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Manguezais cubanos gritam de sede

Manguezais cubanos gritam de sede

Manguezais cubanos gritam de sede. Surgidero de Batabanó, Cuba, – Na década de 1960 o governo de Cuba considerou que o armazenamento de água doce para enfrentar secas e furacões era um assunto de segurança nacional. E começou a represar rios.

Manguezais cubanos gritam de sede e já não conseguem barrar avanço das ondas

Essa política tem uma vítima impensada: os manguezais. Eles já não conseguem barrar o avanço das ondas. O mar engoliu o velho caminho que ligava as praias de Batabanó e Mayabaque, no sudoeste de Cuba. Nos últimos 50 anos foram perdidos mais de cem metros de terra. O debilitado mangue, que recebe água doce a conta-gotas, não conseguiu evitar a perda.

Excesso de água doce também mata manguezais

O Mar Sem Fim lembra que excesso de água doce também mata mangues. Este fato ocorre há mais de 20 anos no Lagamar, Sul de São Paulo, sem que as ‘ótoridades’ tomem qualquer providência além de jogaram a culpa uns nos outros.

Mangues moribundos em Cayo Jutía, província de Pínar del Rio. Foto: Jorge Luis Baños/IPS.

Furacão Ike empurrou o mar um metro e meio costa adentro

“Os mangues se deterioraram tanto que, em 2008, o furacão Ike empurrou o mar um metro e meio costa adentro. E ele  não mais retrocedeu. Continuou avançando”, disse à IPS Flora Yau, moradora de Surgidero de Batabanó.

A debilidade dos mangues

A debilidade se deve ao fato de não receberem como antes a água doce, represada terra adentro, explicou à IPS a pesquisadora e bióloga Leda Menéndez. “As represas cortam a circulação natural da água”. O mangue, que representa 20% das florestas da ilha, precisa da união e do movimento constante de água doce e salgada para se desenvolver.

Manguezais cubanos gritam de sede: rios cubanos represados

A maioria dos rios cubanos está represada. No total há 969 represas.  A vasta armazenagem se deve a uma política dos anos 1960, quando o governo considerou que se tratava de um assunto de segurança nacional que permitiria enfrentar secas e furacões. “Em alguns locais, se queremos que o mangue prospere, é preciso lhe dar um pouco de água das represas” afirmou Menéndez.

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Florestas costeiras funcionam como escudo protetor

É um passo inquestionável para fortalecer as florestas costeiras. Elas  funcionam como escudo protetor da vida na terra firme diante de desastres naturais e outros fenômenos vinculados à mudança climática. Esses ecossistemas, que são 4,8% do território cubano, estão se transformando por causa da construção de canais e diques. Pelo desmatamento, pelo solo salgado e pela contaminação industrial.

Ministério da Agricultura proibiu exploração dos mangues

Em Cuba, o Ministério da Agricultura proibiu, em dezembro de 2012, a exploração dos mangues. Uma medida de adaptação ao aquecimento global. “A mudança climática foi o disparador do interesse em conservar os mangues”, pontuou Menéndez. “Os seres humanos necessitam deles para salvaguardar os lugares onde se desenvolve a vida e a economia”.

Serviços ambientais do mangue:  cruciais

No contexto do aquecimento, os serviços ambientais do mangue se tornam cruciais: evitam a erosão das costas, permitem o desenvolvimento da fauna marinha e, portanto, da pesca, impedem a entrada de água salgada em terrenos agrícolas e fontes de água, detêm o avanço das inundações e conserva a biodiversidade. “Se desmatarmos os mangues, o mar avançará com maior intensidade”, explica aos seus alunos de Batabanó o professor de geografia Miguel Díaz.

Solos agrícolas próximos da costa: cada vez mais salinos

Além da perda de terras, os solos agrícolas próximos da costa estão cada vez mais salinos, e as inundações se transformam no pão de cada dia. “Quando vamos recolher lixo, vemos que a areia está afetada porque é retirada para construir, há árvores cortadas e mais coisas danificadas”, lamenta a aluna Roxana Vitres, uma dos 32 estudantes da escola Bac-Ly de Surgidero.

‘Precisamos de uma equipe forte de guardas florestais’

Essas crianças e adolescentes aprendem ecologia, controlam e fazem saneamento ambiental da região mediante o programa SOS Manguezais, coordenado pelo Museu de História de Batabanó, o centro local da organização não governamental Pronatureza e autoridades da educação. Efraín Arrazcaeta, coordenador do programa e ativista da Pronatureza, afirmou à IPS que “precisamos de uma equipe forte de guardas florestais para reduzir as incidências e que sejam mantidos limpos os canais do Dique Sul”.

A partir de matéria de Ivet González, da IPS

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