Oásis de vida marinha descoberto nas Maldivas
A República das Maldivas é um país insular no centro-norte do Oceano Índico com uma população de 560.000 pessoas (2022). As Ilhas Maldivas estão localizadas na parte central de uma cordilheira submersa oceânica chamada de Laccadive-Chagos Ridge que se estende do norte ao centro do Oceano Índico. Trata-se de uma série de atóis de coral construídos a partir das coroas de uma antiga cordilheira vulcânica. Todas as cerca de 1.200 ilhas são baixas. Nenhuma se eleva a mais de 1,8 metros acima do nível do mar. Sua economia é baseada no turismo, pesca, construção e reparação de barcos, com o setor de turismo impulsionando o crescimento. Agora, um oásis de vida marinha é descoberto na região.
Ameaças às Ilhas Maldivas
Como muitos países insulares, o aquecimento global e a elevação do nível do mar são seus maiores inimigos. As Maldivas são o país mais plano do mundo, sem rios e sem colinas.
Seu ponto mais alto (na ilha de Villingili) fica a apenas 2,4 metros acima do nível do mar, mas o nível médio do solo é de apenas um metro e meio. Agora, a erosão das praias, categorizada pelo governo como “grave”, está sendo perdida para o mar.
Em 2017 o New York Times publicou matéria de autoria de Kai Schultz, quando entrevistou um dos moradores, que dava uma clara ideia do estado de tensão dos ilhéus.
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“Estaremos perdendo uma nacionalidade, a identidade e história cultural, uma língua e um roteiro. “Estaremos perdendo tudo”.
Contudo, este não é o tema de hoje, mas a descoberta recente que espantou os cientistas, e que mostra o quão pouco ainda sabemos sobre os ecossistemas marinhos.
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O oásis de vida marinha descoberto
Segundo o phys.org, ‘A Missão Nekton Maldives, envolvendo pesquisadores da Universidade de Oxford, encontrou evidências de um ecossistema não descrito anteriormente – “The Trapping Zone” – que está criando um oásis de vida a 500 metros de profundidade nas profundezas do Oceano Índico. O governo saudou a descoberta como altamente significativa.’
Trapping Zone pode ser traduzido como uma ‘zona de armadilha’ para peixes. Para a phys.org, tudo acontece em razão da migração de pequenos organismos conhecidos como micronekton. ‘Estes são organismos marinhos que podem nadar independentemente da corrente. Eles normalmente migram do fundo do mar para a superfície à noite e mergulham de volta nas profundezas ao amanhecer (Migração Vertical).’
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Estratos vulcânicos submarinos
Ao que parece, a formação destes estratos é que provoca a tal armadilha de que falam, o “Trapping Zone”. ‘Os estratos vulcânicos submarinos e os recifes carbonáticos fossilizados que formam a base dos atóis das Maldivas combinam penhascos verticais íngremes e terraços de prateleiras. Esta parece ser a razão pela qual essas espécies ‘ficam presas’ impedindo que mergulhem mais fundo à medida que o sol nasce.’
Com isso, milhares de micronektons, semelhantes aos zooplânctons, ou seja, alimento primário da cadeia de vida marinha, embora um pouco maiores, entre 2 e 20 centímetros de tamanho, ficam presos e, com isso, atraem os predadores maiores. Impedidos pela topografia, diz o phys.org, os animais tornam-se ‘patos sentados’ para predadores maiores, como cardumes de atum, tubarões e outros peixes de águas profundas.’
E, conclui: Se tal ecossistema existe nas Maldivas, é provável que seja encontrado em outras ilhas oceânicas com estruturas submarinas semelhantes.
Missão Nekton Maldives
Segundo o site oficial da Missão Nekton Maldives, de 4 de setembro a 7 de outubro, foi realizado o primeiro levantamento e amostragem sistemática das Maldivas desde a superfície até 1000 metros de profundidade. Quase nada se sabe sobre o que está abaixo dos 30 metros, a grande maioria do país.
Resta torcer para a que luta contra o aquecimento comece efetivamente antes das Ilhas Maldivas naufragarem por nossa negligência.