a seis metros de altura.
Contudo, a maior onda já registrada tinha nada menos que 23,8 metros.
‘Ondas traiçoeiras são estranhas’
Entretanto, elas existem. Segundo a NOAA, ‘Ondas traiçoeiras (rogue wave) são ondas estranhas que têm pelo menos duas vezes a altura do estado do mar circundante – a altura média das ondas para uma determinada área em um determinado momento. As enormes paredes de água vêm aparentemente do nada e sem aviso prévio.’
A Natgeo acrescenta que ‘Com laterais íngremes e uma depressão profunda por baixo, estas vagas parecem uma parede de água a sair do mar. E podem ocorrer durante tempestades com o mar agitado. Entretanto, também há relatos de ondas traiçoeiras em águas calmas, uma das razões pelas quais são tão difíceis de prever.’
Quem já viu ondas batendo na areia percebeu a enorme energia que têm. E essa energia parece ser uma das mais promissoras fontes renováveis do futuro, potencialmente suprindo 10% da demanda global. Segundo estudiosos, uma simples onda poderia carregar a bateria de 30 milhões de smartphones.
O reconhecimento das ondas traiçoeiras
Segundo a Natgeo, ‘Os cientistas já reconhecem que as ondas traiçoeiras são fenômenos reais desde meados da década de 1990. No entanto, conseguir manter os marinheiros a salvo continua a ser um grande desafio. Apesar de serem relativamente raras, se atingirem um navio em mar aberto, as ondas traiçoeiras podem provocar danos graves e a perda de vidas.’
E, acrescentamos, assim como os eventos extremos são cada vez mais frequentes e poderosos, o mesmo acontece com este tipo de onda.
O acidente no Drake
As informações são da livescience, ‘Na noite de 29 de novembro, uma onda excepcionalmente grande atingiu o navio de cruzeiro Viking Polaris enquanto navegava pela Passagem de Drake em direção a Ushuaia, Argentina, onde muitos cruzeiros na Antártica começam e terminam.’
‘A força da enorme parede de água fez os passageiros voarem e quebrou várias janelas externas, inundando alguns quartos e causando mais danos estruturais no interior. Uma mulher americana de 62 anos, Sheri Zhu, morreu por ferimentos causados pelos vidros quebrados e outras quatro pessoas receberam ferimentos não fatais.’
‘Não apenas invadiu os quartos, mas quebrou algumas paredes’
“Essa onda atingiu literalmente o navio. Quebrou as janelas e simplesmente invadiu quartos”, disse Tom Trusdale, um passageiro a bordo do Viking Polaris quando o incidente aconteceu. “Não apenas invadiu os quartos, mas [também] quebrou algumas paredes.”
‘A Viking, empresa de viagens proprietária do Viking Polaris, anunciou em 1º de dezembro que o trágico evento foi um suposto “incidente de onda traiçoeira”. Os próximos cruzeiros foram cancelados até que os reparos sejam concluídos e uma investigação sobre o que aconteceu realizada.’
Contudo, ainda faltam mais informações sobre este acidente como relata a livescicence: ‘Não está claro se a onda que atingiu o Viking Polaris se qualifica como uma onda traiçoeira oficial, porque não há dados precisos sobre a altura da onda ou o estado do mar ao redor. Entretanto, havia uma forte tempestade quando a onda atingiu o navio.’
As ondas traiçoeiras são apenas um dos tipos que receberam nome próprio. Há outras, igualmente perigosas, como as abnormal waves, ou ondas anormais, geralmente em locais de correntes marinhas fortes.
Quem as define com precisão é o www.sciencedirect.com, ‘Ondas anormais podem ser criadas por uma combinação de ventos, correntes e topografia do fundo do mar. Um navio pode estar navegando em direção a ondas de 8 m de altura quando, de repente, a proa cai em uma depressão longa e inclinada, de modo que, na verdade, está navegando morro abaixo. No fundo, pode encontrar uma parede íngreme de água, talvez com 18 m de altura e prestes a quebrar, avançando sobre ele a 30 nós.’