TV Bandeirantes exibe série sobre a expedição do jornalista João Lara Mesquita ao polo Sul
por Lucas Nobile
A cruzada obstinada, e muitas vezes solitária, do jornalista João Lara Mesquita pela preservação do meio ambiente vai cada vez mais longe. Sete meses após lançar a série Mar Sem Fim, em uma caixa com quatro DVDs (Lua Music, R$ 150), registrando as agressões à natureza visíveis ao longo de toda a costa brasileira, agora observa os ecos de sua batalha soarem muito além das fronteiras do País. Estreia neste domingo, 14, na TV Bandeirantes a série que ele fez sobre sua expedição à Antártica. Ao todo, serão cinco documentários de uma hora cada, exibidos a partir das 22h30, sempre aos domingos.
Após consultar especialistas sobre os riscos da viagem, João Lara preparou-se por um ano, em território brasileiro, antes de seguir viagem. Com os riscos do percurso relativamente calculados, o jornalista partiu do porto de Rio Grande no dia 25 de outubro do ano passado até atracar no Iate Clube de Ushuaia. Depois de costear os litorais da Argentina e do Uruguai e de atravessar os canais da Patagônia, ele e sua equipe cruzaram o estreito de Drake, sendo o terceiro barco brasileiro – e a menor embarcação a motor do mundo – a fazer o percurso para chegar à Antártica.
Diferente da série de 2009, que frutificou em caráter didático, sendo utilizada por professores na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal do Ceará, João Lara não espera o mesmo para os programas do Mar Sem Fim: Viagem à Antártica. “Acho mais difícil que cheguem às universidades porque os anteriores, feitos na costa brasileira, foram bem mais minuciosos, por causa da quantidade de pequenas vilas que visitamos. Eu já ficaria contente se os documentários deixassem uma sementinha que ajude a conscientizar as pessoas sobre a importância da Antártica. Elas pensam que a região é muito distante e que o que ocorre por lá não tem problema. Mas o que se faz aqui, afeta lá”, comenta João Lara Mesquita.
Um dos destaques da série é a visita feita pelo jornalista e sua equipe à base brasileira Comandante Ferraz, instalada na Antártica para pesquisas. Mesmo com um foco socioambiental relativamente menor do que o dado à expedição pela costa do Brasil – inclusive mostrando menos o dia a dia das pessoas por se tratar de região bem menos povoada -, João Lara conseguiu estabelecer uma comparação entre a base brasileira e as estrangeiras, dando-se conta da missão comprometida e eficiente dos pesquisadores nacionais.
“Fiquei impressionado. Foram duas semanas na Comandante Ferraz, e as autoridades brasileiras demonstraram uma preocupação ambiental enorme, até nos pequenos detalhes de como não agredir a paisagem local. É um trabalho muito sério que se faz. A base brasileira é referência na América do Sul, mesmo com os argentinos e chilenos estando na região há mais tempo. Esses países mantêm-se presentes lá mais por uma questão territorial, diferente da base do Brasil”. Os programas prometem um desfile de paisagens deslumbrantes, com a expedição percorrendo locais como o Estreito de Magalhães, o Canal de Beagle, o Cabo Horn, a Terra do Fogo e Ushuaia.
Publicação original: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,mar-sem-fim-uma-batalha-em-defesa-da-antartica,523761,0.htm