Energia eólica no Brasil, o futuro está no mar
A energia eólica cresce no mundo, e avança no Brasil. Uma década atrás o País contava com meros 1,5 GW (Gigawatts) instalados. Hoje a energia eólica é a segunda maior fonte, atrás apenas das hidrelétricas. Entretanto, o grande potencial ainda nem começou: a energia eólica offshore. Empresas aguardam o novo marco regulatório do setor. Enquanto ele não vem, o Ibama já recebeu mais de 20 projetos de licenciamento para empreendimentos nas águas que banham sete Estados brasileiros.
Energia eólica no Brasil, o futuro está no mar
A energia eólica representa hoje 10% da matriz elétrica nacional, ou 19 GW. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica– temos 726 parques e mais de 8.500 aerogeradores em operação.
Para chegar a este percentual, diz a ABEEólica, o setor investiu R$ 13,6 bilhões; as plantas offshore devem ampliar os investimentos nos próximos anos.
A entidade estima que em 2024 o Brasil alcançará 30,2 GW de potência. Entretanto, estudo da Empresa de Pesquisa Energética – EPE –, Roadmap Eólica Offshore Brasil, diz que ‘existe potencial para abastecer o País com 700 Gigawatts a partir da Zona Econômica Exclusiva, em locais com até 50 metros de profundidade’.
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Fátima não estava só. Segundo o site clickmacae, ‘em 2020 a empresa Equinor iniciou o licenciamento no Ibama dos parques eólicos offshore Aratu I e Aratu II. O plano é instalar o primeiro parque eólico no litoral do Rio de Janeiro e o segundo entre os Estados do Rio e Espírito Santo’.
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‘Ambos ficarão a cerca de 20 km da costa, em profundidades entre 15 e 35 metros. Ao todo serão 320 aerogeradores, 160 por parque, e cada um com capacidade nominal de 12MW’.
Ou seja, há uma corrida atrás do novo ‘Santo Graal’.
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A energia eólica offshore cresce no mundo favorecendo o Brasil pela queda no custo da tecnologia e insumos, 85% dos quais já são produzidos por aqui. Mas especialistas apontam que há desafios. Um deles é a competitividade já que o custo dos parques offshore é bem superior aos terrestres.
E não é o único entrave. Haverá conflitos de uso com a navegação e a pesca, no mínimo. A ver como serão superados.
Petrobras quer projeto-piloto para eletrificação de plataformas
Apesar de tudo, a demanda não para de aumentar. Segundo o jornal Valor Econômico, de maio de 2021, ‘a Petrobras solicitou ao Ibama a licença ambiental para instalação do projeto-piloto de uma torre eólica offshore no campo de Ubarana, litoral do Rio Grande do Norte’.
‘Com 5 MW de potência nominal, ela será conectada através de um cabo submarino elétrico-óptico à plataforma de Ubarana 3 e terá equipamentos para mensurar o potencial da região, já estimado em 140 MW no RN e CE’.
‘O objetivo é desenvolver conhecimento que pode, eventualmente, ser aproveitado para eletrificação de plataformas de petróleo’.
A instalação offshore provocará danos à vida marinha?
Para responder com mais certeza é preciso aguardar o novo marco regulatório. Porém, em nossa pesquisa na net descobrimos que as regras para a instalação das torres estão na NORMAM 11, da Diretoria de Portos e Costas da Marinha.
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O site antecipa como seriam a instalação dos equipamentos no meio do mar. E como qualquer intervenção humana nesta sensível região, ela pode, sim, provocar danos se for mal feita.
Esperamos que sejam os menores possíveis, porque nenhum país com saída para o mar pode dispensar a energia eólica offshore em tempos de aquecimento global desembestado.
Torres na plataforma continental
As plataformas continentais, parte mais produtiva e sensível dos oceanos, representam menos de 10% da área total dos oceanos. No entanto, a maioria das plantas, animais e algas do oceano vivem nelas devido à abundância de luz solar, águas rasas e sedimentos ricos em nutrientes que fluem para eles a partir das fozes dos rios.
É neste ambiente que serão criados os parques eólicos. Um ambiente responsável pelo início da vida marinha de, no mínimo, 90% das espécies marinhas do planeta. É preciso que o licenciamento seja rigoroso porque não se trata apenas d fincar uma torre no mar.
O proceso implica em:
A) Gerador Eólico (ou torre).
B) Estação Transformadora, estrutura localizada dentro ou fora do Parque Eólico Marítimo na qual os WTG estão conectados por meio de cabos elétricos.
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C) Estrutura Periférica Significativa (SPS), ou o gerador eólico localizado em um dos vértices de um Parque Eólico retangular ou em outro ponto notável na sua periferia.
Ou seja, para cada novo parque um trecho da plataforma continental será bastante alterado. Que o licenciamento ambiental destas obras seja célere, e eficaz, é a nossa torcida. Uma coisa é certa, não podemos dispensar a energia eólica offshore.
Ainda sobre possíveis danos à vida marinha
Em nossa pesquisa para este post encontramos um site de advogados especializados em Direito Marítimo, o KINCAID – Mendes Vianna Advogados, que abordou o assunto.
“A necessidade de mitigar os danos ambientais está na mira do Ibama e do Conama, que vêm modernizando as regulamentações para dar conta do uso de novas tecnologias. Uma das normas prevê o uso de tubulações de oito metros de diâmetro, fundeadas em 40 metros de areia para alicerçar as plataformas, que devem manter a distância mínima de 1,5 quilômetro de uma a outra. Um enrocamento submerso (conjunto de blocos de pedra lançados uns sobre os outros) ajuda a evitar a erosão causada pelo mar.”
Agora temos que aguardar a promessa do ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que garantiu apresentar uma regulamentação para investimentos em usinas eólicas no mar até o fim de 2021.
Potencial de investimentos da energia eólica offshore no Brasil
O senador Jean-Paul Prates (PT-RN), que apresentou o projeto de lei que visa estabelecer o marco regulatório para futura exploração de usinas eólicas offshore no Brasil, diz que o potencial é de ‘bilhões em investimentos’.
E ele não exagerou. Conforme documento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Ceará tem três projetos de investimento no setor.
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Segundo o Diário do Nordeste, ‘nos cálculos do presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará (CS Renováveis), Jurandir Picanço, o conjunto deve indicar um investimento total de cerca de RS 37,6 bilhões no Ceará’.
Imagine o investimento total para os 20 projetos já apresentados! Nossa matriz elétrica renovável limpa aumentará ainda mais.
É muito triste, com todo este potencial só em energia offshore, termos um governo perdido em brigas mesquinhas urdidas para desviar a atenção da coleção de fracassos que Bolsonaro colhe na Saúde, Educação, Economia, Meio Ambiente, etc.
Não fosse a inépcia de Bolsonaro, e sua brutal incapacidade de propor uma agenda mínima, o Brasil poderia liderar a descarbonização ganhando credibilidade e simpatia nos fóruns internacionais.
E muitos bilhões em investimentos para amenizar o dramático quadro econômico provocado omissão do governo em cumprir minimamente suas promessas de campanha: reformas estruturais, enxugamento do Estado, redução da carga tributária (kkkk…) privatizações, etc.
O rastro maior desta deliberada omissão são 15 milhões de desempregados; a fome se alastrando a cada alta da inflação que tem sido semanal, ameaça de apagão, e perspectivas ainda mais sombrias para 2022. Mas não se preocupe. O posto Ipiranga jura que o crescimento da economia será em V.
Imagem de abertura: https://gwec.net/.
Fontes: https://www.canalenergia.com.br/noticias/53176883/brasil-chega-a-19-gw-de-capacidade-instalada-de-energia-eolica; https://epbr.com.br/raio-x-das-eolicas-offshore-em-licenciamento-no-brasil/; https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2021/05/26/projetos-offshore-aguardam-definicoes-regulatorias.ghtml; https://clickmacae.com.br/noticias/18594/raiox-das-eolicas-offshore-em-licenciamento-no-brasil; https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/negocios/projetos-de-energia-eolica-offshore-podem-injetar-r-37-6-bi-no-ce-1.2208106.