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Meta climática, governo Bolsonaro é pressionado

Meta climática, governo Bolsonaro é pressionado a agir

Aproveitando a proximidade da reunião convocada por Joe Biden para os dias 22 e 23 de abril, uma reunião preparatória para a cúpula do clima da ONU em Glasgow, em novembro, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura – movimento que reúne mais de 280 empresas e instituições representantes do agronegócio, meio ambiente, setor financeiro e academia, enviou carta ao presidente Bolsonaro, em 8 de abril, à qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso. O objetivo é pressionar o governo  por uma meta climática mais ambiciosa.

Imagem de queimada na Amazônia
Imagem, GABRIELA BILO/ESTADAO.

Meta climática, governo Bolsonaro é pressionado internamente

Os maus tratos ambientais promovidos pelo governo Bolsonaro já nos transformaram em um País pária no concerto das nações. Agora a pressão também ocorre no Brasil.

André Borges informa em sua matéria que assinam a carta ONGs como o WWF, empresas gigantes como Carrefour, Klabin, e Gerdau, e bancos como Itaú, Bradesco e Santander. Portanto, boa parte do PIB brasileiro  já não aceita passivamente o descontrole ambiental promovido por Bolsonaro e seu ‘ministro’ de Meio Ambiente.

Na carta a que o Estado teve acesso exclusivo, a coalizão lembra que “o Brasil é considerado um país-chave nos esforços globais para o equilíbrio climático do planeta”, mas que, com uma decisão anunciada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no fim do ano passado, houve “redução no nível de ambição” – isso torna o País menos atraente para investimentos internacionais e abertura do mercado de carbono.

O que é óbvio dentro e fora do País ainda não é compreendido pelas mentes belicosas do Planalto.

“O Brasil só vai receber apoio e parcerias externas por esforços de mitigação como contrapartida a avanços efetivos na agenda climática. Para tanto, é fundamental o País alcançar uma significativa redução de emissões de gases de efeito estufa, trabalhar pela eliminação do desmatamento ilegal de seus biomas e combater a ilegalidade.”

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As emissões do Brasil

Atualmente somos o sexto maior emissor, sendo que 40% do total é provocado pelo desmatamento. No Acordo de Paris o Brasil se comprometeu em reduzir suas emissões em 37% até 2025, com base na realidade de 2010. E indicou que poderia chegar a 43% em 2030.

Como atingir estes resultados? Combatendo o desmatamento ilegal que deveria zerar até 2030. Mas, como nos lembra André Borges, Salles confirmou 43% desde que conseguisse US$ 1 bilhão de dólares. A exigência pegou mal no exterior, como comentamos no post Ricardo Salles e reunião nos USA sobre aquecimento. E também foi criticada na carta da coalização.

André Borges sublinhou o que diz o grupo a este respeito: “Para nós, o ponto central dessa questão climática é o desmatamento ilegal. Sabemos que 40% das emissões brasileiras vêm dessas ações. É o que mais mancha a imagem do Brasil no exterior. Essa é a questão que preocupa as empresas que exportam”, disse à reportagem o representante da coalizão, Marcello Brito, que também é presidente do conselho da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). “O Brasil sempre foi um País de excelente imagem, que exportava sustentabilidade. É isso o que queremos resgatar.”

Vamos lembrar que Marcelo Brito é uma das lideranças do agronegócio, em nome de quem supostamente age o Governo Bolsonaro. Portanto, não se trata de ‘esquerdopatas’, como os fanáticos e desnorteados seguidores do adorador de cloroquina nos chamam quando escrevemos sobre as omissões ambientais dos últimos dois anos.

Brito não é o único expoente do agronegócio a criticar o governo por sua política ambiental equivocada e prejudicial aos nossos interesses. Em 9 de abril o Estado publicou entrevista com outro deles, Pedro de Camrgo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira.

Camargo Neto foi certeiro ao sintetizar que ‘a estratégia  do governo brasileiro na questão ambiental é míope e equivocada e o Brasil está numa posição subalterna em relação aos Estados Unidos, China, Europa, os grandes responsáveis pelo aquecimento global.’

A conferência de clima da ONU em 2021 e nossa meta climática

Ao responder a uma pergunta da jornalista Márcia De Chiaro, Pedro Camargo Neto alertou para o erro da estratégia do governo: “A conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas) marcada para o final do ano vai ser muito relevante e terá influência muito grande no setor. A Europa tem todo um direcionamento da sua política agrícola pautada na questão ambiental e os Estados Unidos estão caminhando nesse sentido. E a gente está aqui ou brigando pelo desmatamento ou pedindo dinheiro. É o que o governo tem feito”.

E concluiu: ” Vejo isso como equivocado, porque o Brasil e a agricultura brasileira correm risco muito grande por conta do aquecimento global.”

Márcia, então, perguntou como tratar a questão?

“O Brasil tinha de ter uma estratégia. Quem está  causando esse aquecimento global não é o País. São os Estados Unidos, a China e a Europa. Eles estão causando algo que pode nos prejudicar muito. Ao invés de pressioná-los, estamos pedindo dinheiro. A perda de produtividade de duas safras é um prejuízo muito maior do que qualquer coisa que se possa obter com crédito de carbono. E aqui só se fala em dinheiro, crédito de carbono, pagamento de serviço ambiental. Há toda uma estratégia para ganhar dinheiro com o que pode ser uma catástrofe.”

Sobre o aquecimento global, disse Pedro de Camargo: “A questão do aquecimento global não é gripezinha. É algo sério, mas existe o negacionismo, o mesmo que há em relação à covid-19.”

Como se vê, não apenas ‘esquerdopatas’ criticam a pequenez de Bolsonaro et caterva. Críticas são parte da democracia. Só não as aceitam autoritários inseguros, ignorantes, e populistas como Jair Bolsonaro. Leia a íntegra da entrevista neste link.

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Zerar o desmatamento ilegal é possível, basta vontade política

A coalização lembra que entre 2004 e 2012, o Brasil fez a maior redução de emissões de gases de efeitos estufa já registrada por um único país, ao reduzir em 80% sua taxa de desmatamento.

Ilustração, O Estado de S. Paulo.

E conclui: “Este é o momento de os brasileiros retomarem esse protagonismo histórico. Por isso, a Coalizão Brasil reafirma que a ambição do país nessa agenda climática precisa ser expressiva e permanente. Algo importante não somente para a comunidade internacional, mas também para o país consolidar-se como uma das maiores economias do mundo.”

A seguir, as medidas propostas

Imagem de abertura: GABRIELA BILO/ESTADAO.

Fonte: https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,coalizao-de-empresas-e-ongs-cobra-do-governo-ampliacao-de-meta-climatica-e-reducao-do-desmate,70003674334.

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