Especulação imobiliária em Areia Branca, RN, desagrada moradores de das comunidades de São Cristóvão, Redonda e Morro Pintado
O site Mar Sem Fim recebeu denúncia de moradores do litoral esta semana. Mais uma vez a especulação imobiliária está dando as cartas no do Nordeste. Desta vez acontece no município de Areia Branca, 28 mil habitantes, no Rio Grande do Norte.
Energia eólica também irrita moradores além da especulação
O problema não se resume à especulação que, aos poucos, expulsa moradores de suas áreas. As torres de energia eólica, tão importante por ser energia limpa, é outro dos motivos de descontentamento. Como este site já denunciou, em muitas praias nordestinas, mas não apenas, na região Sul também acontece, estão sendo erguidas torres enormes praticamente na orla, detonando a paisagem que demorou eras para se formar. Se fossem colocadas poucos quilômetros para dentro receberiam o mesmo vento e não estragariam a beleza cênica, um bem que é de todos, e deveria ser protegido por todos. Mas como o Brasil é o Brasil….isso nem sempre acontece. Ninguém divida da importância da energia eólica, e do potencial do Nordeste para elas. Ao instala-las, as empresas geram empregos e melhoram a matriz energética do Brasil. Mas não têm o direito de detonar a paisagem.
Outra empresa que investiu em energia eólica em Areia Branca foi a Voltalia Energia do Brasil. De acordo com matéria do G1 foram instalados 30 aerogeradores com uma potência unitária de 3.0MW, totalizando 90MW e gerando aproximadamente 400.000 MWh por ano, o suficiente para atender mais de 183 mil famílias.
Ceará proíbe torres de energia eólica nas praias
As praias do Ceará eram outras que estavam sendo detonadas pelas torres eólicas. Esta semana recebemos informações de amigos da resex Prainha do Canto Verde, René Scharer, de que o estado do Ceará agora só permite a instalação cinco quilômetros da praia para o interior. Vamos seguir este exemplo? Este local do litoral do Ceará, a Prainha do Canto Verde, sofre dos mesmos problemas: especulação, violência, e instalação de torres eólicas na beira do mar. Eles se uniram, reagiram, como o pessoal de Areia Branca, e estão conseguindo vitórias. O Mar Sem Fim exorta à todos para seguirem estes exemplos.
“A praia é do povo”
Este é o mote da campanha dos moradores de São Cristóvão, Redonda e Morro Pintado, todas comunidades de Areia Branca. De acordo com matérias que recebemos,
a população que vem se manifestando desde o ano passado, mas agora realizará o Sarau da Resistência na praça de São Cristóvão
Isso é o que todos os nativos do litoral deveriam fazer ao se sentirem preteridos. Resistir, pressionar, chamar a atenção. Não há outro meio que não esse. Se cada um não defender seus direitos, quem o fará?
O movimento conta com a participação de artistas, ambientalistas, o projeto interdisciplinar SERTÃO da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), e associações comunitárias e frequentadores da praia.
Como começou o processo de especulação em Areia Branca?
De acordo com um dos líderes do movimento, Mizaelly Monteiro, que faz parte da diretoria da Associação de Desenvolvimento Comunitário de São Cristovão – ADESC, organizadora do evento,
estão querendo construir condomínios que vão atingir as dunas, cajueiros e até mesmo as falésias. Além disso, fizeram derrubadas de cercas, de barracos na praia e pertences foram tomados, ameaçando pessoas da comunidade também. Queremos nossos direitos assegurados, não só o direito de morar e a posse dos nossos terrenos, mas a proteção da nossa praia
Segundo a denúncia, tudo começou quando a a empresa Faculdade de Enfermagem e de Medicina Nova Esperança (Facene) alegou ter adquirido as terras de toda a região em um leilão da antiga empresa Agrícola Dunas.
Mizaelly Monteiro acrescenta que
desde março de 2016 que participamos de audiências, reuniões e o sarau será um momento de reunir a comunidade e uma forma de chamar atenção da sociedade. Não estamos parados. Precisamos de apoio e proteção. Não podemos deixar que cheguem aqui e mudem tudo
Mizaelly não é o único a reclamar. Cristiano Calheiro, presidente da Associação de Desenvolvimento Econômico e Comunitário de São Cristóvão (ADESC), explicou que a Facene já cercou alguns locais impedindo a livre locomoção e circulação dos moradores. E acrescentou:
Até barracos de pescadores próximos à praia chegaram a ser derrubados em uma das investidas desse grupo
Matéria do site Voz de Areia Branca informou que o deputado estadual Souza Neto (PHS) participou de discussões sobre o assunto nas duas comunidades e levou lideres comunitários para audiências na capital do estado com o intuito de conter a demarcação indevida de terras.
Saiba mais sobre a especulação imobilizaria, chaga do litoral brasileiro.