Maria Tereza Jorge Pádua, lenda viva do ambientalismo nacional.
Entrevista com Maria Tereza Jorge Pádua, parte II: nesta segunda parte de nossa conversa Maria Tereza fala da pouca estrutura de nossas UCs, e explica os motivos da situação atual: criaram UCs e não compraram as terras. Ou seja, não indenizaram os antigos proprietários até hoje.
Militares compraram cerca de 2 milhões de hectares
Curiosamente ela lembra que no início de seu trabalho, época da ditadura que ela não quer de volta, quando estava no IBDF, ” os militares compraram cerca de 2 milhões de hectares ao decretarem áreas protegidas.” Maria Tereza deixa claro que não é saudosista, nem favorável àqueles tempos sombrios.
Perguntei se depois da redemocratização ela poderia apontar algum governo que se sobressaiu na questão ambiental. A resposta não foi animadora: “a Lei do SNUC faculta que 0,5% dos grandes empreendimentos deve ser usado para comprar terras como as dos Parques Nacionais, Rebios, ou ESECs. Mas não se faz nada”, diz indignada.
Orçamento do ICMBio
E conclui: “o orçamento do ICMBio é de 200 milhões reais por ano, ou seja, mal paga a folha de pagamentos… ” Segundo a ambientalista não seria preciso tanto para encerrar de vez com as indenizações paradas há anos. “São 2 bilhões de reais para regularizar tudo. Um novo estádio de futebol, ou uma hidrelétrica, seriam suficientes para quitar a dívida.”
Poder Legislativo e autoridades do Executivo
Para Maria Tereza o pior não é ação do MMA ou o ICMBio, “mas a do Poder Legislativo, e autoridades maiores do Executivo, que ameaçam constantemente as UCs com projetos de mineração entre outros.”
ONGs que fazem a diferença
Entre as ONGs que fazem a diferença Maria Tereza cita a FUNATURA e seu excepcional trabalho no Parque Nacional do Jaú, na Amazônia; a Fundação Museu do Homem, de Niède Guidon, na Caatinga; a Fundação Grupo O Boticário e suas RPPNs, “modelos de boa gestão”, e o “SESC que mantém a maior RPPN do Brasil” no Pantanal.