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Carbono azul, manguezais, e as mudanças do clima

Carbono azul, manguezais, e as mudanças do clima

Segundo a revista Fapesp, ‘um estudo realizado em 2018 por pesquisadores do Brasil e Estados Unidos verificou que na Amazônia cada hectare de manguezal contém uma quantidade de carbono duas vezes maior que a mesma área de floresta. No Nordeste, 1 hectare de mangue armazena ao menos oito vezes mais carbono que 1 hectare de vegetação da Caatinga’. Carbono azul, manguezais, e as mudanças do clima.

imagem de manguezal
Mangue vermelho em Santa Catarina.

De acordo com a Fapesp, a equipe foi coordenada por Jon Boone, da Universidade Estadual do Oregon, e Angelo Bernardino, da Universidade Federal do Espírito Santo. Este é outro dos serviços sistêmicos do manguezal, e só isso já justificaria a sua proteção. Mas a pesquisa, publicada em maio de 2018 na Ecology and Evolution, descobriu mais.

‘No Nordeste, a conversão de 1 hectare de manguezal em fazenda de camarão emite cerca de 10 vezes mais gás carbônico do que a queima de 1 hectare de floresta continental’.

No Brasil a proteção aos mangues está na mão da Justiça

Causou estupefação recente medida do ‘ministro’ do Meio Ambiente que retirou a proteção aos manguezais e restingas. A decisão foi tão combatida que acabou na Justiça. A  ministra do STF, Rosa Weber, atendendo ação movida pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) suspendeu a decisão do CONAMA que retirou a proteção aos mangues e restingas.

Agora temos que esperar a posição do plenário do Supremo. Ao que tudo indica, ele deve confirmar a decisão. Enquanto aguardamos, este site dá sua contribuição explicando em mais detalhes mais esta contribuição do mangue, o segundo mais importante ecossistema marinho.

Blue Carbon ou Carbono Azul

Por esta importante contribuição para mitigar o aquecimento global surgiu a expressão Blue Carbon, ou Carbono Azul. Significa o carbono capturado pelos ecossistemas costeiros do mundo.

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Manguezais, ao lado das gramas marinhas e de pântanos salgados ao longo do litoral, sequestram e armazenam carbono “azul” da atmosfera durante o processo de fotossíntese. Por isso são peça essencial da solução para a mudança climática global.

Gramas marinhas. Imagem, ocean.si.edu/.

Embora atualmente estes ecossistemas cubram menos de 2% da área total do oceano, eles respondem por quase 50% do carbono total armazenado nos sedimentos oceânicos.

E por que estes ecossistemas retêm o dióxido de carbono? Porque os solos debaixo da água têm níveis baixos de oxigênio o que contribui para que fiquem estocados.

Sistemas costeiros e florestas tropicais como agentes que sequestram carbono

O site da NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration – diz que ‘Os sistemas costeiros, embora muito menores em tamanho do que as florestas do planeta, sequestram esse carbono em um ritmo muito mais rápido e podem continuar a fazê-lo por milhões de anos. A maior parte do carbono absorvido por esses ecossistemas é armazenado abaixo do solo.’

O ciclo do carbono e seus benefícios. Ilustração, https://blueocean.net/.

O mesmo site alerta que ‘quando esses sistemas são danificados, uma enorme quantidade de carbono é emitida de volta para a atmosfera, onde pode então contribuir para as mudanças climáticas. Portanto, proteger e restaurar os habitats costeiros é uma boa maneira de reduzir as mudanças climáticas’.

A UNESCO confirma: ‘O total de depósitos de carbono por quilômetro quadrado nesses sistemas costeiros pode ser até cinco vezes maior do que o carbono armazenado em florestas tropicais. Sua capacidade de absorver (ou sequestrar) o carbono pode chegar a uma proporção até 50 vezes maior do que na mesma área de floresta tropical’.

Estas informações são importantes para que o público não especializado saiba o que está em jogo quando medidas polêmicas e sem embasamento técnico são tomadas. Nossa intenção é dar mais subsídios para que você forme uma opinião.

A importância dos mangues para mitigar o aquecimento é de tal ordem que foi criada a…

The Blue Carbon Initiative

É uma Iniciativa  coordenada pela Conservation International (CI), União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (IOC-UNESCO).

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O mapa mostra onde estão os ecossistemas do carbono azul pelo mundo. Ilustração, www.thebluecarboninitiative.org/.

Um programa global que trabalha para mitigar as mudanças climáticas por meio da restauração e do uso sustentável dos ecossistemas costeiros e marinhos.

A iniciativa atualmente se concentra em manguezais, pântanos marinhos e ervas marinhas. A Blue Carbon Initiative reúne governos, instituições de pesquisa, organizações não governamentais e comunidades de todo o mundo.

Enquanto o mundo trabalha para restaurar seus mangues o Brasil os ameaça promovendo a especulação, e protegendo a carcinicultura que extirpa mangues nordestinos.

Assista ao vídeo, saiba como funciona o sequestro de carbono, e note a censura às fazendas de camarão

Imagem de abertura: Mangue vermelho em Santa Catarina

Fontes: https://revistapesquisa.fapesp.br/manguezal-armazena-mais-carbono-que-floresta/#:~:text=Um%20estudo%20realizado%20por%20pesquisadores,Letters%2C%205%20de%20setembro; https://oceanservice.noaa.gov/facts/bluecarbon.html; http://www.unesco.org/new/pt/rio-20/single-view/news/blue_carbon_a_tool_to_mitigate_climate_change_and_preserve/; https://www.thebluecarboninitiative.org/.

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