Especulação no litoral brasileiro, o domínio da destruição
A especulação no litoral é uma força tremenda. Comandada por empresários, políticos, e algumas das pessoas mais ricas do país, ela destrói a beleza cênica e demole a biodiversidade marinha.
Especulação no litoral: falta vontade política para cessar a destruição
Não há vontade política para enfrentar os “poderosos”. Por outro lado, a maior parte da população “dá de ombros”, não reclama. Assim, a cada dia que passa mais uma praia é “privatizada” enquanto outras têm sua beleza destruída por hotéis, condomínios, e casas de segunda residência que ocupam locais proibidos, os ecossistemas costeiros. Entre eles, dunas, restingas, manguezais aterrados, e até costões rochosos.
Ricos de São Paulo e Rio de Janeiro se unem em condomínio super, híper, irregular
Se você pensou no condomínio Laranjeiras, acertou. Ali se reúnem aos fins de semana, feriados, e férias, parte considerável do PIB brasileiro. Toda a área é fruto do egoísmo de alguns e cegueira de outros. Laranjeiras é a coroação do ilícito. Dediquei parte considerável do programa sobre a APA do Cairuçu ao caso. Em Laranjeiras os nativos não foram apenas expulsos, foram igualmente proibidos de atravessar a área sem antes serem revistados por guardas armados, vestidos com coletes a prova de bala. Quem deveria usa-los, para se proteger, são os caiçaras da praia do Sono obrigados a passar por este humilhante ritual determinado por aqueles que burlam a lei. Como disse Tom Jobim, “o Brasil não é para amadores”. Ou é?
Como destruir uma praia
Governo federal não tem condições de fiscalizar. É preciso um novo modelo antes que não sobre pedra sobre pedra.
Governo federal não tem condições de manter uma fiscalização decente, nem mesmo dentro das próprias Unidades de Conservação constantemente destruídas pela falta de fiscalização. Mesmo que quisesse não haverá dinheiro suficiente. Além do Brasil estar quebrado, faltam investimentos em saúde, educação, segurança, infra-estrutura, saneamento básico, entre outros. Onde achar dinheiro para fiscalizar o litoral?
O único modo é ter coragem e mudar o modelo. Vejo algumas opções: estimular ainda mais as RPPNs (vide o exemplo da RPPN Salto Morato, um exemplo a ser seguido), fazer Parcerias Público Privadas, e passar as UCs com potencial turístico para a iniciativa privada. Ao menos naquelas que têm condições de receber público como os muitos (e abandonados) Parques Nacionais Marinhos. Com o dinheiro arrecadado por turistas talvez fosse possível investir naquelas que não têm este potencial, como as ESECs, Rebios, Monas, etc.